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domingo, 29 de janeiro de 2012
"Kit crack" é distribuido na Europa - saída contra a droga
Europa busca saídas
contra o crack
Londres,
Amsterdã, Zurique e Madri estão entre as cidades mais afetadas pelo consumo da
droga, que avança em subúrbios e guetos
29/01/2012 -
Jamil Chade, Genebra - O Estado de S.Paulo
Salas para
relaxar, equipamento esterilizados de inalação de drogas e até a distribuição
de um "kit crack". Essa é a abordagem que autoridades passaram a ter
com dependentes do subproduto da cocaína na Europa, que, nos últimos anos,
avançou de forma inquietante nos subúrbios e guetos mais marginalizados das
grandes metrópoles.
Londres,
Amsterdã, Zurique e Madri estão entre as cidades mais afetadas pelo fenômeno,
que, segundo os especialistas, é recente na Europa e vem ganhando dimensões
preocupantes diante da crise que não cede.
Por anos, a
questão era considerada um problema que se limitava aos Estados Unidos e a
países latino-americanos. Ainda hoje, a União Europeia (UE) estima que o crack
é "muito raro entre os usuários de cocaína socialmente integrados".
O problema é
que, com o reconhecimento da existência da pobreza nas periferias das grandes
cidades europeias e da taxa recorde de desemprego, revelou-se também a
existência do crack, penetrando de forma importante entre a parcela da
população mais pobre e entre desempregados, sem-teto e grupos étnicos
minoritários. Nesses guetos, muitas vezes a poucos quilômetros de centros
sofisticados das finanças internacionais, o crack é uma realidade europeia.
Bruxelas
admite ainda ter poucos dados sobre quantos são os usuários. Mas já chama a
atenção para bolsões onde a incidência é alta.
Em seu mais
recente relatório sobre a situação das drogas na Europa, publicado em novembro,
a UE alerta que, em Londres, "o uso do crack é considerado como um
componente maior do problema das drogas nas cidades".
A estimativa
de 2010 era de que a Inglaterra contava com 189 mil usuários de crack - quase 6
casos a cada mil habitantes. Para as autoridades, esses números levaram vários
governos a estabelecer programas para tratar esses dependentes.
Em praticamente
todos eles, a estratégia em relação aos consumidores não é a intervenção
policial, mas a oferta de tratamentos de saúde.
Iscas
Na Alemanha,
cidades como Hamburgo e Frankfurt criaram "salas de inalação" para os
consumidores, na esperança de reduzir os riscos associados ao vício e, pouco a
pouco, substituir a droga. Inaladores desinfetados passaram a ser oferecidos
pelas autoridades, enquanto o viciado se compromete a passar por um tratamento
de saúde oferecido pelas prefeituras.
Segundo um
funcionário de uma dessas salas em Frankfurt, esses locais foram criados como
uma espécie de "isca" para que as autoridades possam atrair os
viciados e, a partir do contato e da confiança, estabelecer programas para
desintoxicação.
"A
orientação é a de nunca chegar e exigir que o viciado passe por um tratamento.
Isso raramente funciona", conta o funcionário, que pediu para manter o
anonimato.
Desafio
A União
Europeia, em seu relatório de novembro, não esconde que o usuário de crack
representa um "desafio" para os serviços de saúde. Esses viciados são
os mais marginalizados na sociedade e com história com drogas de maior duração.
"Aos que
chegam ao local, damos conselhos médicos e assistência psicológica. Para alguns
que não têm onde dormir, oferecemos ainda camas para passar a noite",
explica. "Quando esse viciado entende que há uma chance de ele melhorar,
nosso trabalho de tratamento é imensamente facilitado", diz. Questionado
se o local era visitado pela polícia, o especialista perguntou: "Para que
a polícia viria?"
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