AVC: 90% dos riscos vêm de apenas 10 causas
Pesquisa
em 22 países mostrou que hipertensão é líder absoluta entre elas
The New York Times | 18/06/2010 16:06
Um estudo internacional constatou que apenas 10 fatores de risco são
responsáveis por 90% do risco de acidente vascular cerebral (AVC), sendo a
hipertensão o fator de risco mais potente para a ocorrência do problema.
Dessa lista, cinco fatores normalmente ligados ao estilo de vida – pressão
alta, fumo, gordura abdominal, dieta e inatividade física – são responsáveis
por 80% do risco de AVC, disseram os pesquisadores.
Foto: Getty Images
Hipertensão: o mais importante fator de risco para AVC pode ser combatido com controle e medicamentos
As conclusões são do estudo “Interstroke”, feito com 3 mil pessoas que
tiveram AVCs e um número igual de indivíduos sem histórico do problema em 22
países. A pesquisa foi publicada hoje no jornal The Lancet. O estudo, que
também foi apresentado no Congresso Mundial de Cardiologia em Pequim, China,
atesta que os 10 fatores significantemente associados com o risco de AVC são:
hipertensão, fumo, inatividade física, gordura abdominal, dieta rica em
gorduras, diabetes, consumo de álcool, estresse, depressão e problemas
cardíacos. Dentre estes, pressão alta foi o mais importante, responsável por um
terço de todo o risco de AVC.
“É importante ressaltar que a maior parte dos fatores de risco associados
aos acidentes vasculares cerebrais é modificável” disse Martin J. O’Donnell,
professor associado de medicina na Universidade McMaster, do Canadá, e um dos
autores da pesquisa. “Se eles são controláveis, isso pode ter um impacto
considerável na incidência de AVCs”.
Controlar a pressão sanguínea é importante, disse o médico, pois ela
exerce um papel importante nas duas formas de acidente vascular cerebral: o
isquêmico – causado pelo bloqueio de algum vaso sanguíneo – e o hemorrágico, no
qual um vaso cerebral se rompe. Já os altos níveis de colesterol na corrente
sanguínea são importantes no aumento do risco de AVC isquêmico e não
hemorrágico, esclarece o especialista.
“A coisa mais importante da hipertensão é o fato dela ser controlável. A
pressão sanguínea é relativamente fácil de ser medida e existem hoje vários
tratamentos para essa condição. Alterações no estilo de vida para controlar a
pressão incluem a redução do consumo de sal e adoção ou aumento da atividade
física” disse O’Donnell.
O médico acrescentou que os outros fatores de risco que estão entre os
“top 5” na ocorrência de AVCs – fumo, gordura abdominal, alimentação rica em
gorduras e pobre em fibras e inatividade física – também são modificáveis.
Alimentação rica em frutas e peixes, por exemplo, foi associada a um baixo
risco de AVC, de acordo com o estudo.
Os pesquisadores
apontaram ainda algumas potenciais limitações do estudo, incluindo o tamanho da
amostra, que eles mesmos classificaram como “talvez inadequada para prover
informações confiáveis” sobre a importância de cada fator de risco em
diferentes regiões e grupos étnicos do planeta.
Muitos dos mesmos fatores de risco já aparecerem em outros estudos, mas este foi o primeiro estudo sobre o risco para AVC a incluir participantes de baixa e média renda de países em desenvolvimento e a incluir uma tomografia computadorizada de todos os participantes que eram sobreviventes de AVCs, disseram os pesquisadores.
Muitos dos mesmos fatores de risco já aparecerem em outros estudos, mas este foi o primeiro estudo sobre o risco para AVC a incluir participantes de baixa e média renda de países em desenvolvimento e a incluir uma tomografia computadorizada de todos os participantes que eram sobreviventes de AVCs, disseram os pesquisadores.
Segunda fase
Os países participantes do estudo foram Argentina, Austrália, Brasil,
Canadá, Chile, China, Colômbia, Croácia, Dinamarca, Equador, Alemanha, Índia,
Irã, Malásia, Moçambique, Nigéria, Peru, Filipinas, Polônia, África do Sul,
Sudão e Uganda.
O estudo “Interstroke” confirmou que a hipertensão “é a principal causa de
AVC em países em desenvolvimento”, assim como em nações desenvolvidas, escreveu
Jack V. Tu, da Universidade de Toronto, no Canadá, em um editorial que
acompanha a pesquisa divulgada no Lancet. Ele acrescentou que o estudo
evidenciou a necessidade das autoridades dos países participantes de
desenvolver estratégias para reduzir a hipertensão e outros fatores de risco.
Uma segunda fase do estudo está em andamento. Nela, os pesquisadores estão
estudando a importância dos fatores de risco para o AVC isquêmico em diferentes
regiões e grupos étnicos. Eles também estudam a associação entre a genética e o
risco de AVC. O plano é recrutar 20 mil voluntários.
Para Larry B. Goldstein, diretor de um centro especializado em AVC, ligado
à Universidade de Duke, nos Estados Unidos, o estudo destacou ainda mais o que
já se sabia sobre os riscos para o problema.
“Em resumo, agora
sabe-se que os riscos são bastante semelhantes tanto em países em
desenvolvimento quanto em países desenvolvidos. Os resultados reiteram a
importância de darmos atenção à influência do estilo de vida no risco para o
AVC” disse.
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