Abordagens
policiais na Cracolândia já passam de 900, diz PM
Operação começou na terça-feira (3) para inibir tráfico e recuperar
área.
Quatro pessoas foram presas e 14 condenados recapturados.
Do G1 SP
06/01/2012
Balanço da PM
divulgado na manhã desta sexta-feira (6) aponta que o número de abordagens
policiais na região da Cracolândia, no Centro de São Paulo, já passou de 900
desde o início da Ação Integrada Centro Legal, realizada desde terça (3).
Segundo a PM, até as 11h desta sexta, foram realizadas 912 abordagens
policiais, 80 abordagens sociais e cinco encaminhamentos para hospitais.
Um
total de 18 pessoas foram detidas. Ocorreram três prisões por tráfico de drogas
e uma prisão por receptação. Dos detidos, catorze são condenados pela Justiça
foram recapturados. Nenhuma arma foi apreendida.
No
período, houve 137 abordagens de agentes de saúde. Não houve encaminhamento de
pacientes para tratamento de saúde mental. O balanço contabiliza nove
encaminhamentos para serviços de saúde e quatro encaminhamentos para porta de
entrada dos serviços de saúde. Dez toneladas de lixo já foram retiradas do
local.
Na
quarta-feira (4), a Prefeitura informou que, por vontade própria, ao menos 23
crianças procuraram ajuda em uma unidade de saúde.
Segundo
a PM, o objetivo inicial é coibir o tráfico e depois abrir espaço para o
trabalho de assistentes sociais. Ainda de acordo com a corporação, as ações na
Cracolândia serão desenvolvidas de maneira permanente, "não havendo,
assim, previsão para o término".
Reportagem
do SPTV desta sexta-feira mostrou que a retirada dos dependentes químicos da
região da Cracolândia tem deixado moradores e comerciantes de bairros da região
central de São Paulo preocupados. Os usuários de crack têm migrado para o Largo
Santa Cecília e Campos Elíseos.
No
Campos Elíseos, homens e mulheres estavam fumando crack nas ruas nesta manhã.
Isabel de Araújo, dona de uma loja de produtos de limpeza, levou um susto nesta
sexta . “Tinham 20 pessoas na porta. Quando abri fiquei com medo. Eles estão
migrando.”
A
comerciante Silvia Soares trabalha perto da praça Princesa Isabel e também está
apreensiva. “Eles estão andando por toda parte.”
Crianças
pedem ajuda durante operação da PM na Cracolândia
Ao menos 23 crianças foram a unidade de saúde da Prefeitura em dois
dias.
PM estima que 60 menores são usuários de crack na região.
Márcio Pinho Do G1 SP
A
Polícia Militar prendeu três pessoas foragidas da Justiça, além de duas
mulheres por tráfico de drogas na operação que realiza na Cracolândia, no
Centro de São Paulo, desde terça-feira (3). Uma das mulheres portava 100 pedras
de crack e a outra, 50, segundo a PM.
O balanço do
segundo dia foi divulgado na tarde desta quarta-feira (4). Outras duas pessoas
portavam armas de brinquedo e foram conduzidas à delegacia, mas não puderam ser
presas. A PM estima que 400 pessoas, entre usuários de droga e traficantes,
circulem pela Cracolândia. Deste total, 60 são menores e 20, mulheres grávidas.
Nestes
dois dias de operação, 364 pessoas foram abordadas pelos policiais. Segundo a
PM, o objetivo inicial é coibir o tráfico e depois abrir espaço para o trabalho
de assistentes sociais. Mesmo assim, policiais estão encaminhando dependentes
químicos a prontos-socorros e outros que não têm onde ficar a albergues. Por
vontade própria, ao menos 23 crianças procuraram ajuda em uma unidade de saúde
da Prefeitura.
A
vice-prefeita e secretária da Assistência e Desenvolvimento Social, Alda Marco
Antônio, diz que espera que o tráfico seja minimizado em 30 dias, prazo que a
Prefeitura planeja colocar em funcionamento um complexo que disponibilizará à
população um centro de convivência, um centro de atenção psicossocial e um
Assistência Médica Ambulatorial, na Rua Prates.
Três fases
A PM diz que a ação na Cracolândia é dividida em três fases. A primeira será de atuação da polícia contra o tráfico de drogas em conjunto com uma operação de zeladoria da Prefeitura em casarões e ruas.
A PM estima que dentro de 30 dias após a prisão de traficantes e o restabelecimento da ordem na região se inicie a segunda fase, com a participação de assistentes sociais e agentes de saúde, que farão o encaminhamento dos dependentes químicos para albergues, Assistência Médica Ambulatorial (Amas) e, se preciso, internação para tratamento e reinserção social.
A terceira e última fase - considerada a mais difícil - é a de manutenção deste cenário, para que os dependentes possam se recuperar plenamente. A intensificação da Ação Centro Legal, iniciada há dois anos e meio, começou a ser planejada entre outubro e novembro de 2011, através de reuniões da PM com o governador Geraldo Alckmin, secretários estaduais, municipais e o prefeito Gilberto Kassab.
Faxina
Em dois dias de operação, também foram recolhidas 14,5 toneladas de resíduos espalhados pelas principais vias da região da Cracolândia, segundo a assessoria de comunicação da Prefeitura. Além da retirada de entulho, bueiros e ruas da região passaram por uma lavagem completa. Para tanto, foram utilizados nove veículos entre caminhões pipa, coletores e tratores com pá carregadeira.
Em dois dias de operação, também foram recolhidas 14,5 toneladas de resíduos espalhados pelas principais vias da região da Cracolândia, segundo a assessoria de comunicação da Prefeitura. Além da retirada de entulho, bueiros e ruas da região passaram por uma lavagem completa. Para tanto, foram utilizados nove veículos entre caminhões pipa, coletores e tratores com pá carregadeira.
Cavalaria da PM ocupou ruas da região da Cracolândia nesta quarta-feira(Foto: Mario Angelo/Sigmapress/AE)
Kassab
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, considerou nesta quarta-feira “um avanço” a ação que acontece na Cracolândia. “[Ação] não é enxugar gelo. São pessoas dependentes, doentes. Já é um avanço estarem em uma região que tem polícia, que passará diariamente por processo de limpeza urbana, uma região em que as pessoas sabem que têm a possibilidade de serem encaminhadas para equipamentos adequados, onde serão submetidas a tratamento”, afirmou o prefeito.
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, considerou nesta quarta-feira “um avanço” a ação que acontece na Cracolândia. “[Ação] não é enxugar gelo. São pessoas dependentes, doentes. Já é um avanço estarem em uma região que tem polícia, que passará diariamente por processo de limpeza urbana, uma região em que as pessoas sabem que têm a possibilidade de serem encaminhadas para equipamentos adequados, onde serão submetidas a tratamento”, afirmou o prefeito.
Para Kassab, o
grande desafio é convencer as pessoas a aceitarem tratamento especializado para
abandonar o uso das drogas. “[O convencimento] é o grande desafio da humanidade
nos grandes centros urbanos. Felizmente, a Prefeitura, nos últimos tempos, tem
conseguido ser feliz na abordagem. Cada vez mais ela consegue levar as pessoas
para tratamento”, declarou.
De acordo com
o prefeito, dezenas de agentes de saúde trabalham na região central para tentar
convencer os dependentes a aceitarem tratamento. Quanto à estrutura, Kassab
afirmou que os dependentes poderão contar com centenas de leitos alugados em
unidades particulares, além da estrutura do governo estadual e federal.
Migração
De acordo com o tenente Flávio Martinez, a migração era esperada, por isso, o policiamento foi intensificado em toda a região da Nova Luz, Santa Cecília e Campos Elísios. Nas abordagens, a polícia verifica se a pessoa porta entorpecentes e a situação criminal. “Se não tiver nenhuma dúvida a respeito, a polícia libera para a Prefeitura atuar”, afirmou.
De acordo com o tenente Flávio Martinez, a migração era esperada, por isso, o policiamento foi intensificado em toda a região da Nova Luz, Santa Cecília e Campos Elísios. Nas abordagens, a polícia verifica se a pessoa porta entorpecentes e a situação criminal. “Se não tiver nenhuma dúvida a respeito, a polícia libera para a Prefeitura atuar”, afirmou.
O
tenente-coronel Wagner, que comanda a operação, disse que nesta primeira fase o
trabalho é basicamente da polícia. “O objetivo é intimidar os traficantes e
tirar a ameaça que dificulta o trabalho do poder público. A ação por si só vai
inibir o tráfico e isso vai provocar abstinência. Nessa fase, entra a
necessidade do socorro, do tratamento.”
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