quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Cerca de 1,5 milhão de pessoas consomem maconha diariamente

Cerca de 1,5 milhão de pessoas consomem maconha diariamente, aponta estudo

Levantamento foi feito por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

iG São Paulo | 01/08/2012 15:21:02




Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad) realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) aponta que 1,5 milhão de adolescentes e adultos consomem maconha diariamente no País.  
Ainda de acordo com o estudo, divulgado nesta quarta-feira (1º), 7% da população adulta - 8 milhões de pessoas com idade entre 18 e 59 anos - já experimentou maconha alguma vez. Só no último ano, 3 milhões de adultos fumaram maconha.
Entre os adolescentes, 600 mil - 4% da população - usaram maconha uma vez na vida. No último ano, 470 mil (3%) consumiram a droga. 
Os pesquisadores indicam que 60% dos usuários consumiram a droga pela primeira vez antes dos 18 anos, um em cada dez homens adultos experimentou a droga uma vez na vida, mais de 1% da população masculina é dependente, quase 40% dos adultos usuários são dependentes e 1 em cada dez adolescentes que usam maconha é viciado. 
Sobre a legalização da maconha no Brasil, 75% dos entrevistados se disseram contrários à proposta. Outros 11% apoiam, 9% não souberam responder e 5% não responderam.
Foram entrevistadas 4.607 pessoas em 149 municípios, com idade a partir de 14 anos. A amostragem, de acordo com os coordenadores do estudo, é representativa. Diferentemente da primeira pesquisa, feita em 2006, os entrevistados no atual levantamento responderam a um questionário sigiloso sobre consumo de drogas.
Para o coordenador da pesquisa, o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, um dado preocupante é a proporção entre usuários adultos e adolescentes. Em 2006, existia um adolescente para cada adulto que usa maconha. Em 2012, a proporção aumentou para 1,4 adolescente por adulto. Em 62% dos casos, os usuários experimentaram a droga pela primeira vez antes dos 18 anos.
“Se as leis ficarem mais frouxas em relação ao uso da maconha, o maior prejudicado vai ser o adolescente. Qual vai ser o impacto em relação à saúde mental desses adolescentes? É isso que os dados nos alertam. A pessoa que já é usuária não vai mudar o padrão de consumo. Quem pode mudar o padrão de consumo, de acordo com a nossa atitude legislativa, é o adolescente”, avalia.

*Com Agência Brasil

País tem 2,6 milhões de usuários de crack e cocaína

Metade deles é dependente e substância inalada é a principal forma de consumo, segundo estudo do Inpad

Fernanda Aranda - iG São Paulo | 
05/09/2012 

Uma pesquisa divulgada hoje (5) mostra que o Brasil tem 2,6 milhões de usuários de crack e cocaína, sendo metade deles dependente (1,3 milhão). Deste total, 78% cheiram a substância exclusivamente (consumida na forma de pó); 22% fumam (crack ou oxi) simultaneamente e 5% consomem apenas pelos cachimbos, que já viraram marcas registradas das áreas degradas e conhecidas como cracolândias.
O estudo Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), unidade de pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mostra ainda que, do total de usuários, 1,4 milhões (46%) são moradores da região Sudeste e 27% residem no Nordeste. No ranking de regiões, o Norte aparece em 3º lugar (10%) empatado com o Centro-Oeste. O sul, com 7% de concentração, está em último lugar.
“Fizemos as análises por classe econômica e, diferentemente do esperado, não houve nenhuma diferença estatística. O padrão de consumo de cocaína, seja aspirada ou fumada, é o mesmo entre os ricos ou entre os pobres”, afirma uma das autoras do estudo, a psicóloga Clarice Sândi Madruga. “Uma das hipóteses para este cenário é que o preço da cocaína está muito mais barato, o que facilita o acesso.”
Para os pesquisadores os achados sugerem que assim como a cocaína se popularizou e chegou à classe média e média baixa, o crack também deixou de fazer parte apenas dos problemas da população de rua e da marginalidade, como era no início da epidemia. A droga hoje afeta todos os segmentos socioeconômicos.
“Não há no mundo país que venda cocaína de forma tão barata. Em média, o preço da venda aqui é U$ 2 nos Estados Unidos custa 10 vezes mais”, completa o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, também autor do estudo da Unifesp e que investiga o padrão de uso de drogas em todas as nações, sendo consultor de muitas delas.
“Além disso, os governos não fizeram a lição de casa nos últimos anos. Não há um combate efetivo do tráfico drogas e, ao mesmo tempo, não foi ampliada a rede de prevenção dos novos usuários e nem o aumento da oferta de tratamento para os já dependentes.”
Primeiro do mundo
Marcelo Ribeiro, um dos primeiros pesquisadores de álcool e drogas do País a estudar o comportamento de usuários de crack, avalia que o potencial de consumidores destas drogas existentes no Brasil fez com que, nas últimas duas décadas, o país mudasse de papel na rota dos tráficos de drogas.
“Por ser muito populoso, o Brasil deixou de ser só local de passagem das drogas para virar destino final de consumo.”
Pelos dados da Unifesp, 2% da população brasileira usaram cocaína ou crack no último ano. Apesar de proporcionalmente parecer pouco, em números absolutos é muita coisa, diz a especialista em álcool e drogas, Ilana Pinsky.
“Isso sem contar que quando o assunto é sensível, como o caso da dependência química, as pessoas tendem a não ser totalmente verdadeiras nas respostas. Com quase toda certeza, a população usuária de drogas é maior do que a identificada na pesquisa”, avalia Ilana.
Mesmo que subestimada, os 2,6 milhões de brasileiros que se declaram, sendo 1 milhão deles consumidor de crack, já somam 20% do total de consumidores mundiais de cocaína, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) utilizados pela Unifesp. “Em números absolutos, nos mostram os dados da OMS, o Brasil é o segundo mercado de cocaína do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, e provavelmente o primeiro do mundo de crack, já que os outros países não separam a forma de consumo, aspirada ou fumada”, ressaltou a psicóloga Clarice Madruga.
Mais letal
Apesar da cocaína em forma de pó ser a mais prevalente entre os dependentes, os especialistas ressaltam que quando consumido na versão crack os efeitos são mais rápidos na degradação do cérebro. 

 “O crack está mais associado à mortalidade e ao envolvimento com a criminalidade”, afirma Laranjeira. “O uso da cocaína é mais escondido, embaixo do pano, mas nos números mostram que eles são muito altos e prevalentes. Na Europa toda há um declínio da utilização. No Brasil, percorremos caminho inverso”, lamenta.

Adultos jovens são os principais usuários de crack, indica Fiocruz

Adultos jovens são os principais usuários de crack, indica Fiocruz

Por iG São Paulo | 19/09/2013 11:35 - Atualizada às 19/09/2013 12:14

Pesquisa revela que cerca de 80% dos usuários da droga são homens e não brancos. Maioria também é solteiro

Os usuários de crack no Brasil são principalmente adultos jovens, com idade média de 30 anos, homens (78,7%), não brancos (80%) - o que inclui pretos, pardos e indígenas, por exemplo - e solteiros (60,6%). Além disso, têm, na maior parte dos casos, baixa escolaridade, sendo que apenas dois em cada dez cursaram ou concluíram o ensino médio. Em relação ao ensino superior, a proporção é ainda menor: cerca de 0,3% cursou ou concluiu esse nível de escolaridade.
Os dados fazem parte da pesquisa Perfil dos Usuários de Crack e/ou Similares no Brasil, divulgada nesta quinta-feira (19) pelos ministérios da Justiça e da Saúde. Encomendado pela Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad) à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o levantamento revela as principais características epidemiológicas dos usuários de crack e outras formas similares de cocaína fumada - pasta-base, merla e oxi - no país.
A pesquisa também aponta uma expressiva proporção de usuários em situação de rua, com aproximadamente 40% deles nessa condição. Nas capitais o percentual é mais elevado e chega a 47,3%, enquanto nos demais municípios do país 20% dos usuários regulares de crack relataram essa condição. Os pesquisadores ressaltaram que não significa que esse contingente necessariamente more nas ruas, mas que nelas passa a maior parte de seu tempo.
A maioria dos usuários (65%) obtém dinheiro por meio de trabalhos esporádicos ou autônomos. Atividades ilícitas, como tráfico de drogas e furtos, por exemplo, foram relatadas por uma minoria dos usuários (6,4% e 9% respectivamente). Embora o percentual não tenha sido alto, com apenas 7,5% dos usuários apontando o sexo em troca de dinheiro ou de drogas, os pesquisadores consideraram a frequência elevada se comparada à população geral, já que nesse caso a proporção de profissionais de sexo é inferior a 1%.
"O sexo comercial é uma fonte relevante de renda nessa população, embora não em harmonia com algumas informações equivocadas que chegam a atribuir à prática de sexo comercial o financiamento integral do hábito de consumo entre as mulheres", diz o texto.
Para coletar os dados, cerca de 500 profissionais como pesquisadores, assistentes sociais e psicólogos, foram a locais de consumo da droga, mapeados com a ajuda de fontes locais - secretarias de Saúde, Assistência Social e Segurança, além de organizações não-governamentais e lideranças comunitárias. Nesses locais, as equipes identificaram usuários, que foram entrevistados entre novembro de 2011 e junho de 2013. Ao todo, 7.381 usuários de crack em 112 municípios de portes variados - incluindo todas as capitais brasileiras - responderam às perguntas.
Tratamento
O estudo ainda mostram que 78,9% dos usuários da droga desejam se tratar. No entanto, é baixo o acesso deles aos serviços disponíveis, como postos e centros de saúde, procurados por apenas 20% dos usuários nos 30 dias anteriores à pesquisa; unidades que fornecem alimentação gratuita (17,5%) ou instituições que fazem acolhimento, a exemplo de abrigos, casas de passagem, e os centros de Referência de Assistência Social (Cras), buscados por 12,6% dos usuários.
Em relação aos serviços para tratamento ambulatorial da dependência química nos 30 dias anteriores à pesquisa, o Centro de Atenção Psicossocial para atendimento a usuários de álcool,crack e outras drogas (Caps-AD) foi o mais acessado, ainda que por apenas 6,3% dos usuários. De acordo com os pesquisadores da Fiocruz, esse fato reforça "a premente necessidade de ampliação e fortalecimento desses equipamentos no âmbito da rede de saúde, assim como as pontes (serviços intermediários, agentes de saúde, redes de pares, consultórios de rua) entre as cenas de uso e os serviços já instalados".
 A pesquisa também revela que os usuários manifestaram interesse por serviços associados à assistência social e por serviços de atenção à saúde não necessariamente voltados ao tratamento da dependência química, como os ligados à higiene, à distribuição de alimento, ao apoio para conseguir emprego, escola ou curso e atividades de lazer. Esses aspectos foram citados por mais de 90% dos entrevistados como fundamental para facilitar o acesso e o uso de serviços de atenção e tratamento.
O levantamento aponta ainda que aproximadamente metade dos usuários de crack e/ou similares já foi presa ao menos uma vez, sendo que 41,6% foram detidos no último ano. Entre os motivos da detenção, destacaram-se o uso ou posse de drogas (13,9%); assalto ou roubo (9,2%); furto, fraude ou invasão de domicílio (8,5%) e tráfico ou produção e drogas (5,5%).
Outro dado que chamou a atenção dos pesquisadores é que cerca de 10% das mulheres usuárias relataram estar grávidas no momento da entrevista. Além disso, mais da metade das usuárias de crack já haviam engravidado ao menos uma vez desde que iniciaram o uso da droga. "Trata-se de achado preocupante devido às consequências importantes do consumo do crack durante a gestação sobre o desenvolvimento neurológico e intelectual das crianças expostas", apontam no texto.
A pesquisa indica, ainda, que 44,5% das mulheres entrevistadas relataram já ter sofrido violência sexual na vida, enquanto entre os homens o percentual foi 7%. Em relação ao tempo médio de uso, o estudo aponta que nas capitais se estende por aproximadamente 91 meses (cerca de oito anos), enquanto nos demais municípios esse tempo foi 59 meses (5 anos). Mais da metade dos usuários tem padrão de consumo diário, sendo que cada usuário consome em média 16 pedras de crack por dia nas capitais e nos demais municípios, 11 pedras. Quando consideradas as diferenças entre os gêneros, nota-se que os homens usam crack por tempo mais prolongado, em média por 83,9 meses, enquanto as mulheres fazem uso por aproximadamente 72,8 meses. O consumo diário, no entanto, é mais intenso entre elas: 21 pedras de crack. Já os homens consomem 13 pedras por dia.
Para fazer o levantamento, cerca de 500 profissionais, como pesquisadores, assistentes sociais e psicólogos, foram a locais usados para consumo da droga, mapeados com ajuda de fontes locais - secretarias de Saúde, Assistência Social e Segurança, além de organizações não governamentais e lideranças comunitárias. Nesses locais, as equipes identificaram usuários, que foram entrevistados entre novembro de 2011 e junho de 2013. Ao todo, 7.381 usuários de crack em 112 municípios de portes variados - incluindo todas as capitais brasileiras - responderam às perguntas.

* Com informações da Agência Brasil

São Paulo já tem Samu para atendimento a dependentes de álcool e drogas

São Paulo terá Samu para atendimento a dependentes de álcool e drogas

Medida foi anunciada em convênio assinado pelo governo e a Prefeitura de São Paulo nesta sexta-feira na capital paulista

Agência Brasil |26/04/20


Um convênio entre o governo do Estado e a Prefeitura de São Paulo vai ampliar o programa de combate ao crack. Entre as ações previstas, o Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) vai ganhar cinco equipes especializadas no atendimento a casos de dependência química. Para atender à nova demanda, a frota do Samu vai ser ampliada: a cidade tem hoje 140 veículos e passará a ter 145.

“É um sistema inédito que surgiu dessa demanda do Cratod [Centro de Referência em Álcool, Tabaco e outras Drogas], da necessidade, muitas vezes, de buscar o paciente”, disse o secretário estadual de Saúde, Giovanni Guido Cerri. “Pela primeira vez, o Samu passa a ser integrado, porque até então estado e prefeitura não estavam juntos. Cinquenta por cento da equipe serão do estado e 50% do município”, completou o prefeito Fernando Haddad .
Haddad informou que o novo serviço vai suprir uma falha no recolhimento dos pacientes com dependência química que, muitas vezes, não era feito por falta de conhecimento dos médicos. “Às vezes, o atendimento não era feito por falta de especialização na matéria”, disse.
A partir de segunda-feira (29), cerca de 11 mil profissionais da Secretaria de Saúde vão passar por uma capacitação para atendimento em saúde mental. Além disso, os centros de Atenção Psicossocial (Caps) que funcionam 24 horas vão passar de cinco para dez. Segundo Haddad, a previsão é que esse tipo de centro de atendimento chegue a 30, até o final de 2014.
“Os Caps são uma rede que efetivamente promovem uma mudança na qualidade do atendimento. Basta visitar um, para verificar. Os dependentes são os primeiros a reconhecer o papel da saúde nos Caps”, disse o prefeito.
As unidades de Acolhimento e Residência Terapêutica Especiais também vão ser ampliadas: passarão de 11 para 25. Além disso, serão criados 16 consultórios de rua para abordagem dos dependentes, até o final do mês de maio.
De responsabilidade do governo do Estado, o Cratod vai continuar encaminhando pacientes à rede hospitalar. “Enquanto a prefeitura aumenta o atendimento primário, o estado aumenta a sua disponibilidade de leitos para a rede de regulação da prefeitura” definiu Cerri.
A respeito do Cratod, o governado Geraldo Alckmin comentou a ação civil pública do Ministério Público (MP), movida no dia 11 deste mês, para impedir que leitos psiquiátricos sejam destinados ao tratamento de dependentes químicos – procedimento que estaria sendo adotado no Centro de Atenção Integrada em Saúde Mental (Caism) Philippe Pinel.

Para o governador, houve, no hospital, uma mudança na demanda dos pacientes, processo considerado por ele natural. “O hospital Pinel é psiquiátrico. Então, se o leito é para esquizofrenia, psicose, dependência química isso é decisão médica. Óbvio que, no passado, precisava de menos leito para dependência química, o cracknem existia há 25 anos. Hoje mudou, se você for verificar a necessidade de internação, ela é maior para dependente químico e muitos deles têm comorbidade, ou seja, doenças associadas – tem esquizofrenia, psicose ou outra doença orgânica”. “Ninguém quer suprimir leitos”, acrescentou.