Governo vai aumentar consultórios móveis para atendimento a usuários de drogas |
Equipes irão até cracolândias e outros locais de concentração de dependentes químicos
Gazeta do Povo
O ministro da Saúde Alexandre Padilha disse neste sábado (19), em São
Bernardo do Campo (SP), que o governo federal vem estudando um conjunto de
ações envolvendo vários ministérios para lançar, em breve, um plano amplo de
enfrentamento ao crack e outras drogas, que inclui o serviço de consultórios
móveis – também chamados de consultórios de rua - especializados no primeiro
atendimento aos usuários de drogas.
“Uma das estratégias são os consultórios nas ruas. Haverá
profissionais [de saúde] em unidades móveis que irão para as ruas, sobretudo
onde tem as cracolândias ou cenas de usos [de drogas], para fazer uma busca
ativa nessas pessoas que são dependentes químicas, oferecendo tratamentos
para elas”, disse o ministro, em entrevista à imprensa antes de discursar
para trabalhadores e sindicalistas presentes ao 7º Congresso do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC.
Segundo Padilha, 80 consultórios de rua já estão atuando nos grandes
centros do país, e a expectativa é de o programa ser levado para outras
cidades. “Os consultórios nas ruas vão avaliar se a pessoa tem indicação de
internação, se ela tem risco de vida. Sou absolutamente contra qualquer
política de recolhimento compulsório. Isso não é feito pelo pessoal de saúde,
mas por policiais que, as vezes, não estão preocupados sobre em qual lugar
essa pessoa vai ficar. Temos a política de fazer uma busca ativa [por
dependentes]. Em cada cidade, esse modelo estará adaptado à sua realidade”,
disse.
O ministro declarou ainda que os consultórios de rua serão instalados
em todas as cidades do ABC Paulista e também na capital. “Na conversa que
tivemos com o prefeito [Gilberto] Kassab e com as secretarias municipal e
estadual de saúde, acreditamos que houve interesse da prefeitura em apoiar a
melhoria da rede de saúde, sobretudo as ações de sair em busca ativa, onde as
pessoas estejam. O Ministério da Saúde quer ajudar o município a ter mais
médicos, enfermeiros e profissionais nas ruas exatamente para que a primeira
abordagem seja feita por profissionais de saúde”.
Segundo Padilha, a presidenta da República Dilma Rousseff tem exigido
que esse novo plano de enfrentamento ao crack consista em uma ação conjunta,
envolvendo os ministérios da Justiça, Educação e do Desenvolvimento Social,
além da Saúde. “A presidenta tem exigido que esse plano tenha ações de vários
ministérios. A presidenta Dilma, a ministra-chefe da Casa Civil [Gleisi
Hoffmann] e o ministro da Justiça [José Eduardo Cardozo] têm coordenado esse
detalhamento do plano. Queremos um plano que não seja só um anúncio de ações,
mas medidas acontecendo de imediato”, disse o ministro sem detalhar quando o
plano será lançado.
Durante discurso, o ministro falou também da necessidade dos estados
“apertarem a fiscalização” sobre a Lei Seca, proibindo que pessoas
alcoolizadas dirijam. “Se bebeu, não pode dirigir. Os estados que apertaram a
fiscalização, como é o caso do Rio de Janeiro, reduziram em quase 30% os
acidentes de carro e de moto”, disse.
Ao final Padilha destacou a necessidade de discutir formas de
financiar a saúde no país e sugeriu que esse debate seja feito junto com a
reforma tributária.
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