Clubes
contam com liberação de álcool em estádios no pós-Copa
|
Folha de São Paulo - MARTÍN FERNANDEZ
RODRIGO
MATTOS DE SÃO PAULO
Com a provável liberação de bebidas alcoólicas para jogos da Copa-2014, clubes veem como natural a extensão da permissão após o evento. Avaliam que governos e a CBF não terão como retomar a proibição depois do Mundial. Quatro de cinco dirigentes ouvidos pela Folha falam em iniciar movimento para também poder vender cerveja.
A motivação é econômica. Estudos dos clubes mostram que a
comercialização da bebida teria impacto significativo na renda de suas
arenas.
A proibição de álcool em estádios ocorreu em 2008 em acordo entre a
CBF e o Conselho Nacional de Procuradores-Gerais para reduzir a violência nas
arenas do país. É ratificado por leis estaduais, como a de São Paulo.
"A partir do momento em que for liberado para a Copa, vai ficar
complicado restringir depois. Vai ser muita cara de pau. Com base em que vão
fazer a exceção?", disse Rogério Dezembro, responsável da WTorre na
Arena Palestra, futura casa do Palmeiras.
O dirigente disse ter estudo que mostra impacto "razoável"
do álcool na receita.
É o que reforça o Corinthians sobre a renda de seu novo estádio, em
Itaquera, sede da abertura do Mundial.
"Temos dois estudos de estimativa de ganho com alimentação e
bebida no estádio: um com cerveja e outro sem cerveja. A diferença é de algo
entre 20% e 30%", explicou o gerente de marketing corintiano, Caio
Campos.
Além da receita, o álcool facilita a manutenção do público no estádio,
aumentando o consumo de outros itens.
Isso se aplica especialmente às arenas em construção que terão
camarotes, restaurantes e bares. A ideia é que o torcedor chegue mais cedo
aos jogos e saia mais tarde.
"Visitamos estádios do mundo inteiro. Em quase todos eles, a
bebida é permitida", disse Eduardo Antonini, presidente da Grêmio
Empreendimentos, responsável pela nova arena do time gaúcho.
O conselho de procuradores, no entanto, é contrário à demanda dos
clubes. Admite uma brecha só no Mundial.
"Na Copa, com raríssimas exceções, há um clima de
confraternização", disse Cláudio Lopes, presidente do conselho.
"Nos jogos daqui, há clima de guerrilha, pela rivalidade entre
torcidas."
Segundo Lopes, o conselho tem números que mostram a redução da
violência nos estádios sem álcool. Clubes argumentam que torcedores entram
alcoolizados por beberem do lado de fora.
"Esse dinheiro não reverte para o clube. É limitação que não
atende à segurança", contou José Mansur, assessor da presidência do São
Paulo.
Relator da Lei Geral da Copa, o deputado Vicente Cândido (PT-SP) não
quis falar sobre o assunto. Ele está no centro da discussão, reaberta, mas
que agora envolve álcool e dinheiro em volumes nunca vistos anteriormente no
futebol brasileiro.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário