quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A relação entre o dependente e o psicólogo precisa ser isenta de julgamentos.


Usuário precisa de cuidado, atenção e dignidade


Confira trechos da matéria a ser publicada na próxima edição do Jornal Federal de Psicologia, produzido pelo CFP (Conselho Federal de Psicologia).

“A relação entre o dependente e o psicólogo deve se dar na exata medida da necessidade que a pessoa quer ser enxergada. E isto não pode acontecer a partir de visões pré-concebidas do profissional”, afirma a psicóloga e representante do CFP no Conselho Nacional sobre Drogas (Conad), Mônica Gorgulho.



Segundo Gorgulho, os psicólogos devem propor estratégias em conjunto com o dependente para encontrar alternativas. Olhar mais o outro e propor a partir do entendimento de sua realidade são indicações para o trabalho. “É preciso preparo técnico-científico e uma autocrítica a suas crenças pessoais”, sugere a psicóloga.
Pelo fato de os usuários ainda serem vistos e vinculados ao tráfico ou a comportamentos criminosos, o uso e a dependência são muitas vezes interpretados como escolhas pessoais. É o que afirma o atual coordenador do Polo de Pesquisa em Psicologia Social e Saúde Coletiva da Universidade de Juiz de Fora Telmo Ronzani. “Parar ou de não usar a substância também vira um problema do usuário, que é visto como fraco ou sem força de vontade”.
Para Ronzani, a postura preconceituosa da sociedade, que muitas vezes repercute nas políticas públicas e mesmo no contexto clínico ou do serviço, traz impacto direto na qualidade e no resultado das ações para a prevenção, reabilitação ou reinserção social. Para o professor, o fortalecimento de políticas públicas inclusivas para essa população deve se dar com o entendimento pela sociedade de que os dependentes são cidadãos que tem o direito ao cuidado.
O psicólogo e psicanalista argentino Antônio Lancetti também ressalta o cuidado como soberano na relação com o dependente. “Às vezes se aproximar é de uma complexidade enorme. Todo mundo tem medo deles”, diz Lancetti.  Mas chegar perto e conversar com o dependente é o primeiro passo. O pedido de ajuda, segundo ele, vem – mesmo que inicialmente pela negativa do próprio auxílio – com a demanda de atendimentos à saúde.
Consultórios de rua
O projeto dos consultórios de rua surgiu no fim da década de 90, em Salvador (BA), para atender pessoas em situações de risco e vulnerabilidade social. Consiste em uma equipe que circula – em percurso criado com base nas demandas analisadas – com um ambulatório móvel.
Em Goiânia, GO, os consultórios funcionam desde abril de 2011e, segundo a coordenadora do projeto na cidade, a psicóloga Elaine Mesquita, o principal objetivo-  a formação de vínculos para proporcionar maior acolhimento aos moradores de ruas -  tem sido alcançado.  “Como a lacuna na vida destas pessoas é enorme, assim como suas demandas, a receptividade é muito grande. Nosso principal instrumento é a afetividade”.
O trabalho de escuta também é essencial, segundo a psicóloga Elaine: “Às vezes ficamos dias e dias escutando o usuário. Eles falam muito, pois não estão acostumados a serem ouvidos”.  E o outro lado também é favorecido:  Para a conselheira Heloiza Massanaro, “ao escutar o dependente , o psicólogo consegue refletir sobre a questão do preconceito e compreender melhor suas dificuldades e do usuário”.
O  antropólogo e redutor de danos participante do grupo Princípio Ativo, Rafael Medeiros, acredita que as críticas aos trabalhos de redução de danos surgem pela visão de mundo da sociedade atual, que é a de um mundo sem drogas.  A ideia para diminuí-las está, na visão de Rafael, no olhar diferenciado da sociedade e na implantação de uma maior política de acolhimento, com a percepção de que os usuários de drogas também são seres humanos. “A redução poderia ser vista como o resultado de uma sociedade mais acolhedora, mas vivemos em uma sociedade intolerante. O foco deve estar não só nas políticas públicas, mas na própria vida”, conclui.
O psicólogo analisa para auxiliar o paciente a se conhecer e a se entender, quem julga é o juiz! Dai a necessidade do profissional que escolheu ser psicólogo se desnudar de seus conceitos pré- concebidos para poder realmente escutar o paciente sem julgamentos, caso contrário a psicoterapia ficará comprometida.
Para ser psicólogo não basta terminar a faculdade, é necessário se aprofundar em si próprio primeiro!

2 comentários:

  1. Rosangela passei para conhecer seu blog ele é notº 10, excelente trabalho desejo muito sucesso em sua caminhada e objetivo no seu Hiper blog e que Deus ilumine seus caminhos e da sua família
    Um grande abraço e tudo de bom e aceitei você como amigo no diHITT

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  2. Obrigada pelo comentário Rodrigo. Seja bem vindo sempre.

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