ABP é contra
nova norma da Anvisa para comunidades terapêuticas, e pede sua revogação
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) considera “muito preocupante”
a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de aprovar a
Resolução (RDC 29), publicada no Diário Oficial da União no último dia 1º , que
simplifica as regras para o funcionamento das comunidades terapêuticas, centros
que recebem e tratam dependentes em drogas. A nova norma possibilita que as
comunidades terapêuticas tenham, apenas, um profissional de nível superior como
Responsável Técnico (sem exigir formação específica em medicina e que responda
ao Conselho Federal de Medicina, CFM).
Tendo como um dos seus objetivos contribuir para a elaboração da política
de saúde mental e o aperfeiçoamento do sistema médico assistencial no Brasil, a
ABP não pode concordar que doentes dependentes químicos sejam tratados sem
orientação de um médico psiquiatra, que é o especialista em doenças mentais,
descumprindo o que estabelece a Lei 10.216/2001, que dispõe sobre a proteção e
os direitos dos pacientes com transtornos mentais.
Além disso, o texto da RDC 29, prevê que as comunidades terapêuticas “não
precisariam” de médicos psiquiatras para atender aos internos, médicos
plantonistas para as intercorrências ou emergências decorrentes dos problemas
clínicos apresentados pelos pacientes (usuários de drogas) internados, que a
Anvisa prefere não caracterizar como internação e, sim, como “acolhimento”,
numa tentativa de desconsiderar a legislação e descaracterizar o atendimento
médico.
“A maior parte das 3 mil comunidades terapêuticas existentes no país não
atende as exigências de infra-estrutura física nem de pessoal (principalmente
médicos, assistentes sociais, enfermeiros, farmacêuticos, psicólogos, etc) para
o seu bom funcionamento. Isto viola gravemente os direitos da cidadania e a necessidade
clínica dos pacientes que buscam tratamento especializado”, informa o
presidente da ABP, Antônio Geraldo da Silva. “Também não concordamos que, com a
justificativa de que é preciso “adequar” as comunidades terapêuticas à
realidade, a Anvisa simplifique as regras e não exija enfermeiros e auxiliares
de enfermagem para verificar e fazer os procedimentos técnicos adequados ao se
ministrar medicamentos.”
A ABP é favorável que clínicas especializadas e hospitais psiquiátricos,
sejam os locais adequados a este e outros tipos de doenças mentais e que
deveriam ser elaborados tratamentos específicos para todas as necessidades de
internação, com programas para cada uma delas, inclusive o grave problema da
dependência química.
Por estes motivos, a ABP enviou ofício à Anvisa pedindo a imediata
revogação da Resolução RDC 29, e se prontifica a participar de uma discussão
séria e responsável para a formulação de uma política pública de atendimento
aos doentes mentais e dependentes químicos, inclusive contribuindo para a
qualificação e fiscalização das comunidades terapêuticas, sempre dentro do
rigor das melhores práticas médicas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário