Bebês do crack: triste
realidade em Taubaté
|
Rede Bom Dia
Avanço do consumo da
droga por mulheres grávidas é preocupante, crianças nascem dependentes
Agência O Vale / JULIO
CODAZZI
O avanço do crack em
Taubaté criou um novo grupo de vítimas: os filhos das dependentes dessa
droga, em muitos casos, bebês que ainda nem nasceram.
A afirmação é
reforçada por relatos de quem trabalha diretamente com essas mulheres. Um dos
exemplos vem do Conselho Tutelar.
“De todos os casos que atendo, 40% são de mães usuárias de droga, o crack lidera a lista. Elas usam o filho como ‘ganha pão’: para mendigar, ganhar alguma bolsa auxílio, algo assim. É esse dinheiro que sustenta o vício delas”, afirmou a conselheira Vilma Kawasaki. “Temos um caso de uma mulher, de cerca de 25 anos, que já tem sete filhos e está para dar à luz ao oitavo. Ela é usuária de crack e fica pelas ruas. Os outros filhos ela abandonou assim que nasceram. Hoje vivem com parentes”, disse a conselheira Elisângela Souza. A Polícia Civil também registrou aumento no número de casos desse tipo.
"Normalmente, são ocorrências de maus tratos. Devido ao vício, as
mães se tornam agressivas e acabam descontando nos filhos", afirmou a
delegada Fernanda Brandão, da Delegacia de Defesa da Mulher.
“Outro problema é que essas mães não se previnem, acabam engravidando várias vezes, o que só aumenta o número de vítimas.” Consequência. Quando o Conselho Tutelar ou a Polícia Civil recebem um caso desses, existem dois tipos de encaminhamento. A mãe é orientada a procurar tratamento no Caps-AD (Centro de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas). Além disso, o caso é levado para conhecimento da Justiça. “Dependendo da gravidade da situação, como por exemplo se houver maus tratos ou abandono, podemos destituir essa mãe”, afirmou o juiz Marco Antonio Monteiro, da Vara da Infância e Juventude. “Infelizmente, o número de casos envolvendo usuárias de crack tem aumentado cada vez mais. Normalmente, as crianças são abandonadas em hospitais ou passadas, de forma clandestina, para outras pessoas”, afirmou o juiz. “Em caso de adoção, a lei determina que primeiro nós analisemos se existe algum membro da própria família que pode ficar responsável pela criança. Essa é a prioridade. Se não existir essa opção, aí é caso de ser adotada por outros interessados.” Tratamento. As mães que aceitam ir para o Caps-Ad recebem tratamento para tentar largar o vício. “Aqui não existe internação. O que oferecemos é um tratamento com uma equipe disciplinar, que dispõe de profissionais como clínico geral, psiquiatra e psicólogo”, afirmou a coordenadora do centro, Danielle Prado Braga. “Uma vez nós atendemos uma usuária de crack que já tinha duas filhas e estava grávida. Ela não tinha feito nenhum pré-natal, e nem sabia o tempo de gestação. Infelizmente, ela abandonou o tratamento”. Quem aceita o tratamento, participa de terapias em grupo e também pode integrar oficinas de ressocialização. “Temos um outro caso, de uma usuária que engravidou. Quando recebeu a notícia de que seria mãe, ela conseguiu largar o crack.” Drogas na gestação provocam problemas
O uso de drogas
durante a gestação pode causar danos ao bebê. É o que alertam entidades da
região que atendem casos de gravidez de risco.
Entre as principais complicações estão baixa estatura, baixo peso, retardo mental, retardo comportamental e também má formação congênita. “Em alguns casos, a criança pode até ter crises de abstinência após o parto, pois o organismo já estava acostumado com a droga”, afirmou Ketrin Mara Sampaio, responsável pela Casa da Mãe Taubateana. Incidência. Em São José dos Campos, 10% dos casos de gravidez atendidos pelo Projeto Casulo, da Secretaria Municipal de Saúde, são de gestantes dependentes químicas. O álcool representa 40% do total. O restante tem relação com outras drogas, como maconha, cocaína e crack.
RAIO-X
MAPA
Um levantamento
realizado em parceria entre prefeitura e Polícia Militar já mapeou mais de 80
pontos de consumo de crack em Taubaté.
PERFIL
Cerca de 75% desses
pontos são imóveis abandonados, que viraram pequenas cracolândias. Em média,
cada espaço concentra cinco usuários do entorpecente.
SOLUÇÃO
Para eliminar esses
pontos, a prefeitura tenta, junto à Justiça, autorização para demolir as
moradias abandonadas. Além disso, o telefone 199, da Defesa Civil, também
recebe denúncias sobre locais de consumo de crack.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário