sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Médicos recém formados tem deficiência em saúde mental

Prova do Cremesp revela déficit na área de       saúde mental                                                      

  Os resultados do exame do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) revelam o despreparo dos estudantes que concluíram o curso de medicina nas universidades do estado de São Paulo, em especial na área da saúde mental. Com a média de apenas 41% de acertos na prova realizada este ano, as perguntas relacionadas ao tratamento psiquiátrico foram as que concentraram o maior o número de erros dos formados.

Para a conselheira do Cremesp Silvia Helena Mateus, o número revela uma deficiência no ensino. "O ensino de saúde mental está mais deficitário que de outras áreas, as escolas precisam olhar para isso e melhorar", critica. A residente em psiquiatria Mariana Salomão revela ser uma das poucas de sua turma que se interessaram pelo ramo. "É uma especialidade que não é tão privilegiada dentro da faculdade", lamenta. Mariana acredita que o problema é generalizado, afetando outras instituições.

Já para o médico psiquiatra Fábio Ieiri, o problema não afeta apenas os formandos, mas também os pacientes. De acordo com ele, a falta de interesse dos profissionais atrasa o diagnóstico o que, por sua vez, pode levar a uma piora. "São dois prejuízos: o primeiro é que [o paciente] não recebe o tratamento adequado e daí corre o risco do problema se tornar crônico", explica.

Insegurança
O ajudante geral Marcelo dos Reis Silva já sofreu com a falta de atendimento adequado. A companheira dele sofre de transtorno bipolar, que provoca alterações de humor severas. Por segurança, ele tentou interná-la no Hospital Municipal de Sumaré (SP) durante uma crise, mas os médicos a liberaram e ela desapareceu. "Deram alta e ela saiu pela porta dos fundos. Foram três noites sem dormir", relembra.

O ajudante geral acredita que o problema de atendimento poderia ter sido contornado se a equipe tivesse uma formação melhor nessa área. "É muito precário, muito abaixo da média, tinha que ser melhorado pelo governo. Tem que especializar esses médicos que desse jeito não dá, não", critica.

60% de reprovação
Mais da metade dos estudantes que fizeram o exame de proficiência não tem domínio de áreas básicas para exercer a profissão. Dos 2.411 participantes, 54,5% não acertaram 60% das questões e foram reprovados. A prova teve 120 questões objetivas de múltipla escolha consideradas de fácil e média complexidade.

O desempenho ruim no exame não impede que o candidato obtenha o registro meses. A presidência do conselho não atribui o cenário somente à má formação dos médicos, mas garante que isto contribui com as reclamações.junto ao Conselho Regional de Medicina (CRM) para atuar porque não há uma legislação específica, a diferença é que estes receberão a permissão para atuar mais tarde do que os demais, no prazo máximo de 31 de janeiro de 2013.

Denúncias
O Cremesp recebe, diariamente, 12 denúncias contra médicos, julga toda semana de 15 a 20 casos, e cassa o registro de pelo menos um profissional todos os 


quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Cientistas descobrem gene do alcoolismo

Cientistas descobrem gene da 'bebedeira'


BBC Brasil
Cientistas acreditam ter descoberto uma variação de um gene que incentiva o consumo exagerado de álcool em algumas pessoas.
O gene, conhecido como RASGRF-2, eleva o nível de substâncias químicas presentes no cérebro associadas à sensação de felicidade e acionadas com a ingestão de bebidas alcoólicas, informou a revista científica PNAS.
A equipe de pesquisadores, formada por especialistas da Universidade King's College, de Londres, descobriu que animais que não possuíam a variação do gene tinham menos "desejo" por álcool do que aqueles que apresentavam tal alteração.
O estudo também analisou exames de ressonância magnética dos cérebros de 663 adolescentes do sexo masculino.
O mapeamento revelou que em portadores da versão do gene associada à "bebedeira", todos com 14 anos de idade, havia uma atividade maior em uma parte do cérebro chamada estriado ventral, conhecida por liberar dopamina, substância associada à sensação de prazer.
Quando os pesquisadores questionaram os adolescentes sobre seus hábitos de consumo de álcool dois anos depois, descobriram que aqueles que tinham a variação do gene RASGRF-2 bebiam mais frequentemente.
Contudo, o responsável pelo estudo, Gunter Schumann, explicou que ainda não há provas contundentes de que o gene, sozinho, provocaria a compulsão alcoólica, uma vez que outros fatores ambientais e genéticos também estão envolvidos.
Ele ressaltou, por outro lado, que a descoberta é importante porque joga luz sobre os motivos pelos quais algumas pessoas tendem a ser mais vulneráveis ao álcool do que outras.
"Nosso estudo indica que talvez este gene regule a sensação de bem estar que o álcool oferece para determinados indivíduos", explicou.
"As pessoas buscam situações que provoquem tal sensação de 'recompensa' e deixem-nas felizes. Portanto, se o seu cérebro for condicionado a atingir tal estágio por meio do álcool, é provável que sempre procure essa estratégia afim de alcançar tal meta".
"Agora nós entendemos a cadeia da ação: como os genes moldam a função em nossos cérebros e como que, em contrapartida, isso afeta o comportamento humano".
"Nós descobrimos que o gene RASGRF-2 tem um papel crucial em controlar como o álcool estimula o cérebro a liberar dopamina e, em seguida, ativa a sensação de recompensa".
"Portanto, para as pessoas que têm a variação genética do gene RASGRF-2, o álcool lhes proporciona uma maior sensação de recompensa, levando-as a se tornar beberrões".
Schumann reiterou, entretanto, que mais provas são necessárias para comprovar sua teoria. Ele alertou que o estudo analisou apenas adolescentes do sexo masculino e de uma determinada idade, o que dificultaria estabelecer tendências de consumo de bebidas alcoólicas ao longo prazo.
Ele disse que, no futuro, pode ser possível realizar testes genéticos para ajudar a prever quais pessoas estão mais propensas ao consumo excessivo de álcool.
As descobertas também abririam caminho a novas drogas que bloqueiam o efeito de recompensa que algumas pessoas têm após ingerir bebida alcoólica.
Por outro lado, Dominique Florin, da entidade britânica Medical Council on Alcohol, faz um alerta.
"É provável que haja um componente genético relacionado ao consumo exagerado de álcool, mas isso não quer dizer que se você tiver o gene, você não pode beber, enquanto se você não o tiver, você pode beber o quanto quiser".

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Esquizofrenia: estudo identifica genes

Estudo identifica redes de genes ligadas à esquizofrenia
G1
Análise ainda revelou que redes são similares às que agem no autismo.Genes são muito ativos durante fase de desenvolvimento pré-natal.

A influência da genética sobre o aparecimento da esquizofernia já era algo conhecido pela ciência. Um novo estudo publicado na revista "Nature Neuroscience" neste domingo (11), entanto, identifica duas redes de genes relacionadas à doença e, além disso, indica que há uma conexão entre ela e o autismo.

Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores da Universidade de Columbia, nos EUA, analisaram com computadores uma coleção de centenas de mutações de genes que foram anteriormente identificadas como relacionadas à esquizofrenia. Os cientistas notaram que muitos desses genes, que antes eram considerados isolados, podem ser organizados nas duas redes. Também verificaram que essas redes são muito similares às ligadas ao aparecimento do autismo.

“Isso mostra como as redes genéticas do autismo e da esquizofrenia estão entrelaçadas”, observa Dennis Vitkup, do Centro Médico da Universidade de Columbia. A conclusão levanta o questionamento de como mutações nos mesmos genes podem influenciar o aparecimento de duas doenças muito distintas.

Partes de ambas as redes detectadas são muito ativas durante o desenvolvimento pré-natal, o que sugere que as mudanças no cérebro que causam a esquizofrenia numa pessoa ocorrem muito cedo.

A esquizofrenia é um distúrbio crônico que atinge o cérebro, causando alucinações e delírios. Há remédios eficazes para controlar as crises, afirmam os médicos, mas eles precisam ser tomados com frequência para evitar que o paciente tenha surtos e eles se agravem.

Além dos sintomas de delírio, o paciente pode ter a sensação de que uma voz está mandando que ele faça algo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 1% da população mundial tem esquizofrenia




Maconha vendida em SP vem com fungos e formigas



Paraguaia, maconha vendida em SP vem com fungos e formigas 

Folha de S. Paulo - DE SÃO PAULO

A maconha vendida em São Paulo é quase toda produzida no Paraguai. A droga aparece misturada a folhas, caules e outras plantas. "E também restos de insetos ou formigas, como em qualquer colheita rudimentar feita de forma clandestina", explica o perito José Luiz da Costa, do Instituto de Criminalística.

Em geral, a maconha paraguaia chega a São Paulo prensada e embalada em filme plástico ou alumínio, e adesivada. As condições de transporte são precárias, normalmente em caminhões, escondida entre outros produtos.

Por uma questão econômica, ela não chega ao mercado totalmente seca. É que o tempo de secagem da colheita é relativamente longo (cerca de uma a duas semanas) e as folhas úmidas pesam mais, o que significa um ganho extra para o produtor.

Uma monografia coordenada por Costa em 2011 apontou a presença de três tipos de fungos em maconha apreendida, alguns deles comumente encontrados em alimentos em estado de deterioração. Para Dartiu Xavier, da Unifesp, de forma geral, não há nada objetivo quanto ao risco para seres humanos. Os fungos podem causar alergia e intoxicação para pessoas hipersensíveis, como também doenças em indivíduos imunodeprimidos.
As condições de embalagem e transporte da maconha prensada também podem favorecer a liberação de amônia, de acordo com Elisaldo Carlini, também da Unifesp.
"Com o tempo, a maconha envelhece e se degrada. Pior ainda se estiver umedecida. Amônia na maconha é sinal de má conservação", diz.

Brasil, maior país consumidor de cocaína. Será mesmo?


Plano nacional de enfrentamento às drogas feito “às pressas”

Última Instância - Luiz Flávio Gomes e Mariana Cury Bunduky

De acordo com o “Relatório sobre segurança cidadã nas Américas em 2012”, lançado em julho de 2012 pela OEA (Organização dos Estados Americanos), com um total de 900 mil usuários, o Brasil representa o maior mercado consumidor de cocaína da América do Sul.
Já segundo o 2º LENAD (Levantamento Nacional de Álcool e Drogas), realizado pelo INPAD (Instituto Nacional de Políticas Públicas de Álcool e Outras Drogas) da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), 3% da população adulta brasileira (mais de 3 milhões de pessoas) usam maconha frequentemente.
Em razão da repercussão do tema das “drogas”, o governo federal, por meio do decreto n.º 7637/11, instituiu o “Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras drogas”, cujo objetivo é a integração com os estados e municípios, visando-se investir em políticas públicas e em setores como educação, saúde, segurança pública e assistência social para a devida resolução do problema.
Contudo, para atender rapidamente o clamor social, o Plano começou a ser executado às pressas, sem a devida cautela e seriedade na captação de dados referente ao uso e ao tráfico de drogas, que são essenciais no direcionamento dessas políticas e no repasse de verbas federais.
Nesse sentido, conforme veiculou uma notícia do jornal O Estado de São Paulo, o Plano Integrado se baseou em dados de apenas 4 estados (que se referem somente à quantidade de pontos de vendas e de usuários de crack), de maneira que os comandantes das polícias militares dos 23 demais estados, nos quais se incluem São Paulo, Rio de Janeiro, Minas, Paraná e Mato Grosso, não forneceram tais estatísticas.
Assim sendo, o relatório do Ministério da Justiça concluiu que há uma ausência de mapeamento de dados dos estados sobre a quantidade real de usuários de crack, havendo apenas dados de quantidades de drogas apreendidas, de prisões efetuadas e dados estimados de usuários, até porque usuários e traficantes, na prática, não são diferenciados pela polícia.
Na opinião do professor de psiquiatria da IUnifesp (Universidade Federal de São Paulo), Dartiu Xavier, o retrato do crack no país só poderia ser traçado por uma pesquisa séria e especializada, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz, que, inclusive, estava em andamento, mas foi atropelada por ações policiais que dissolveram as comunidades nos estados.
Assim, embora digna de aplausos a iniciativa do governo federal em direcionar esforços a um tema tão crucial e relevante feito as drogas, não é suficiente. Se o escopo é verdadeiramente enfrentar tal polêmica, é imprescindível que o Plano seja elaborado com cautela, não “às pressas”, sem qualquer sintonia do governo com os estados. De medidas imediatistas e populistas o Brasil já está abarrotado; roga-se, agora, por ações bem elaboradas efetivas e concretas para que se inicie um trabalho grandioso e próspero.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Colo dos pais beneficia saúde mental dos filhos.

Colo dos pais condiciona emoções do bebê

Contato carinhoso diminui problemas como ansiedade e até depressão

POR MINHA VIDA
Desde cedo, a sensação que ele desperta é do maior acolhimento, proporcionando conforto e segurança capazes de aliviar sofrimentos, estimular a delicadeza e a troca sincera de afeto.
O carinho dos momentos em que a criança passa no colo da mãe e do pai permanece na memória para a vida a toda, mesmo que esta recordação não apareça com imagens na lembrança - trata-se de uma sensação armazenada na memória do corpo e que funciona como um analgésico poderoso para os momentos difíceis ao longo da vida. Um estudo feito pelo Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Havard (Estados Unidos) descobriu que bebês e crianças que tinham esse tipo de contato com os pais eram adultos mais protegidos contra ansiedade e doenças como depressão. Os resultados foram publicados no periódico The Harvard University Gazette. Os benefícios, no entanto, são bem mais numerosos do que você pode imaginar quando fecha os olhos e esquece tudo redor para abraçar o seu filho bem juntinho, os especialistas revelam tudo.

Deixa o bebê tranquilo
Os bebês sentem-se em casa no colo da mãe ou do pai, pois ainda guardam uma semelhança com a sua posição e proteção intrauterina. "Isso ajuda a diminuir o choro e deixar o bebê menos estressado, principalmente no caso de um recém-nascido que precisa passar um tempo na UTI (e longe da mãe) logo ao nascer", diz a pediatra e neonatologista Camila Reibscheid, do Hospital São Luiz, em São Paulo. "Dar colo para o bebê durante a noite também pode ajudá-lo a ter um sono melhor e mais tranquilo."

Melhora a digestão
Segundo o pediatra Vanderlei Wilson Szauter, do Hospital e Maternidade São Cristóvão, em São Paulo, o bebê fica mais tranquilo no colo da mãe, e isso faz com que todas as funções fisiológicas funcionem melhor. "Os movimentos intestinais da criança são impulsionados com o calor do corpo da mãe, fator que pode inclusive prevenir as cólicas", afirma.

Alivia as cólicas
Se o bebê começar a sofrer com cólicas, uma das alternativas é colocá-lo para amamentar ou então apenas mantê-lo junto do corpo. "O calor do colo aquece a barriga do bebê e relaxa sua musculatura, diminuindo a dor", afirma a pediatra Camila. 

Melhora o desenvolvimento dos sentidos
A proximidade com a mãe ou com o pai faz com que o bebê desenvolva com mais facilidade suas funções cognitivas e os sentidos como visão, audição e tato. "Ouvir os batimentos cardíacos e a voz da mãe ou do pai, sentir a pele da e manter o contato visual faz com que a criança exerça seus sentidos, que se desenvolvem com mais facilidade", diz Camila Reibscheid. 

Diminui qualquer tipo de dor
Uma pesquisa feita pelo Departamento de Pediatria da Unifesp e publicada no periódico da Universidade constatou que o colo da mãe pode diminuir a sensação de dor que o bebê sente em intervenções doloridas, como uma vacina. "Isso acontece porque existe uma área do cérebro que é ativada quando se recebe carinho, liberando descargas elétricas aptas a diminuir a sensação de dor", afirma o pediatra Vanderlei. "O simples contato com a pele da mãe já pode ajudar a atenuar qualquer sensação dolorosa."

Ajuda no desenvolvimento de bebês prematuros
De acordo com os especialistas, é muito comum em hospitais existir o método "mãe canguru" ou "pele a pele" para bebês prematuros, que precisam ficar na UTI. Nesse sistema, os pais podem entrar na UTI e entrar em contato com o bebê que está dentro da incubadora, tocando na pele da criança pelo tempo acordado com o médico. "Se o bebê estiver em condições clínicas estáveis, os pais poderão fazer a posição canguru, que consiste no bebê ficar em contato direto com o peito nu do pai ou da mãe", explica a pediatra Camila. "Isso ajuda a acelerar o metabolismo do bebê, contribuindo para o seu crescimento e ganho de peso, tão importantes para o bebê prematuro."

Previne doenças no futuro
"O colo faz com que a criança se sinta mais segura de si, mais acolhida, e é essa segurança que vai fazer com que ela amadureça mais rápido", afirma a pediatra Camila. De acordo com a especialista, dar colo para o bebê e para a criança mostra que ela está cercada de proteção. "Isso faz com que ela amadureça e crie coragem para encarar a própria vida no futuro sem medo ou insegurança", diz. De acordo com os pesquisadores de Havard, o estresse precoce resultante da separação e da falta de colo causa mudanças no cérebro infantil, tornando-os adultos mais suscetíveis a doenças como depressão, ansiedade e estresse pós-traumático.

domingo, 14 de outubro de 2012

Dependência e transtorno de personalidade têm semelhanças


Dependência e transtorno de personalidade têm semelhanças

Agência USP de Notícias

Por Mariana Grazini

Ao articular as definições de personalidade borderline e de adicções, o psicanalista Marcelo Soares da Cruz observou que ambos os transtornos possuem um funcionamento muito próximo, pois baseiam-se em relações de adicções e carregam fortes sentidos dolorosos.
Relações adictivas são relações de dependência, seja de drogas, objetos, jogos, comportamentos ou mesmo até de pessoas. O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) também pode ser chamado de Transtorno de Personalidade Limítrofe (TPL) ou Transtorno Estado-Limite de Personalidade, entre outras denominações. Para Cruz, trata-se de uma maneira de estruturar uma personalidade. Quem sofre do transtorno possui relações turbulentas e oscilantes, apresenta desespero, vazio extremo e se sente constantemente ameaçado pela perda do outro. No entanto, esse outro dificilmente é de fato visto por suas características e pode ser facilmente substituído, quase que “coisificado”.
Cruz pesquisou o tema em sua dissertação de mestrado apresentada ao Instituto de Psicologia (IP) da USP. O objetivo era verificar se realmente existia uma relação entre a adicção e a organização de personalidade borderline.
A dissertação de mestrado teve orientação da professora Leila Salomão de La Plata Cury Tardivo, do IP. O estudo foi baseado em análises teóricas e se preocupou mais em buscar a essência das manifestações do sofrimento humano, apesar de serem algumas experiências com casos clínicos que tenham despertado os interesses iniciais do psicanalista acerca do assunto abordado.
O mestrado Reflexões sobre a relação entre a personalidade borderline e as adicções também relatou que a sociedade pós-moderna é carente em amparo e apresenta um esvaziamento que é dito ser preenchido por objetos e por propagandas, que vendem, acima de qualquer produto, uma identidade e promessa de completude. Essa contextualização da sociedade serviu para evidenciar que alguns casos de adicções e de personalidade borderline podem ser exaltados pela forma como se dá o mundo atual.
Borderline e adicções
Pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline têm dificuldade em guardar o outro dentro de si sem que esse outro esteja concretamente presente, por isso tamanha insegurança. A automutilação é comum entre os pacientes, tanto para eles se sentirem mais vivos como para perturbar e mobilizar o próximo e assim obter evidências que eles existem para aquela pessoa.
O TPB não é caracterizado como psicótico pois não há rompimento total com a realidade. É uma condição difícil de se detectar já que ela pode ser confundida com depressão, bipolaridade ou psicopatia, devido alguns rompantes de ódio e raiva.
As adicções são socialmente mais difundidas e tratam-se de dependências por substâncias, sensações, objetos, entre outros. No caso dos adictos, também há um vazio que se busca preencher. Se o “borderline” tende a encarar o outro como objeto, o adicto faz o contrário. A droga, o jogo, o sexo, o objeto de dependência, enfim, passa a ser pessoa e não mais apenas o que realmente é. Há uma necessidade vital de um objeto que é tratada de forma compulsiva.
“A busca pela droga e o borderline apresentam desespero com pessoas e vão em busca da recuperação de algo fundamental que foi perdido”, esclarece o psicanalista. Apesar de os adictos optarem por objetos para compensar “o que foi perdido”, geralmente, como no transtorno borderline, a ausência é por conta de alguém. Ou seja, é provável que a falta de alguma figura familiar ou mesmo social seja um dos principais agravantes da adicção e da personalidade borderline.
Mudança de olhar
O autor da pesquisa conta que já teve contato com condições muito radicais daqueles que sofrem de adicções e da personalidade borderline. Ele afirma que, na maioria das vezes, os casos são incompreendidos e a dissertação de mestrado poderá ajudar a desconstruir a imagem daqueles que olham essas situações de fora e pensam que essas pessoas estão apenas se destruindo. “Apesar de se tratar de uma dissertação mais conceitual, ela serve justamente para situações concretas.”

Tomo 3D captura efeitos da cocaína no cérebro

Nova técnica de tomografia 3D captura efeitos da cocaína sobre o cérebro


I Saúde Net

Estudo fornece evidências sobre micro-isquemia cerebral induzida pela droga que pode desencadear acidente vascular cerebral
Pesquisadores da Stony Brook University, nos EUA, desenvolveram uma técnica de tomografia 3D de alta resolução que torna visível os efeitos da cocaína sobre a restrição do fornecimento de sangue nos vasos, incluindo pequenos capilares, no cérebro.
O estudo fornece novas evidências sobre a micro-isquemia cerebral induzida pelo uso da droga que pode causar acidente vascular cerebral (AVC).
O AVC é um dos riscos médicos mais graves do abuso de cocaína. O fluxo sanguíneo cerebral é interrompido devido aos efeitos vasoativos da droga, e a pesquisa mostrou que o processo contribui para derrames em dependentes de cocaína.
Um tratamento eficaz ainda não foi descoberto em função do pouco conhecimento sobre os mecanismos subjacentes que causam alterações vasculares cerebrais resultantes do abuso de cocaína. Métodos de neuroimagem atuais que podem revelar pistas sobre os mecanismos subjacentes que causam restrição do fluxo sanguíneo cerebral, como ressonância magnética e tomografia computadorizada, são de alcance limitado.
A nova técnica de neuroimagem oferece um método promissor para investigar mudanças estruturais nas pequenas redes neurovasculares do cérebro que podem estar implicadas no derrame.
No trabalho, os pesquisadores descobriram que a cocaína administrada em doses equivalentes às normalmente tomadas por viciados causa constrição nos vasos sanguíneos que inibem o fluxo de sangue no cérebro por diferentes períodos de tempo.
As artérias, veias e capilares do cérebro, e até mesmo os vasos menores, foram afetados pelas doses. O fluxo sanguíneo cerebral foi significativamente reduzido dentro de apenas dois a três minutos após a administração da droga. Em alguns vasos, a diminuição no fluxo chegou a 70%. O tempo de recuperação para os vasos sanguíneos variou.
Os resultados mostraram ainda que a cocaína interrompeu o fluxo sanguíneo cerebral em alguns ratos por mais de 45 minutos. Este efeito tornou-se mais pronunciado após administração repetida de cocaína.
"Nosso estudo revelou evidências de micro-isquemias cerebrais induzidas pela cocaína em vários modelos experimentais, e fomos capazes de claramente visualizar o processo e os efeitos vasoativos a nível microvascular. Essas alterações clínicas comprometem a oferta de oxigênio para o tecido cerebral tornando-o vulnerável à isquemia e morte neuronal", conclui o investigador principal Yingtian Pan.

Frutas e Verduras melhoram a saúde mental

Frutas e verduras melhoram também a saúde mental


Bem-estar
A quantidade que demonstrou o melhor impacto no bem-estar emocional dos participantes foi sete porções diárias
Frutas e verduras: Além de contribuírem para a saúde do organismo, elas estão relacionadas ao bem-estar mental.
Participaram do estudo cerca de 80 mil britânicos, que responderam questões sobre seus hábitos alimentares e como se sentiam. Sarah Stewart-Brown, integrante do grupo de pesquisadores, explicou que o artigo reúne diversos estudos realizados, e todos tornaram possível a mesma conclusão: a quantidade de frutas e verduras que uma pessoa ingere tem impacto em sua saúde mental, além dos efeitos já conhecidos sobre bem-estar físico. O ápice do bem-estar foi encontrado em torno das sete porções diárias.

Uma pesquisa da Universidade de Warwick, na Inglaterra, relacionou o consumo de frutas e verduras ao bem-estar e à saúde mental. Os resultados sugerem que a quantidade recomendada desse tipo de alimento é de sete porções por dia para que o benefício seja alcançado. O artigo será publicado no periódico Social Indicators Research.

CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Is Psychological Well-being Linked to the Consumption of Fruit and Vegetables?
Publicação: periódico Social Indicators Research
Quem fez: David G. Blanchflower, Andrew J. Oswald, and Sarah Stewart-Brown
Instituição: Universidade de Warwick
Dados de amostragem: 80 mil pessoas
Resultado: Foi encontrada uma relação entre o consumo de frutas e verduras e a saúde mental e o bem-estar das pessoas. A quantidade que mostrou o melhor resultado foi de sete porções diárias,que provocou um aumento de 0,25 a 0,33 pontos na escada usada para medir o bem-estar. Em comparação, o fato de estar desempregado, reduz em 0,90 pontos na mesma escada.
“Atualmente se recomenda na Grã-Bretanha o consumo de cinco porções diárias, que é a quantidade adequada para prevenir doenças cardíacas ou câncer, por exemplo, mas poucas pessoas têm pesquisado os efeitos de quantidades maiores”, disse Stewart-Brown ao site de VEJA.
A porção, para fins do estudo, é definida como uma quantidade de 80 gramas. Não foram estudados os efeitos individuais de algum tipo de fruta ou verdura, nem os períodos do dia em que o consumo é mais indicado. Sarah Stewart-Brown ressalta que esse tipo de pesquisa ainda não é realizada com frequência e que seria interessante desenvolvê-la em outros países. “Se você puder dizer às pessoas que além de fazer bem para a saúde, frutas e verduras farão com que elas se sintam melhor, é um incentivo a mais para que elas tenham hábitos saudáveis”, afirma  a pesquisadora.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

São Paulo ocupa o 1° lugar em Transtornos Mentais no mundo


SP EM 1º LUGAR EM TRANSTORNOS MENTAIS

Fonte: UOL
TRANSTORNOS MENTAIS: SÃO PAULO LIDERA ESTATÍSTICAS MUNDIAIS

Cerca de 30% dos paulistas apresentam algum distúrbio mental, de acordo com um estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 24 países. A prevalência é a maior em relação a pesquisas semelhantes feitas em outros lugares do mundo.

O estudo foi coordenado pelo sociólogo Ronald Kessler, da Universidade Harvard e publicado na revista PLoS One em fevereiro, no artigo São Paulo Megacity Mental Health Survey e aqui no Brasil realizado no âmbito do Projeto Temático “Estudos epidemiológicos dos transtornos psiquiátricos na região metropolitana de São Paulo: prevalências, fatores de risco e sobrecarga social e econômica”, financiado pela FAPESP e encerrado em 2009. Entre os autores do artigo está Laura Helena Andrade, professora do Departamento e Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina (FM) da Universidade de São Paulo (USP).

O pesquisadores se concentraram em estimar a prevalência, severidade e tratamento, de acordo com o DSM-IV. Foram examinados correlatos sócio-demográficos, aspectos da vida urbana como a migração interna, exposição à violência e privação social nos últimos 12 meses. Eles descobriram que os transtornos de ansiedade foram os mais frequentes, acometendo cerca de 20% das pessoas, seguido do transtorno de humor (11%), impulsividade (4,3%) e uso de substâncias (3,6%).

É previsto que o crescimento da população mundial se concentre nas grandes cidades, especialmente nos países em desenvolvimento. São Paulo fornece um aviso prévio sobre a carga de transtornos mentais associados ao aumento de desigualdades sociais, econômicas, estressores ligados à rápida urbanização e deterioração da saúde.

Localizada no sudeste do Brasil, a cidade detém mais de 10% da população brasileira e é a quinta maior área metropolitana do mundo, com cerca de 20 milhões de habitantes. É considerado um importante centro industrial e comercial na América Latina. Entre 1997 e 2007, o processo de urbanização aumentou a população em 10% na cidade e 25% em áreas periféricas e municípios à sua volta. Este crescimento é em parte uma conseqüência da migração rural-urbana mobilidade e dos migrantes de regiões pobres do Brasil, que buscam oportunidades de emprego, educação, assistência médica e melhores condições de vida. Como em outras áreas metropolitanas, essas mudanças levam à ocupação desordenada, falta de habitação e ampla crescimento de trabalho informal.

Esse contexto facilita o isolamento social e a dissolução das relações familiares primárias. O empobrecimento associado a essa situação produz violência, aumenta as taxas de homicídio, insegurança, tornando propício o desenvolvimento de transtornos mentais.

Ao cruzar as variáveis, os pesquisadores concluiram que as mulheres que vivem em regiões de alta privação, são as que mais sofrem de transtorno de humor, enquanto que homens migrantes têm mais transtornos de ansiedade. “É necessário que haja rápida expansão no sistema brasileiro de saúde do setor primário e trabalho focado na promoção da saúde mental. Essa estratégia pode se tornar um modelo diante de poucos recursos em uma área altamente habitada como São Paulo”, diz Kessler.

Para Laura, não é possível ter um serviço especializado em todas as unidades, por isso é preciso equipar a rede com pacotes de diagnóstico e de conduta a serem utilizados pelos profissionais de cuidados primários. É preciso capacitar não só os médicos, mas também os agentes comunitários, que devem ser orientados para identificar casos não tão comuns como os quadros psicóticos, levando em conta os fatores de risco associados aos transtornos mentais.

Maconha : sintomas que facilitam a recaída.

Estudo aponta sintomas associados a recaídas no uso de maconha


Do G1, em São Paulo
Cientistas australianos avaliaram 49 usuários de maconha durante um período de abstinência e identificaram que alguns sintomas físicos estão mais ligados a chances de recaída do que outros. Os resultados estão publicados nesta quarta-feira (26) na revista científica "PLoS ONE".
Segundo os autores da Universidade de Nova Gales do Sul, pessoas com sinais como tensão, ansiedade, depressão, alterações de humor, perda de apetite e problemas no sono são mais propensas a voltar a fumar após um tempo sem a droga.
Já outras manifestações físicas, como ondas de calor, fadiga e suor noturno, não foram tão relacionadas às recaídas.
O pesquisador David Allsop e colegas avaliaram os prejuízos nas atividades diárias após duas semanas de interrupção no uso da planta do gênero Cannabis sativa.
A equipe também analisou o grau de reutilização um mês depois. Os voluntários que apresentaram um maior comprometimento funcional decorrente da abstinência acabaram fumando mais maconha no mês seguinte à tentativa de parar.
Segundo os cientistas, o trabalho pode ajudar na busca por novas estratégias de tratamento para as pessoas que querem deixar de fumar maconha e sofrem com a abstinência.

domingo, 30 de setembro de 2012

Dor de cabeça em criança pode ser enxaqueca e precisa ser tratado

Pesquisa inédita mostra que 7,9% das crianças brasileiras têm enxaqueca

O Estado de São Paulo
Levantamento em 87 cidades de 18 Estados atesta que queixas frequentes de dores de cabeça em crianças devem ser levadas a sério

Queixas frequentes de dor de cabeça em crianças devem ser levadas a sério. Um estudo recente concluiu que 7,9% das crianças brasileiras de 5 a 12 anos têm enxaqueca. O levantamento, apresentado este mês no 26.º Congresso Brasileiro de Cefaleia, é o primeiro a avaliar a prevalência da enxaqueca infantil no País.
"Ao contrário do que o leigo geralmente pensa, criança tem enxaqueca e é uma doença que traz prejuízos. Quando não recebe atendimento adequado, essa criança pode desenvolver dificuldades emocionais", diz o autor do estudo, o neurologista Marco Antonio Arruda, diretor do Instituto Glia de Cognição e Desenvolvimento. Outra conclusão é que crianças com cefaleia têm o desempenho escolar prejudicado. Os resultados completos serão publicados na edição de outubro da revista científica Neurology.

Apenas 17,9% das crianças brasileiras nunca se queixaram de dores de cabeça, de acordo com a investigação. E, além dos 7,9% que têm enxaqueca episódica, 0,6% apresenta a forma crônica da doença, que se caracteriza por dores em mais de 15 dias por mês.


Quanto ao impacto nas atividades escolares, o levantamento descobriu que, na população com enxaqueca, o risco de ter dificuldade em prestar atenção na aula é 2,8 vezes maior do que entre as crianças saudáveis. Já o risco de ter um desempenho abaixo da média é 32,5% maior entre as com enxaqueca episódica e 37,1% maior entre as com enxaqueca crônica.


O problema também é motivo de faltas: 32,5% das crianças com enxaqueca episódica perdem dois ou mais dias de aula por causa da dor. Além disso, os sintomas de depressão e ansiedade têm um risco 5,8 vezes maior de aparecerem nas crianças com enxaqueca.


Arruda coordena uma comunidade acadêmica que integra neurologistas e educadores. Em 2008, foram recrutados 124 professores que faziam parte dessa comunidade e estavam dispostos a participar da pesquisa. Eles foram treinados para a aplicação de questionários e a colheita da amostragem ideal. No total, foram avaliadas 5.671 crianças de 18 Estados e 87 cidades brasileiras.
Para identificar os sintomas relativos à cefaleia, os professores aplicaram um questionário validado cientificamente para os pais das crianças. Já a avaliação do desempenho escolar foi preenchida pelos próprios professores. Em seguida, esses dados foram cruzados para se encontrar a relação entre a enxaqueca e os estudos.


De acordo com o neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein Mario Fernando Prieto Peres, os principais sinais de que a criança pode estar sofrendo de enxaqueca, além das queixas frequentes de dor de cabeça, são enjoo, vômito, incômodo com luz ou barulho, relato de alteração visual e de dores pulsantes.


O neuropediatra Carlos Takeuchi, do Hospital Infantil Sabará, observa que, no caso das crianças, gatilhos comuns para a cefaleia são excesso de sol, longos períodos de jejum e o consumo de alguns alimentos.


Atualmente, o tratamento para enxaqueca infantil segue três passos: analgésicos para as crises, alteração de hábitos que desencadeiam a dor e, caso as mudanças não sejam suficientes para cessar o problema, aplica-se também um tratamento profilático com medicamento de uso contínuo.

domingo, 23 de setembro de 2012

Entregar o carro para alcoolizado vai virar crime


Para STJ, quem entrega carro a bêbado pode responder por homicídio doloso

Jornal O Estado de S. Paulo

5ª turma diz que, em caso de morte, o simples repasse de chave caracterizaria coautoria; para os especialistas, é um avanço à lei seca

BRUNO RIBEIRO, LUÍSA MELO, ESPECIAL PARA O ESTADO - O Estado de S.Paulo
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, ao analisar um caso de morte no trânsito, que o simples ato de entregar a chave de um veículo para um motorista alcoolizado pode caracterizar homicídio qualificado com dolo eventual - quando a pessoa assume o risco de provocar uma morte, mesmo sem intenção. Conforme especialistas, na prática estabeleceu-se um avanço na lei seca, punindo até manobristas ou qualquer pessoa que coloque um embriagado ao volante.
A decisão, da 5.ª turma do STJ, foi tomada durante julgamento de um pedido de habeas corpus de um médico de 42 anos, de Pernambuco, que emprestou seu Toyota Corolla para uma amiga. O caso foi na madrugada de 2 de fevereiro de 2010. Ambos tinham ingerido álcool e o acidente foi logo depois de ele deixar de dirigir e passar a condução do carro para a amiga.
De acordo com o relatório da ministra Laurita Vaz, a defesa do dono do carro argumentou que o médico estava sendo acusado incorretamente. Ele teria cometido só uma infração ao artigo 310 do Código de Trânsito Brasileiro - emprestar o carro a alguém embriagado e não o homicídio qualificado. Por isso, pedia o habeas corpus para trancar o processo.
Ainda segundo o relatório, o Tribunal de Justiça de Pernambuco usou o artigo 41 do Código Processual Penal - que determina como as acusações à Justiça devem ser feitas, com exposição do ato criminoso, identificação do acusado, a classificação do crime e, se for possível, quem são as testemunhas - para validar a denúncia do Ministério Público.
O STJ seguiu esse entendimento e negou o habeas corpus. "O réu defende-se dos fatos objetivamente descritos na denúncia e não da qualificação jurídica atribuída pelo Ministério Público ao fato delituoso", disse a relatora. "Ressalto que se deve evitar o entendimento demagógico de que qualquer acidente de trânsito que resulte em morte configura homicídio doloso, dando elasticidade ao conceito de dolo eventual absolutamente contrária à melhor exegese do Direito", afirmou também a ministra Vaz. No entanto, ressalta que no caso do médico as circunstâncias do acidente podem, sim, caracterizar o dolo eventual.
Repercussão. Advogados especialistas em Direito do trânsito ouvidos pelo Estado concordam com a decisão do STJ . "Sou até a favor da prisão em flagrante de quem entrega as chaves de um veículo a uma pessoa que está alcoolizada", diz o presidente da comissão de trânsito da OAB de São Paulo, Maurício Januzzi.
O advogado especialista em trânsito, Marcos Pantaleão, explica que emprestar o carro para alguém bêbado já é crime previsto no Código de Trânsito, mas que a decisão do STJ de considerar o crime como homicídio qualificado com dolo eventual pode facilitar a punição. "A decisão trabalha com a coautoria do crime. Se uma pessoa habilitada percebe que a outra não está em condições de dirigir, ela tem a obrigação de assumir a direção. E, quando ela não assume e acontece um acidente, também é responsável", afirma.
A novidade pode trazer ainda, segundo os especialistas, um avanço importante à lei seca. "Com certeza vão diminuir acidentes de trânsito se, por exemplo, houver fiscalização em bares e restaurantes para evitar que manobristas entreguem chaves dos veículos para clientes alcoolizados", ressalta Januzzi.

Traficantes batizam cocaína e crack com forte anestésico


Traficantes batizam droga com forte anestésico

A Tribuna - Santos
Eduardo Velozo Fuccia

O estouro de um laboratório de refino de drogas, às 9h30 desta sexta-feira 21/09/12, na Zona Noroeste de Santos, merece atenção das autoridades das áreas da Saúde e da Segurança Pública. Traficantes estão misturando à cocaína e ao crack, principalmente, o mesmo anestésico que causou a morte do popstar Michael Jackson, em junho de 2009.
Entre os entorpecentes e vários produtos destinados ao batismo  de drogas que foram apreendidos em uma casa do beco 89 do Caminho da Capela, no Jardim Rádio Clube, policiais do 5º DP de Santos encontraram três frascos do medicamento Fresofol, cujo princípio ativo é o propofol.
Condenado pela Justiça norte-americana por homicídio culposo (decorrente de imprudência, imperícia ou negligência), o médico particular de Michael Jackson, Conrad Murray, disse que o artista era viciado em propofol. No Brasil, o anestésico é de uso exclusivo hospitalar. Quando consumido sem o devido monitoramento, pode causar parada cardior-respiratória.
Denúncia anônima
Sob o comando do delegado Antonio Carlos de Castro Machado Júnior e do investigador Marcelo França, os policiais Luiz Nascimento e Marcos Alves foram checar denúncia anônima de que na casa do beco 89, a moradora chamada Andressa guardava entorpecentes para André Luiz da Silva Ferreira, o Andrezinho.
Recentemente, Andrezinho teve a prisão preventiva decretada em processo de associação para o tráfico do qual é um dos réus. Nesta semana, os mesmos policiais se dirigiram ao Caminho São José para apurar informação de que o acusado lá estaria e foram recebidos a tiros por capangas de Andrezinho. Ninguém ficou ferido e os criminosos fugiram.
Identificada posteriormente como Andressa Santos de Oliveira, de 23 anos, a moradora da casa do Caminho da Capela não estava, mas os policiais entraram no imóvel porque ele estava com a porta aberta. Durante revista, foi achada no quarto uma sacola com 260 pedras de crack, 230 cápsulas de cocaína e 290 porções de maconha de vários tamanhos.
Produtos químicos
Além das drogas, dentro da sacola havia uma máscara de proteção com filtro e diversos produtos para serem misturados às drogas, como o anestésico à base de propofol, três litros de éter, um frasco de acetona e um saco contendo um pó branco ainda ignorado.
Uma vizinha da moradia foi chamada pelos policiais para, na condição de testemunha, acompanhar a apreensão dos entorpecentes e demais produtos. Por aproximadamente uma hora, os agentes permaneceram no local, mas Andressa não apareceu.
O delegado Machado Júnior deverá intimá-la nos próximos dias para que preste esclarecimentos. Segundo ele, é provável que a jovem seja indiciada por tráfico e, eventualmente, pelo crime autônomo de associação para o tráfico.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

"Em dez anos, a maconha pode gerar US$ 1 trilhão para os EUA",


"Em dez anos, a maconha pode gerar US$ 1 trilhão para os EUA", diz Fine

O jornalista que já escreveu para o Washington Post diz que a legalização do cultivo pode ser um salto para a recuperação norte-americana e gerar US$ 35 bilhões por ano em impostos


Mayara Teixeira , iG São Paulo

Doug FIne: Esse já é a colheita número um dos Estados Unidos, praticamente isenta de impostos. As pessoas gostam da planta (100 milhões de americanos, incluindo os últimos três presidentes), inclusive para propósitos industriais (como óleo nutricional). Somente no condado da Califórnia que pesquisei para o livro, a planta gera US$ 6 bilhões por ano para os agricultores. São números grandes. Se pensarmos na história da proibição do álcool nos EUA, antes da Lei Seca o álcool já chegou a gerar cerca de 70% da receita federal.

Fine: Quando a proibição do álcool terminou, os contrabandistas (destiladores do mercado negro) desapareceram. Então, sim, acredito que a indústria vai, assim, tornar-se uma indústria.

Fine: Talvez, mas os EUA também possui um mercado multibilionário de cerveja artesanal. Acredito que o mesmo modelo lucrativo irá se aplicar aos produtores de maconha. Mas também são possíveis versões industriais do cultivo, que talvez sejam ainda mais lucrativas, principalmente como fonte de etanol.

Fine: Sim, alguns temem a queda de preço para a maconha medicinal. Mas se a região do Triângulo da Esmeralda (condados de Mendocino, Humboldt e Trinity, todos na Califórnia) se estabelecerem como os melhores fornecedores da planta, com o maior crescimento, a história mostra que terão lucro de fato. Basta olhar para o condado ao lado, Napa é mundialmente famosa por seus vinhos.


Fine: A maconha é muito menos maléfica à saúde do que o álcool, o tabaco ou alguns medicamentos de prescrição. Geralmente, adultos saudáveis a utilizam com responsabilidade para manutenção da saúde, sociabilidade e espiritualidade, insônia e letargia ocasionais, ou outros motivos. Isso deveria ser visto pela sociedade da mesma forma do que tomar um copo de vinho após um longo dia de trabalho.


Fine: Acredito que a maconha deveria ser inteiramente removida da lei federal de substâncias controladas. Assim, os estados poderiam individualmente regular seu uso, como o álcool para adultos responsáveis. Os benefícios dessa medida serão em torno de US$ 35 bilhões por ano.


Fine: Bilhões seriam arrecadados todo ano através dos impostos. Também seria o fim da mais longa guerra de nossa nação, que é em grande parte uma guerra civil. A colheita número um do país sairia do mundo da ilegalidade e haveria declínio do crime organizado ligado à venda de entorpecentes. A população teria acesso a uma planta fantástica com atributos medicinais largamente reconhecidos. E também ganharíamos independência do petróleo através dos biocombustíveis.

Fine: Ninguém sabe o quão grande o plantio é. Porém, estima-se que seja o maior de nossa nação. Há uma citação interessante que inclui no livro, segundo a avaliação do cultivo doméstico de maconha feita pelo Departamento de Justiça Nacional dos EUA em 2009: “A quantidade de maconha disponível para distribuição nos EUA é desconhecida. Uma estimativa precisa sobre essa quantidade é inviável. E apesar dos esforços para erradicar a cultura, sua disponibilidade permanece relativamente elevada, com rompimento limitado na oferta ou preço”.


Fine: Alguns economistas dizem que em dez anos o impacto seria de US$ 1 trilhão. Isso corresponde de 6 a 7% da dívida pública, nada mal para uma antiga planta.


Fine: Eu quero fazer as pessoas rirem. Acredito que sou provedor de uma espécie de escrita não ficcional que chamo de “Jornalismo Investigativo Comédia”. Se você não pode rir, tem problemas. Eu também gosto de representar, então encaro as entrevistas que dou como uma audição. Para o próximo épico de Spielberg, talvez.

Fine: Eu já usei e acredito que é uma boa planta. Como qualquer outra coisa, de aspirina a álcool e produtos farmacêuticos sob prescrição, pode ser usada com abuso. Mas, minha opinião sobre ela é espiritual. Sou um seguidor da Bíblia, e ela não é vaga sobre isso. Está no Genesis, capítulo um, versículo 29: “vocês terão todas as plantas, sementes e ervas para usar”. Não está escrito “a não ser que um dia Richard Nixon decida que ele não gosta de uma delas”.


Fine: Para mim, a alquimia que permite a criatividade tem origem divina. E eu agradeço todos os dias por isso. Como muito do universo, para alcançá-la é preciso unir a vida temporal com a energia divina.
O jornalista norte-americano, Doug Fine, chamou atenção com o lançamento de seu novo livro “Too High to Fail – Cannabis and the New Green Economic Revolution” (em tradução livre, Chapado Demais para Fracassar - Maconha e a Nova Revolução Econômica Verde, Editora Penguim/Gotham). Basicamente, Fine que já escreveu para o Washington Post afirma que o cultivo de maconha pode ser um importante aliado na recuperação econômica dos Estados Unidos.
Para escrever o livro, ele passou um ano no condado de Mendocino, ao norte da Califórnia, onde o plantio para fins medicinais era permitido mediante pagamento de taxa. Cada produtor podia plantar no máximo 99 mudas, e ao fim de um ano a maconha foi responsável por 80% da economia local, um montante de US$ 8 bilhões. Porém, neste ano, o licenciamento do cultivo foi interrompido por pressão federal.
O governo americano considera a maconha uma droga ilegal,viciante e sem valor algum para tratamentos médicos, por isso lidera uma guerra contra os 17 estados que a liberaram para uso medicinal. Ainda este ano, nas eleições de novembro, três estados norte-americanos votarão sobre a legalização do uso recreativo para adultos.
Segundo Fine, se o cultivo fosse legalizado, os EUA poderiam arrecadar US$ 35 bilhões por ano em impostos, “uma boa quantia para uma antiga planta”. 

 Leia a entrevista:
iG: A maconha realmente pode ser um salto para a recuperação da economia norte-americana? Como? 
Doug FIne: Esse já é a colheita número um dos Estados Unidos, praticamente isenta de impostos. As pessoas gostam da planta (100 milhões de americanos, incluindo os últimos três presidentes), inclusive para propósitos industriais (como óleo nutricional). Somente no condado da Califórnia que pesquisei para o livro, a planta gera US$ 6 bilhões por ano para os agricultores. São números grandes. Se pensarmos na história da proibição do álcool nos EUA, antes da Lei Seca o álcool já chegou a gerar cerca de 70% da receita federal.

iG: Muitos produtores de maconha não são formalmente registrados. Você acredita que eles oficializariam suas produções se o cultivo para fins medicinais fosse permitido pelo governo?
Fine: Quando a proibição do álcool terminou, os contrabandistas (destiladores do mercado negro) desapareceram. Então, sim, acredito que a indústria vai, assim, tornar-se uma indústria.

iG: Não é possível que grandes empresas nacionais de cerveja ou tabaco monopolizem o mercado da maconha? 
Fine: Talvez, mas os EUA também possui um mercado multibilionário de cerveja artesanal. Acredito que o mesmo modelo lucrativo irá se aplicar aos produtores de maconha. Mas também são possíveis versões industriais do cultivo, que talvez sejam ainda mais lucrativas, principalmente como fonte de etanol.

iG: Com a legalização, a oferta provavelmente será maior. Não é possível que os preços caiam e o cultivo deixe de ser tão rentável? 
Fine: Sim, alguns temem a queda de preço para a maconha medicinal. Mas se a região do Triângulo da Esmeralda (condados de Mendocino, Humboldt e Trinity, todos na Califórnia) se estabelecerem como os melhores fornecedores da planta, com o maior crescimento, a história mostra que terão lucro de fato. Basta olhar para o condado ao lado, Napa é mundialmente famosa por seus vinhos.

iG: Alguns pesquisadores dizem que apenas 5% do cultivo de maconha é utilizado para fins medicinais. Estimular o plantio, não é indiretamente estimular o uso ilegal da droga? 
Fine: A maconha é muito menos maléfica à saúde do que o álcool, o tabaco ou alguns medicamentos de prescrição. Geralmente, adultos saudáveis a utilizam com responsabilidade para manutenção da saúde, sociabilidade e espiritualidade, insônia e letargia ocasionais, ou outros motivos. Isso deveria ser visto pela sociedade da mesma forma do que tomar um copo de vinho após um longo dia de trabalho.

iG: Você é favorável apenas à legalização do cultivo para fins medicinais ou para uso civil também? 
Fine: Acredito que a maconha deveria ser inteiramente removida da lei federal de substâncias controladas. Assim, os estados poderiam individualmente regular seu uso, como o álcool para adultos responsáveis. Os benefícios dessa medida serão em torno de US$ 35 bilhões por ano.

iG: Quais seriam os benefícios da legalização para o país? 
Fine: Bilhões seriam arrecadados todo ano através dos impostos. Também seria o fim da mais longa guerra de nossa nação, que é em grande parte uma guerra civil. A colheita número um do país sairia do mundo da ilegalidade e haveria declínio do crime organizado ligado à venda de entorpecentes. A população teria acesso a uma planta fantástica com atributos medicinais largamente reconhecidos. E também ganharíamos independência do petróleo através dos biocombustíveis.

iG: Qual é o tamanho da produção de maconha nos EUA? 
Fine: Ninguém sabe o quão grande o plantio é. Porém, estima-se que seja o maior de nossa nação. Há uma citação interessante que inclui no livro, segundo a avaliação do cultivo doméstico de maconha feita pelo Departamento de Justiça Nacional dos EUA em 2009: “A quantidade de maconha disponível para distribuição nos EUA é desconhecida. Uma estimativa precisa sobre essa quantidade é inviável. E apesar dos esforços para erradicar a cultura, sua disponibilidade permanece relativamente elevada, com rompimento limitado na oferta ou preço”.

iG: A dívida pública norte-americana foi recentemente estimada em pelo menos US$ 16 trilhões. Você acredita que a receita proveniente dos impostos sobre a produção da maconha teria impacto significativo sobre esse valor? 
Fine: Alguns economistas dizem que em dez anos o impacto seria de US$ 1 trilhão. Isso corresponde de 6 a 7% da dívida pública, nada mal para uma antiga planta.

iG: Você é muito bem-humorado em entrevistas. O título do seu livro e seu website também são divertidos. Você não teme não ser levado a sério? 
Fine: Eu quero fazer as pessoas rirem. Acredito que sou provedor de uma espécie de escrita não ficcional que chamo de “Jornalismo Investigativo Comédia”. Se você não pode rir, tem problemas. Eu também gosto de representar, então encaro as entrevistas que dou como uma audição. Para o próximo épico de Spielberg, talvez.

iG: Você fuma maconha? 
Fine: Eu já usei e acredito que é uma boa planta. Como qualquer outra coisa, de aspirina a álcool e produtos farmacêuticos sob prescrição, pode ser usada com abuso. Mas, minha opinião sobre ela é espiritual. Sou um seguidor da Bíblia, e ela não é vaga sobre isso. Está no Genesis, capítulo um, versículo 29: “vocês terão todas as plantas, sementes e ervas para usar”. Não está escrito “a não ser que um dia Richard Nixon decida que ele não gosta de uma delas”.

iG: Você acredita que a maconha tem o potencial de aumentar a criatividade? Já escreveu quando estava “chapado”? 
Fine: Para mim, a alquimia que permite a criatividade tem origem divina. E eu agradeço todos os dias por isso. Como muito do universo, para alcançá-la é preciso unir a vida temporal com a energia divina.