As drogas que mais afastam as pessoas do trabalho
Álcool, cocaína e uso misturado são as líderes em afastamento
Fonte: Ministério da Previdência Social
O álcool, de fato, é a substância isolada mais usada pelos profissionais que recebem licença por 15 dias ou mais para tratar a dependência química. Ele representa 33,2% dos 36.434 afastamentos concedidos em 2010, seguido pela cocaína, com 16,1%. Mas no ranking de auxílios-doença por uso de drogas é a mistura de vários entorpecentes a que lidera as razões para os trabalhadores ausentarem-se. No ano passado, 17.642 afastamentos foram acumulados, duas licenças por hora.
O coquetel de drogas que desencadeia a dependência afeta não só pacientes como médicos especializados, que estão em busca de interferências eficazes para tratar a mistura.
A abordagem e o tratamento, afirma a psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo, Alessandra Diehl, são mais complicados quando a fissura é despertada tanto por álcool, cocaína, quanto por crack ou qualquer outra. Para ela, o múltiplo uso é reflexo da sociedade atual, mais ansiosa. “Para conseguir efeitos cada vez mais intensos e cada vez mais rápidos, eles usam de tudo, misturado, em uma só noite”, afirma.
O uso combinado de várias substâncias também influencia o maior risco de overdose e um novo mapeamento divulgado, no início da semana, pela Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), indica que as intoxicações por drogas estão em plena ascensão. Em 2000, foram registrados 1.634 casos de envenenamento. Já em 2009, foram 4.526 registros, aumento de 176%.
A relação com o trabalho
O uso de drogas e álcool sempre é associado aos ambientes festivos e aos compromissos de final de semana, mas a coordenadora terapêutica Ana Cristina Fulini – que atua na Clínica Maia especializada no acolhimento de dependentes químicos, diz que o hábito tem uma forte ligação com os compromissos profissionais.
“A cultura do happy hour é um dos exemplos. Executivos e executivas também fecham negócios e a bebida alcoólica faz parte deste cenário. O ponto positivo é que temos já o encaminhamento de pacientes via empresa. Isto é muito positivo”, avalia Fulini.
Renigio Todeschini – diretor do departamento de saúde do trabalhador do Ministério da Previdência, acrescenta que “parte dos casos de dependência química pode ser vista como desencadeada pela organização e a condição de trabalho”. “Em um clima de pressão e ritmo intenso, o trabalhador pode procurar a compensação em uma substância psicoativa e acreditar, erroneamente, que este alívio pode vir com o uso de droga.”
As quase 37 mil licenças trabalhistas para o tratamento da dependência química registradas no ano passado são referentes ao total de afastamentos, chamados de previdenciários. Existem ainda os casos denominados acidentários, que configuram os afastamentos por doenças provocadas, exclusivamente, pelas condições trabalhistas.
Estes registros também estão em alta. Em 2006, foram 612 licenças por transtorno mental, grupo de causas em que a dependência está incluída, concedidas pelo Ministério da Previdência. No ano passado, o número ampliou 20 vezes e chegou a 12.150 casos
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