Açúcar, sal e cocaína formam "trio assassino" do coração
Médicos procuram solução para o pó branco por trás da morte cardíaca; Anvisa quer mensagem de alerta na embalagem de produtos
Fernanda Aranda, enviada a Belo Horizonte
A morte cardíaca no Brasil começa em um pó branco. Sal, açúcar e cocaína são três grandes inimigos do coração, responsáveis por mais de 80% das 300 mil mortes anuais por doenças cardiovasculares no País.
O trio ganhou uma mesa especial de discussão no Congresso Brasileiro de Cardiologia, que vai até o dia 29, em Belo Horizonte, e já está no alvo de uma ofensiva de combate criada pelas sociedades médicas e Ministério da Saúde.
Sal em excesso na alimentação é fator de risco para doenças cardiovasculares
Em discussão no governo federal, afirmou o presidente da comissão de hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Carlos Alberto Machado, existem dois projetos paralelos para atacar produtos muito açucarados ou salgados em excesso. A proposta é colocar mensagens de alerta nas embalagens destes alimentos (salgadinhos, bolachas recheadas, refrigerantes, chocolates, congelados e até barras de cereal), semelhantes as que já são usadas nos maços de cigarro. O estilo "Ministério da Saúde adverte: este produto contém sódio ou açúcar em excesso e pode fazer mal à saúde" já foi acordado e aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), garantiu Carlos Alberto Machado.
"O presidente da Anvisa participou de nossas reuniões, formadas também por representantes da indústria alimentícia, ministérios da saúde e agricultura, Embrapa, e acatou nossas sugestões”, afirmou o presidente da comissão de hipertensão, que já foi assessor da área do Ministério da Saúde. “O texto da resolução que afirma isso está pronto, já foi apresentado e tem ainda mais três meses para ser discutido. Temos a convicção de que vai sair do papel”, completou ele.
Em paralelo a alimentação com muito sal e açúcar está o uso de drogas, outro fator que potencializa os danos cardíacos e a mortalidade precoce. A cocaína é a representante principal deste grupo de vilões, mas o líder da ofensiva, o cardiologista Dikran Armaganijan – presidente da comissão de promoção à saúde da Sociedade Brasileira de Cardiologia e articulador das propostas com a saúde escolar – acrescenta o ecstasy, o crack e as drogas para emagrecer, responsáveis por 30% das mortes de jovens infartados com menos de 30 anos no país – faixa etária cada vez mais presente nas estatísticas de morte cardíaca.
Além de Machado e Armaganijan, outros quatro especialistas trouxeram dados novos para reforçar o trio do pó branco como o principal assassino do coração do brasileiro.
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