domingo, 31 de julho de 2011

Garotas tem mais prejuizos mentais com o abuso de álcool.


Beber demais pode danificar memória de meninas adolescentes, diz estudo



BBC UK

Jovens mulheres seriam mais vulneráveis que os rapazes aos efeitos do álcool



Adolescentes, especialmente do sexo feminino, que bebem grandes quantidades de álcool de uma só vez podem danificar a parte do cérebro que controla a memória e a percepção espacial, de acordo com um estudo americano.
Os cérebros de jovens mulheres são mais vulneráveis aos danos causados pelo álcool porque se desenvolvem mais cedo que os dos homens.

Saúde
Por isso, segundo a pesquisa publicada em Alcoholism: Clinical and Experimental Research, aquelas que bebem demais em um curto espaço de tempo podem acabar tendo problemas ao dirigir, jogar esportes com movimentos complexos, usar mapas e ao tentar lembrar o caminho para os lugares.

Testes
Os pesquisadores de diversas universidades dos Estados Unidos fizeram testes neuropsicológicos e de memória espacial com 95 adolescentes entre 16 e 19 anos de idade.
Entre eles, 40 (27 do sexo masculino e 13 do sexo feminino) bebiam muito de uma só vez (Mais de 1,5 litro de cerveja ou quatro taças de vinho para mulheres ou mais de 2 litros de cerveja ou uma garrafa de vinho para os homens).
Os mesmo testes foram repetidos com 31 rapazes e 24 moças que não bebiam em grandes quantidades e os resultados foram então comparados.

Tecnologia
Usando aparelhos de ressonância magnética, os pesquisadores descobriram que as adolescentes que bebiam muito tinham menos atividade em várias áreas do cérebro que as que não bebiam, durante o mesmo teste de percepção espacial.
Segundo Susan Tapert, professora de psiquiatria na Universidade da Califórnia e autora do estudo, estas diferenças na atividade cerebral podem afetar negativamente outras funções, como concentração e o tipo de memória usado na hora de fazer cálculos, o que também seria fundamental para o pensamento lógico e capacidade de raciocínio.
Já os jovens rapazes não teriam sido afetados da mesma forma, de acordo com Tapert.
"Os adolescentes que bebiam demais mostraram alguma anormalidade, mas menos, na comparação com os rapazes que não bebiam. Isso indica que as jovens do sexo feminino são particularmente vulneráveis aos efeitos negativos do excesso de álcool."


Nossa Senhora do Crack : Ousadia

Rogai por noias

A polêmica aparição da santa na cracolândia, que ganhou bênção de dom Odilo Scherer e acabou destruída por usuários da droga

 

Ivan Marsiglia, de O Estado de S. Paulo – 30 julho 2011

Foto: Folha.com

O fotógrafo e artista gráfico José Zarella Neto resolveu fazer uma graça. No dia 21, puxou um gato de seu estúdio na região da Santa Cecília, no centro de São Paulo, e esticou o fio até a esquina, na Rua Apa. Ali fica um dos territórios flutuantes e nômades que nos acostumamos a chamar de "cracolândias". Com dois assistentes, Rodrigo Roseiro e Rafael Berezinski, instalou uma lâmpada na parede, na parte mais escura da rua, onde os usuários da droga se concentram assim que cai a tarde até alta madrugada, e pintou um retângulo azul. Depois, os três fizeram um suporte com espuma de poliuretano. No dia seguinte de manhã, trouxeram uma imagem de Nossa Senhora Aparecida de gesso, comprada de uma artesã do bairro do Jabaquara, cuja coroa e base ele pintou com tinta spray dourada.
Fixaram a santa no suporte, colaram na parede sobre ela uma máscara vazada de estêncil e preencheram as letras com spray da mesma cor: "Nossa Senhora Do...". A última linha, mantiveram coberta com um pano até os últimos retoques. Então, Zarella - conhecido por Alemão entre os vizinhos adictos - verificou se a rua estava vazia antes de retirar o pano. Revelou, então, a última palavra - palavra que não era de Deus. "Nossa Senhora Do Crack."
Aos 33 anos, Alemão mora no bairro da Barra Funda desde que nasceu. Caçula de três irmãos sustentados pela mãe vendedora, perdeu o pai, dentista, aos 6 anos. A aparência que lhe conferiu o apelido herdou do avô, um imigrante russo fugido, segundo lhe consta, da revolução comunista. Antes de se transformar em fotógrafo premiado de publicidade, trabalhou como office-boy, entregador e contínuo de jornal. Lá, após cursar o Senac, fez seus primeiros cliques até tornar-se editor de fotografia de uma sucursal na região do ABC paulista.
Depois, foi assistente de alguns dos grandes nomes da fotografia no País: Thelma Vilas Boas, Luis Crispino, Maurício Nahas, até alçar voo próprio. Hoje, se não deixou o bairro de sua infância simples, pilota um estúdio de três pavimentos e ainda nessa semana preparava a campanha de lançamento do novo carro de uma grande montadora. Na parede, a imagem que ele fez para uma campanha do Exército da Salvação, da agência McCann Erickson, que ganhou o Leão de Bronze em Cannes em 2007. Zarella tem outro desses, que faturou por outra campanha, da agência Loducca, um ano antes.
Não que a convivência entre o luxo e o lixo seja fácil. Uma ocasião teve que interromper uma reunião com clientes por causa da zoeira dos "noias" - como são conhecidos os usuários de crack, por causa de seu estado frequente de inquietação e paranoia - na rua ao lado. Quase apanhou de um deles. Outros, no entanto, felizmente preferiram a política da boa vizinhança: "Deixa o Alemão, que ele é gente boa".
Nada comparado ao que aconteceu no ano passado, quando ele viajou a trabalho com sua equipe e um noia pulou o muro da casa ao lado, cortou a telha de zinco do estúdio e entrou. "O sacana me levou um aparelho de som e outras coisinhas. Mas isso é de menos", contemporiza. Zarella Neto não frequenta igreja, mas tem sempre um terço com contas de madeira pendurado no pescoço e se diz "um Cristão sem religião".
Se é a tal culpa cristã, tampouco ele explica, mas o fato é que o fotógrafo banca do próprio bolso trabalhos autorais com pegada invariavelmente social. Certa vez ele atraiu com sanduíches de mortadela e cachê de R$ 10 oito mendigos da região. Fotografou-se lavando os pés deles com leite - em uma de suas séries mais impressionantes. Outra delas é o work in progress nas cracolândias da cidade, que ele visita uma vez por semana, disparando o obturador da janela do carro. Recentemente, na Praça Júlio Prestes, levou um susto quando um usuário de crack atirou uma pedra e estourou o vidro de seu Renault Mégane.
Nenhum projeto lhe deu tanta dor de cabeça, no entanto, quanto a Nossa Senhora Do Crack, cuja produção e instalação ele registrou em vídeo, que pode ser visto na internet:. A repercussão, literalmente, o derrubou: Alemão teve febre e precisou tirar um dia de folga do estúdio. "Eu sabia que aquilo ia causar controvérsia, mas pensava que, por se tratar de uma imagem sacra, a obra seria preservada." Santa ilusão.
De início, tanto o frentista do posto quanto a atendente do bar na esquina, cumprimentaram-no pelo trabalho. Os noias, que costumam estar alheios a quase tudo, também elogiaram. Uma mulher maltrapilha pôs a mão no ombro dele e agradeceu: "É linda. Está aqui para ajudar a gente". Fenômeno diverso, no entanto, se deu após a aparição de uma emissora de televisão.
A repórter colheu opiniões revoltadas nas redondezas. Até os usuários de drogas se puseram a criticar, naturalmente sem mostrar o rosto. No vídeo, uma diz que o crack "não é de Deus"; outro, que aquela era "uma santa do mal". Os ânimos se exaltaram e, diante da câmera, um deles se dependurou no suporte e começou a balançar - até que ele caiu e a santa se espatifou no chão. Uma senhora que passava se apiedou e levou a cabecinha de Nossa Senhora para casa: "Vou cuidar como se fosse uma criança".
O padre Julio Lancellotti, que desenvolve trabalhos sociais com moradores de rua, chegou em seguida e, diante da santa craquelada, abusou da metáfora: "Agora, quebrada, ficou ainda mais parecida com o povo que está aqui. É um povo machucado, destruído, que está com a sua imagem desfigurada".
Mesmo o cardeal dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, deu sua bênção à instalação. "Os usuários de drogas são humanos, irmãos, filhos de Deus. Nossa Senhora Do Crack, rogai por eles e por nós também." Foram as dezenas de cartas e e-mails diabólicos que chegaram ao estúdio - fazendo até menções nada delicadas à mãe do artista - que o deixaram doente.
A repercussão não foi por acaso. Desde que o crack ganhou vulto nas ruas da cidade e bateu na porta das famílias de classe média, o tema suscita as mais pesadas discussões - numa gama que vai da mais completa intolerância à complacência ingênua. De nada adiantou a secretária nacional de políticas sobre drogas, Paulina Duarte, ir à TV dizer que a ideia de que o País vive uma "epidemia de crack é uma grande bobagem".
O Ministério da Saúde ainda aguarda uma pesquisa, prometida para este ano, que dará contornos corretos ao flagelo que afeta não só as grandes cidades, mas também áreas rurais do País. Estima que sejam 600 mil os viciados na pedra em todo o Brasil. Em São Paulo, onde o crack chegou primeiro - assim como agora o oxi, sua versão mais rústica e barata, destilada "artesanalmente" com querosene ou gasolina - policiais do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) calculam que cerca de 2 mil usuários circulam por regiões como a Rua Helvétia, Barão de Piracicaba, Dino Bueno, Tenda da Bela Vista, Praça do Correio e Largo Coração de Jesus, entre outros, além de bairros como o da Mooca.
É igualmente difícil, dizem as autoridades, isolar o dependente de crack do uso de outras drogas, em especial o álcool. É prática comum, por exemplo, o uso do chamado "pitico" ou "basuco": um cigarro de maconha misturado com a pedra. O tema, complexo, é tratado pela Prefeitura ora como questão de polícia, ora como problema de saúde pública.
Ambiguidade. À noite, viaturas da Guarda Civil e da Polícia Militar enquadram os usuários, apreendem drogas e buscam os traficantes. Durante o dia, Kombis da secretaria de Saúde trazem agentes, vestidas de jaleco azul-celeste, que atuam sempre em dupla na tentativa de convencê-los a se tratarem. Os feridos, desidratados ou convalescentes de doenças infecciosas são encaminhados às AMAs (Atendimento Médico Ambulatorial). Os que se dispuserem a aconselhamento ou mesmo a internação são levados para as unidades do Capes, Centro de Atenção Psicossocial.
A não ser por determinação judicial, ninguém pode ser internado compulsoriamente. Quando se dispõe à internação, o usuário pode passar até três meses no Serviço de Atenção Integral ao Dependente (Said), no bairro de Heliópolis, para se reestruturar. A Prefeitura também dispõe de comunidades terapêuticas conveniadas que podem receber doentes. Depois, assistentes sociais fazem um esforço para reintegrá-los à família e ao convívio na sociedade. Por razões óbvias, é bastante difícil conseguir emprego para um ex-usuário de crack.
Em toda a cidade são apenas 317 leitos especializados nesse tipo de tratamento. Neles há grande rodízio de pacientes, que normalmente passam por mais de uma internação. "Essas idas e vindas são comuns, parte do processo de reabilitação", ensina a coordenadora de saúde mental, álcool e drogas do município, Rosangela Elias. Desde que o programa começou, em 2009, 1.705 dependentes foram internados, só 111 deles compulsoriamente. A maioria volta para a droga. "É um trabalho de formiguinha."
Nessa semana, um parecer da Procuradoria-Geral do Município abriu caminho para a adoção, em vigor desde maio no Rio de Janeiro, da internação compulsiva de menores em São Paulo. Para alguns, como o professor da Unifesp Ronaldo Laranjeira, trata-se de "um ato de coerção com compaixão". Para outros, como seu colega Dartiu Xavier da Silveira, internação à força tende ao fracasso: "A recaída é quase certa". Quem trabalha nas ruas também relata uma dificuldade adicional: vários usuários não têm documentos e não é fácil deduzir sua idade pela fisionomia.
Enquanto o debate prossegue, Zarella Neto desistiu de colocar outra escultura da santa no altar da Rua Apa, como chegou a anunciar no início da semana. A Nossa Senhora Do Crack se quebrou e pronto. Mas o fotógrafo já planeja outras "aparições" pela cidade, sobre as quais faz mistério maior que o de Fátima. "Tenho fé que ainda vou abrir os olhos das pessoas."


Sindrome de Abstinência do álcool pode ser muito perigosa

Amy Winehouse teria morrido por abstinência de álcool


Tablóide britânico The Sun publicou nesta quinta-feira uma entrevista com a família da artista. Segundo a publicação, "ter parado completamente de beber durante três semanas teria sido um choque letal para seu corpo minúsculo"


 
GAZETA DO POVO


Família de Amy Winehouse diz que ela morreu por abstinência de álcool
A família de Amy Winehouse disse que a cantora morreu por abstinência de álcool, informou o tablóide britânico The Sun, nesta quinta-feira (28). De acordo com o jornal, "ter parado completamente de beber durante três semanas teria sido um choque letal para seu corpo minúsculo".
Familiares afirmaram que a artista ignorou o conselho de seu médico para reduzir o consumo excessivo de álcool de forma gradual, o que gerou uma crise de abstinência. Mesmo com os depoimentos publicados pelo jornal, três dias antes de morrer, Amy Winehouse foi vista bebendo gim e energético em sua última aparição pública.
Amy Winehouse morreu em sua casa em Londres no último sábado, aos 27 anos. Um inquérito para apurar as causas da morte foi aberto na segunda-feira e adiado até outubro. A polícia descreveu a morte como sendo inexplicada, e uma autópsia não teria determinado a causa. Estão sendo realizados mais exames médicos, cujos resultados são aguardados para agosto.
Alcoolismo



Consenso sobre a Síndrome de Abstinência do Álcool (SAA) e o seu tratamento


Ronaldo Laranjeira (SP), Sérgio Nicastri (SP), Claudio Jerônimo (SP), Ana C Marques (SP) e equipe
Departamento de Dependência Química da Associação Brasileira de Psiquiatria


Partes do texto, para entender a síndrome de abstinência do álcool:


(...)Pessoas que bebem de forma excessiva, quando diminuem o consumo ou se abstêm completamente, podem apresentar um conjunto de sintomas e sinais, denominados Síndrome de Abstinência do Álcool (SAA). Alguns sintomas, como tremores, são típicos da SAA. Entretanto, muitos outros sintomas e sinais físicos e psicológicos considerados como parte da SAA são insidiosos, pouco específicos, o que torna o seu reconhecimento e a sua avaliação processos complexos, muito mais do que possa ser pensado num primeiro momento.
Uma série de fatores influenciam o aparecimento e a evolução dessa síndrome, entre eles: a vulnerabilidade genética, o gênero, o padrão de consumo de álcool, as características individuais biológicas e psicológicas e os fatores socioculturais. Os sintomas e sinais variam também quanto à intensidade e à gravidade, podendo aparecer após uma redução parcial ou total da dose usualmente utilizada, voluntária ou não, como, por exemplo, em indivíduos que são hospitalizados para tratamento clínico ou cirúrgico. Os sinais e sintomas mais comuns da SAA são: agitação, ansiedade, alterações de humor (irritabilidade, disforia), tremores, náuseas, vômitos, taquicardia, hipertensão arterial, entre outros. Ocorrem complicações como: alucinações, o Delirium Tremens (DT) e convulsões. (...)


Diagnóstico
A redução ou a interrupção do uso do álcool em pacientes dependentes produz um conjunto bem definido de sintomas chamado de síndrome de abstinência. Embora alguns pacientes possam experimentar sintomas leves, existem aqueles que podem desenvolver sintomas e complicações mais graves, levando-os até a morte.
O quadro se inicia após 6 horas da diminuição ou da interrupção do uso do álcool, quando aparecem os primeiros sintomas e sinais. São eles: tremores, ansiedade, insônia, náuseas e inquietação. Sintomas mais severos ocorrem em aproximadamente 10% dos pacientes e incluem febre baixa, taquipnéia, tremores e sudorese profusa. Em cerca de 5% dos pacientes não tratados, as convulsões podem se desenvolver. Outra complicação grave é o delirium tremens (DT), caracterizado por alucinações, alteração do nível da consciência e desorientação. A mortalidade nos pacientes que apresentam DT é de 5 a 25%.13  (...)
http://www.scielo.brRevista Brasileira de Psiquiatria

Democracia : Grupo protesta contra a maconha

Grupo protesta hoje contra a maconha


Religiosos esperam reunir 100 mil pessoas na av. Paulista; ato é reação a tentativa de descriminalizar a droga
Manifestantes ligados a "escritor ecumênico" declaram que não querem "uma nação de drogados e viciados"
Folha de São Paulo - DE SÃO PAULO – 30/07/2011


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"Você daria maconha ao seu filho?" É com essa pergunta que um grupo religioso organizou o "Movimento Nacional Contra a Liberação da Maconha", que pretende reunir hoje 100 mil pessoas na avenida Paulista.
O grupo liderado pelo "escritor ecumênico" Xamã Gideon dos Lakotas, espécie de guru religioso da entidade, faz frente aos organizadores da Marcha da Liberdade, ocorrida em várias cidades, entre elas São Paulo, no último dia 18 de junho, e da Marcha da Maconha, realizada em 2 de julho.
A primeira comemorou a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que autorizou manifestações favoráveis à maconha. A segunda reuniu 2.000 pessoas na mesma avenida Paulista.
A manifestação ocorre na esteira do debate sobre a descriminalização da maconha.

A exemplo dos atos pró-maconha, o movimento contra foi organizado via redes sociais na internet (principalmente Facebook) e blogs. A caminhada está prevista para começar às 10h, no Masp, e seguirá até a Assembleia Legislativa, onde ocorrerá um show, às 14h.
Em carta, o grupo diz que "nosso país hoje se depara com a real ameaça de um colapso social". "Até o presente momento, apenas aqueles que defendem a liberação da maconha estão se manifestando com alguma relevância. Com este propósito, até mesmo marchas são organizadas, levando aos holofotes da mídia o seu grito inconsequente", diz o texto.
Segundo a entidade, "o povo brasileiro sabe que a maconha não deve ser liberada". O movimento, diz a carta, surgiu por iniciativa de um grupo de amigos e começou a ser divulgado em escolas, universidades, movimentos sociais, ONGs, além "de irmãos de fé das mais diferentes crenças e religiões".
De acordo com os organizadores, Gideon é um escritor que dá cursos e ensinamentos religiosos. O grupo, criado em Minas Gerais, se autodenomina uma obra de caridade sem fins lucrativos, dedicada ao aperfeiçoamento espiritual do ser humano. "Não queremos uma nação de drogados e viciados", diz a carta do movimento.
Segundo a PM, cerca de 200 policiais da Força Tática e da Rocam (ronda com motos) acompanharão o evento. (GIBA BERGAMIM JR.)

Tratamento compulsório ou limpeza da área?

Kassab quer comprar um terreno para tratar viciado


Prefeitura pretende ampliar tratamentos
Folha de São Paulo - EVANDRO SPINELLI DE SÃO PAULO

A Prefeitura de São Paulo estuda comprar uma área em Guaratinguetá (187 km de SP) para tratar viciados em crack. A ideia do prefeito Gilberto Kassab (PSD) é comprar o imóvel e anexá-lo à Fazenda Esperança, entidade ligada à Igreja Católica que trata viciados em drogas e álcool com a qual a prefeitura tem convênio.
Desde junho, a prefeitura envia dez pessoas por mês para tratamento no local. "É gente da cracolândia, viu?", disse a secretária de Assistência e Desenvolvimento Social e vice-prefeita, Alda Marco Antonio (PMDB).
Com a ampliação da área, a prefeitura poderia enviar mais pacientes para o local. O contrato com a entidade prevê o tratamento de cem pessoas por ano.

A prefeitura paga R$ 800 por mês para cada paciente, além de despesas extras. O tratamento dura um ano. A prefeitura tem convênio também com outras entidades, todas fora da capital.
A ideia de comprar a área surgiu quando Kassab visitou o local. Há uma negociação para o terreno virar loteamento. A prefeitura ainda não procurou o proprietário.
O problema é que a prefeitura não tem certeza se pode comprar um imóvel fora de São Paulo. O assunto ainda está em discussão na área jurídica do governo.
Desde junho, a prefeitura busca uma fórmula jurídica para tirar viciados das ruas a força. A Secretaria de Negócios Jurídicos pretende conversar com Tribunal de Justiça, Ministério Público e Defensoria sobre o assunto, mas nada foi feito ainda.
Não se trata de internação compulsória dos viciados, porque isso só pode ser feito pela Justiça. O que se procura é uma fórmula legal que permita levar viciados para um abrigo ou unidade de saúde mesmo que ele não aceite.

Quem será que disse isso?
Oras, uma vez que o dependente não aceita ser levado para um abrigo ou uma unidade de saúde é claro que seria feito de uma maneira forçada, portanto, compulsória. 
Ou seria essa uma maneira encontrada pela prefeitura para limpar o centro velho de SP, indo ao encontro da valorização de imóveis tão exigida pelos comerciantes da região? 
Será que resolverá o problema dos viciados, como eles dizem na reportagem?

O vício e a química do cérebro - estudo nos USA

As raízes do vício


Faculdades de Medicina dos EUA criam programas de residência para estudar a relação entre vício e a química do cérebro
 THE NEW YORK TIMES


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Há um debate antigo sobre o alcoolismo: é problema na cabeça do sofredor – algo que pode superar a terapia da força de vontade, espiritualidade e diálogo, talvez – ou é uma doença física, que precisa de tratamento médico contínuo da mesma forma que exigem diabete ou epilepsia? Cada vez mais o estabelecimento médico está se sobrepondo ao último diagnóstico.
Nas evidências mais recentes, dez faculdades de medicina nos Estados Unidos apresentaram os primeiros programas de residência credenciados sobre a medicina do vício, nos quais médicos que concluíram a faculdade de Medicina e a residência primária poderão passar um ano estudando a relação entre o vício e a química do cérebro.
“Este é o primeiro passo rumo ao reconhecimento, respeito e rigor à me dicina do vício”, disse David Withers, que supervisiona o novo programa de residência no Centro de Tratamento de Dependência de Álcool e Entorpecentes Marworth, em Waverly, Pensilvânia.

Dependência
Médica relata dificuldade para tratar pacientes
Christine Pace, de 31 anos, formada pela Faculdade de Medicina de Harvard, é a primeira residente da medicina do vício no Centro Médico da Universidade de Boston. Ela se interessou pelo assunto na adolescência, quando trabalhou como voluntária em uma organização de tratamento da aids e ouvia viciados em heroína reclamarem dos médicos que não podiam ou não queriam ajudá-los.
Neste ano, quando se tornou médica interna de uma clínica de metadona em Boston, ela ficou consternada ao descobrir que as reclamações não mudaram.
“Vi médicos repetidas vezes deixando isso de lado, apenas chamando um assistente social para lidar com pacientes que lutam contra o vício”, conta Pace.
Um de seus pacientes é Derek Anderson, 53 anos, que credita ao medicamento Suboxone – e também a um clínico-geral que reconheceu há seis anos seus sinais de vício – a ajuda a largar seu vício em heroína que tem há 35 anos.
“Eu costumava ir a clínicas de desintoxicação repetidas vezes”, disse ele. Mas o Suboxone “faz com que eu não tenha a dependência diária, que te consome e te engole como um peixe na água. Agora eu consigo trabalhar, cuidar da minha filha, pagar meu aluguel, tudo que eu não conseguia fazer quando usava a droga”.
O objetivo dos programas de residência, que começaram no dia 1.º de julho com 20 alunos de várias faculdades, é estabelecer a medicina do vício como padrão especialmente com as linhas de pediatria, oncologia e dermatologia.
Os residentes tratarão os pacientes com uma série de vícios: álcool, drogas, remédios controlados, nicotina e muito mais – e o estudo da química do cérebro envolvida e o papel da hereditariedade.
“Antigamente, a especialidade estava muito mais voltada para os psiquiatras”, diz Nora D. Volkow, neurocientista encarregada do Instituto Nacional de Abuso de Drogas. “É uma falha do nosso programa de treinamento”.
Ela considera a falta de educação sobre o abuso de substâncias entre os mé dicos em geral “um problema muito sério”.
A reconsideração do vício como patologia em vez de uma doença estritamente psicológica começou há cerca de 15 anos, quando pesquisadores descobriram via exames de alta ressonância que o vício das drogas resultou em alterações físicas do cérebro.
Munidos dessa informação, “o tratamento dos pacientes com vício torna-se bem mais parecido com o tratamento de outras doenças crônicas, como asma, hipertensão ou diabete”, afirma Daniel Alford, que supervisiona o programa no Centro Médico da Universidade de Boston. “É difícil curar necessariamente as pessoas, mas certamente você pode controlar o problema ao ponto de elas poderem viver bem com uma combinação de remédios e terapia.”
A essência do entendimento do vício como doença física é a crença de que o tratamento deve ser contínuo para evitar a recaída. Assim como ninguém espera que um paciente seja curado após seis semanas de dieta e administração de insulina, argumenta Alford, não faz sentido esperar que a maioria dos viciados em drogas seja curada depois de 28 dias em uma clínica de desintoxicação.
“Não é surpresa para nós agora que quando você interrompe o tratamento, as pessoas têm recaída”, diz ele. “Isso não significa que o tratamento não funciona, apenas significa que é preciso continuar o tratamento”. Essas alterações físicas no cérebro também poderiam explicar por que alguns fumantes ainda desejam o cigarro depois de 30 anos sem fumar, observa Alford.
Se a ideia do vício como doença crônica demorou em entrar no círculo da medicina, deve ser porque os médicos às vezes relutem em entender o funcionamento do cérebro, reitera Volkow. “Embora seja muito simples entender uma doença do coração (o coração é muito simples, é apenas um músculo), é muito mais complexo entender o cé rebro.”
O aumento do interesse na medicina do vício é uma série de novos medicamentos promissores, mais notavelmente a buprenorfina (vendida sob nomes como Suboxone), que provou amenizar os sintomas da abstinência em viciados em heroína e subsequentemente bloquear o desejo do consumo, embora cause efeitos colaterais. Outros medicamentos para o tratamento da dependência do ópio e do álcool também se mostraram promissores.
Poucos especialistas em medicina do vício defendem um caminho para recuperação que dependa exclusivamente de remédios, porém.
“Quanto mais aprendemos sobre o tratamento do vício, mais percebemos que uma regra não vale para todos”, diz Petros Levounis, encarregado da residência no Instituto do Vício de Nova York no St. Luke’s-Roosevelt Hospital.
Igualmente maligna é a ideia de que a psiquiatria ou o programa de 12 passos sejam adequados para curar uma doença com raízes físicas no cérebro. Muitas pessoas que abusam de substâncias não têm problemas psiquiátricos, observou Alford, que acrescenta: “Acho que há absolutamente uma função para os psiquiatras do vício”.
Embora cada faculdade tenha desenvolvido sua própria grade curricular, as competências básicas que cada uma procura transmitir são as mesmas. Os residentes aprenderão a reconhecer e diagnosticar abuso de substâncias em pacientes, conduzir breves intervenções que apresentam as opções de tratamento e prescrever os medicamentos adequados.
Espera-se também que os médicos entendam as implicações legais e práticas do abuso de substâncias.
Muito bom! Os médicos brasileiros deveriam seguir o mesmo exemplo dos USA. Quem sabe passariam a ter menos preconceitos com os pacientes dependentes.

Tratamento: cada caso é um caso!

Tratar dependente à força é melhor que não tentar nada


Para o psicólogo Adi Jaffe, não há modelo de tratamento que sirva para todos
Ex-viciado, pesquisador diz que profissionais resistem a variar formas de tratar vício e culpam o paciente pelo fracasso

Folha de São Paulo - IARA BIDERMAN - DE SÃO PAULO
Não funcionou para Amy Winehouse, mas deu certo com o psicólogo americano Adi Jaffe, 35, pesquisador da Universidade da Califórnia.
Ex-dependente, atua hoje na elaboração de critérios para apurar a qualidade dos tratamentos. Diz que as diferentes formas de combater o vício (psicoterapias, internação, remédios, grupos de apoio mútuo) têm igual eficácia (25% a 30% dos casos).
Em entrevista à Folha, Jaffe defende até a controversa internação compulsória que, para ele, é melhor do que não expor o dependente a nenhuma tentativa de tratamento.

Folha - O sr. diz que reabilitação funciona melhor do que se imagina. O que deu errado no caso de Amy Winehouse?
Adi Jaffe - Obviamente, eu só posso supor. Eu acredito que, se um tipo de tratamento não dá certo, sua melhor aposta é procurar outro.
Amy tentou um rehab [programa de reabilitação] que não funcionou e ela deixou claro que não queria aquilo. Aparentemente, em vez de tentarem outro tipo de tratamento, ficaram repetindo a mesma abordagem.

Quais são os tratamentos?
Temos basicamente três grandes classes. Os medicamentos funcionam de modos diferentes. Alguns minimizam efeitos da abstinência, outros bloqueiam a sensação de prazer causada por álcool. Alguns remédios para depressão e ansiedade também podem ser bastante eficazes.
A psicoterapia ajuda a pessoa a entender o que a leva a beber e a descobrir estratégias para mudar o hábito. Há também técnicas motivacionais, que são uma boa coisa para quem resiste a se tratar.
O apoio social, ou ajuda mútua, é basicamente o modelo dos Alcoólicos Anônimos. A idéia, resumidamente, é que não há permissões [às substâncias], apenas dependentes ajudando outros.

Qual funciona melhor?
A resposta fácil seria dizer uma combinação de todos, mas não é assim na vida real. Uma resposta baseada em evidências é que todos têm mais ou menos as mesmas taxas de sucesso. Dão certo para 25% a 30% das pessoas.

Por que tão pouco sucesso?
Essa é a porcentagem de cura para casos mais graves. A maioria só vai se tratar quando está muito mal. Imagine se, para medir a eficácia de um remédio para câncer, só contassem os casos de cura da doença no estágio mais avançado. No alcoolismo, só temos doentes em estágio 4.
Outro problema é que a qualidade das clínicas ou dos serviços é muito desigual.

Como escolher o tratamento?
Não dá para prever quem reagirá melhor a um ou outro tipo. Mas temos critérios para saber se aquilo não está funcionando e, nesse caso, trocar o tratamento. Mas quase ninguém faz isso.

Por quê?
Muitos profissionais tendem a achar que sua linha é a melhor para todos e que, se não deu certo, o problema é o paciente. O sucesso do tratamento depende também do médico, da clíni ca, de bom senso para rever a estratégia.

Quando a pessoa não quer se tratar, vale a pena forçá-la?
Muitos afirmam que, sem motivação, nada funciona. Mas minha experiência diz que a exposição a qualquer tratamento, até a reabilitação feita à força, é melhor do que não tentar nada.

Foi esse o seu caso?
Posso dizer que sim. Aos 21 anos comecei a usar speed (metanfetamina) e, em pouco tempo, a traficar a droga. Passei oito anos nessa vida, até ser preso. Minha escolha era ir para a clínica ou passar um tempo na prisão. Não foi exatamente uma escolha.

E funcionou?
Passei três meses em uma clínica, até ser expulso por usar drogas. Minha sorte é que me colocaram em outra clínica. Fiquei dez meses internado. E funcionou.




Lembre-se:

Cada caso é um caso e cada um tem um perfil diferente do outro. Uma pessoa se da bem com o AA ou NA, outro prefere o tratamento científico feito em CAPS e consultórios, outro consegue abstinência somente em clinica de reabilitação enquanto que outro não pode nem ouvir falar delas, outro vai pra religião. Assim é o dependente, igualzinho a outros seres humanos, cada um tem um perfil psicológico e uma personalidade que combina mais com uma coisa que com a outra. Quando decidir parar tem que descobrir qual será o melhor caminho a seguir. 
Mas para isso tem que tentar todos! 
Ficar voltando sempre para o que não deu certo é uma maneira de continuar na mesma, isso pode ser um auto-engano, uma maneira de falar: ta vendo nada dá certo para mim! 
Mas uma coisa é certa, qualquer caminho que você escolher, se não fizer um acompanhamento psicológico será sempre mais difícil não recair, pois estará na superficialidade do auto-conhecimento.
Pense nisso e mude de estratégia.