Web ajuda paciente que tem
vergonha de falar em grupo
O psiquiatra Marcelo Niel, do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Universidade Federal de São Paulo, diz que os blogs podem ajudar dependentes químicos que não conseguem dividir experiências em público.
"Muitos têm fobia social. Pode
ser muito difícil para um paciente ansioso falar em grupo. Esse é o maior fator
de não adesão a tratamentos", diz o médico.
No caso dos familiares, afirma Niel,
publicar relatos em blogs pode ajudá-los a descobrir que não são os únicos
passando por esse tipo de problema. "Há uma carga muito grande sobre a
família, que sente vergonha. É importante que eles saibam que outras pessoas
passam por problema parecido", afirma.
TRECHOS
"Há 69 dias, minha sogra faleceu. Pedi dinheiro emprestado para minha mãe para ajudar no sepultamento. O dinheiro virou droga que usei antes do enterro. Para disfarçar, tomei seis comprimidos de Diazepam que me deixaram grogue."
"Há 69 dias, minha sogra faleceu. Pedi dinheiro emprestado para minha mãe para ajudar no sepultamento. O dinheiro virou droga que usei antes do enterro. Para disfarçar, tomei seis comprimidos de Diazepam que me deixaram grogue."
"Minha doença age de forma traiçoeira, comendo pelas beiradas,
aproveitando qualquer falha na minha armadura e esta semana não foi diferente." waladicto.blogspot.com.br
"Ontem, ele saiu para trabalhar e até agora nada, não voltou... E o pior de
tudo é que eu mais uma vez emprestei meu carro para ele, o que será que tenho
na cabeça?
As vezes, não consigo entender como a codependência nos engana tanto, nos
fazendo acreditar nas palavras do adicto. Em duas semanas, ele teve 3 recaídas.
Estamos passando por momentos difíceis em casa, pois ele praticamente parou de
trabalhar... Estou cansada de carregar tudo nas costas. Sem perceber, fui
facilitando o vício dele nas drogas, pois aqui em casa eu pago aluguel, água,
luz e telefone... Deixei para meu esposo apenas as despesas com a compra e
infelizmente nem isso ele está fazendo..." lucianalpsm.blogspot.com.br
"Tudo começou na parte da manhã, quando uma nota de R$ 50 que minha mãe
havia deixado por descuido na mesa da sala sumiu.
Naquela época, ele já estava morando
na minha casa, mas ainda pouco sabíamos a respeito da dependência dele, pouco
sabíamos sobre o crack. Logo que minha mãe deu falta, eu ‘saquei’ o que estava
acontecendo, eu tive a certeza dentro de mim de que havia sido ele, o rapaz por
quem eu havia me apaixonado, o rapaz a quem eu sempre chamava de anjo, e eu
travei uma batalha interna dentro de mim para aceitar que aquele anjo fosse
capaz de fazer algo do tipo.
E então o jogo começou! O jogo de manipulações, de chantagem emocional, de
apelos e tudo mais o que vocês possam imaginar, mas quem estava jogando esse
jogo era eu, não ele."livrovaleuapena.blogspot.com.br
"Ainda bem que tenho um ‘piloto automático’ que logo me diz que estou no
caminho errado.
Ainda bem que, mesmo recaído
espiritualmente, emocionalmente e psicologicamente, e com todas as insanidades,
eu não consumei a recaída no sentido de voltar ao uso de drogas. Mas eu preciso
admitir que a minha vida está sem controle em alguns (ou vários) aspectos;
tenho de admitir que preciso de ajuda.
Ontem, encontrei um brother das antigas, que estava em reclusão por tráfico
e saiu há dois meses. Ele estava com o uniforme da empresa onde está
trabalhando e isso me alegrou muito. Disse estar sendo crente e que está
dormindo no albergue. Disse que não tem mais nem vontade de usar, que já
recebeu várias propostas para comercializar novamente, mas não pretende mais
voltar ao crime." limposporhoje.blogspot.com.br
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