TABAGISMO E TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS
Postado por D. Toledo - Psicoque? |Fonte: USP
Recente estudo
publicado pela USP revela a forte relação do tabagismo e portadores de
transtornos mentais. Segundo os pesquisadores, o tabagismo parece melhorar a
cognição, o humor e a ansiedade por uma multiplicidade de efeitos reforçadores
e a abstinência de nicotina pode exacerbar todos estes sintomas. A abstinência
nicotínica também pode agravar alguns transtornos psiquiátricos, levar à
recaída e aumentar os níveis sangüíneos de muitos medicamentos.
Está comprovado que a
probabilidade de abandono do tabagismo é reduzida em pacientes com transtornos
de depressão. O tabagismo pode, por exemplo, auxiliar na “automedicação” de
sentimentos de tristeza ou humor negativo. Ou seja, os níveis de depressão
podem influenciar, em uma relação de causalidade direta, os níveis subseqüentes
de consumo de tabaco. Há evidências, ainda, de que o uso de nicotina interfere
nos sistemas neuroquímicos (neurorreguladores como acetilcolina, dopamina e
norepinefrina), que, por seu turno, afetam circuitos neurais, tais como
mecanismos reforçadores associados à regulação de humor.
Já em portadores de esquizofrenia,
o consumo de tabaco pode ser reflexo de processo de institucionalização, tédio
e baixo controle dos impulsos dos portadores dessa doença. Esquizofrênicos
relatam que fumar produz relaxamento, reduz a ansiedade e os efeitos colaterais
de medicações. Como algumas medicações antipsicóticas acarretam efeitos
desagradáveis, é possível que a alta prevalência de tabagismo observada em
esquizofrênicos seja uma tentativa de reduzir os efeitos colaterais desses
medicamentos. Além disso, o consumo de tabaco pode ainda melhorar a
concentração, reduzir a hiperestimulação desagradável experimentada por
esquizofrênicos e promover um dos poucos prazeres disponíveis para muitos
portadores da doença.
A pesquisa aponta que
alguns autores sugerem uma associação inversa entre consumo de tabaco e
transtorno obsessivo compulsivo (TOC). Há indícios de que a prevalência de
tabagismo é menor em portadores desse transtorno em relação à população em
geral e em comparação a outras populações psiquiátricas.
Portanto, o trabalho
reconhece e confirma dados de pesquisas de natureza biológica, como o consumo
de tabaco para alívio de efeitos colaterais de medicações e tentativa de
automedicação dos sintomas da doença. Entretanto, segundo os fumantes
entrevistados, a principal barreira para o abandono do tabaco parece ser o
sentimento de desespero por ser portador de uma doença mental, a falta de
esperança em recuperação e a necessidade de controle. Além disso, as
desigualdades nas percepções e nos padrões de consumo de tabaco encontradas
entre pacientes com diferentes transtornos mentais sugerem que a intervenção
pode ser mais eficaz se o diagnóstico psiquiátrico for também levado em
consideração durante o tratamento.
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