Estímulo cerebral reduz 'fissura' por droga
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Folha de S. Paulo – Caderno Saúde - MARIANA VERSOLATO - DE SÃO PAULO
(02/09/2011)
Tratamento em estudo na USP usa campo magnético para controlar desejo de usar cocaína em dependentes
Médicos estão testando a técnica em 20 pacientes; tratamento mira região do cérebro danificada pela droga
Uma pesquisa do Instituto de Psiquiatria da USP mostra que o uso de estimulação magnética no cérebro para tratar o vício em cocaína é eficaz e reduz em até 80% o desejo de usar a droga.
Os resultados preliminares são baseados na primeira etapa do estudo, com 20 pacientes do sexo masculino entre 18 e 40 anos que usavam cocaína há até sete anos.
Outros 20 pacientes participam da segunda parte da pesquisa, já em andamento.
O tratamento é indolor e não invasivo, e pesquisas já mostraram sua eficácia para depressão e dor crônica.
Os voluntários foram divididos em dois grupos. Um recebeu o tratamento ativo e o outro, placebo. Eles foram submetidos a 20 sessões de estimulação e fazem também psicoterapia.
RECOMPENSA
A bobina que gera um campo magnético foi aplicada na região do cérebro chamada córtex dorsolateral pré-frontal esquerdo.
Essa área responde pelo comportamento impulsivo e pela tomada de decisão. A estimulação "reorganiza" os circuitos cerebrais danificados pela cocaína para controlar a dependência.
"A cocaína modula o sistema de recompensa e as áreas que medem consequências. Remodelamos esse sistema", diz o psiquiatra Phillip Leite Ribeiro, autor do estudo.
Antes e depois das sessões, todos foram avaliados por meio de escalas que medem a intensidade e a frequência da vontade de usar a droga.
Os resultados mostram uma queda grande nas recaídas, na fissura e na impulsividade dos pacientes.
"Ainda não sabemos se eles vão precisar repetir as sessões para que o efeito se mantenha. Pode ser que o vício volte", diz Ribeiro.
Marco Marcolin, psiquiatra, coordenador do grupo de estimulação magnética do Hospital das Clínicas da USP e orientador do estudo, diz ainda que o ideal seria fazer testes de urina para medir a presença da droga e comprovar a diminuição da fissura.
Ambos esperam que, no futuro, a estimulação possa ser usada aliada a outros tratamentos. "Esse paciente sempre vai precisar de psicoterapia. Muitas vezes, remédios também são necessários", diz Marcolin.
O psiquiatra Marcelo Niel, psiquiatra do Proad (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes), da Unifesp, diz que o surgimento de uma nova possibilidade terapêutica para tratar dependência é animador.
"No entanto, são necessários estudos maiores para ter uma melhor visualização do efeito do tratamento em comparação com o efeito placebo. Além disso, como muitos dependentes têm doenças psiquiátricas associadas, pode ser que o resultado seja decorrente do tratamento desse outro problema."
DEPOIMENTO
'Só tive uma recaída, mas sem o prazer de antes'
O técnico em radiologia Leandro Silva, 30, de São Paulo, é um dos voluntários que participaram da pesquisa do HC (Hospital das Clínicas) da USP.
Dependente de cocaína desde os 15 anos, resolveu "dar um jeito na vida" depois que um amigo se matou por causa da droga.
Ele conta que a estimulação magnética no cérebro o fez perder o prazer em usar cocaína. (MV)
"Já tinha tentado parar com o vício sozinho, mas sem orientação a gente cai na besteira de novo. Dizia: 'Quando eu casar eu paro'. Depois era: 'Quando tiver um filho eu paro', e nada.Até que no ano passado um grande amigo meu se matou, e eu tenho certeza que teve a ver com a droga, ele usava muito.Aí você vê que está indo para o mesmo caminho e que não dá para parar quando bem entender. Pensei: 'Deixa eu dar um jeito na minha vida'.Achei o pessoal do HC na internet. Fiquei curioso, era melhor que nada.Depois das aplicações, senti bem menos vontade de usar a droga. Só tive uma recaída, mas não senti o prazer de antes. Você também firma um compromisso e não quer falhar.A estimulação baixou a minha ansiedade, tenho mais concentração. Mas, se falo que estou livre, é mentira, porque é um dia após o outro."
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11/07/2010 -
USP testa estímulo cerebral em viciados em drogas
Folha.com - Fernanda Bassette - DE SÃO PAULO - 11/07/2010
Pesquisadores do Instituto de Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo) estão testando o uso da estimulação magnética do cérebro para conter a fissura de pessoas dependentes de cocaína em pó e "reorganizar" o funcionamento cerebral.
Essa é a primeira vez que pesquisadores brasileiros resolvem investigar se os benefícios do método podem ser estendidos para dependentes crônicos da droga.
Um grupo de Israel, por exemplo, estudou os efeitos da estimulação contra a fissura provocada pelo tabaco. Os resultados mostram uma queda no desejo pela droga nos primeiros três meses.
Segundo o último levantamento da Senad (Secretaria Nacional de Políticas Antidrogas), 2,9% da população brasileira já usou cocaína ao menos uma vez na vida. E 7,7% dos universitários experimentaram a droga ao menos uma vez.
O psiquiatra Phillip Leite Ribeiro, responsável pelo teste na USP, explica que a ação da cocaína desorganiza os circuitos cerebrais, alterando o funcionamento das redes de neurônios. "A consequência é uma pessoa dependente da cocaína, com dificuldade de raciocínio e de decisão", diz Ribeiro.
COMO FUNCIONA
A estimulação magnética transcraniana é aplicada em consultório, sem anestesia. O paciente usa uma touca de natação e o médico aproxima o aparelho na região do cérebro a ser tratada. As ondas penetram cerca de 2 cm.
No caso da cocaína, o local exato da aplicação não foi divulgado por se tratar de algo ainda em estudo. As sessões são feitas durante 20 dias e duram 15 minutos. Custam, em média, R$ 400 cada uma.
Após um mês, o paciente faz tratamento para prevenir recaídas. Por enquanto, os resultados preliminares mostram que há, de fato, uma diminuição na fissura.
E, ao contrário do que parece, a estimulação magnética não provoca choques. É bem diferente da eletroconvulsoterapia - método em que o cérebro recebe uma descarga elétrica generalizada, entrando em convulsão.
"A estimulação transcraniana gera um campo magnético com uma pequena corrente elétrica. A ação é local", afirma Ribeiro.
POUCO USADA
Segundo Paulo Silva Belmonte de Abreu, chefe do serviço de psiquiatria do HC de Porto Alegre e presidente da Associação Brasileira de Estimulação Magnética Transcraniana, embora seja reconhecida, a técnica não é muito usada no país.
"Ela tem efeitos positivos na depressão, em psicoses que provocam alterações auditivas [como esquizofrenia], no tratamento da dor fantasma. Mesmo assim, poucos centros a usam, ainda tem muito preconceito", avalia.
Para Abreu, é importante que o método seja testado para tratar outros problemas. "É uma ferramenta não invasiva que não lesa o cérebro. Quando não atinge os efeitos desejados, ela não faz mal."
Segundo Abreu, a única contraindicação é para pessoas com histórico de convulsão - a aplicação pode desencadear uma crise. Os principais efeitos colaterais são leve dor local e desconforto durante a aplicação.
O psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, diretor do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Unifesp, é mais cauteloso:
"É uma técnica que está sendo estudada para vários tipos de transtornos, mas não é totalmente eficaz. O que se sabe é que ela modifica circuitos neuronais, mas ainda não é possível dizer que resolve o problema", diz.
Informações: telefone (11) 3069.8159 e e-mail: emt@hcnet.usp.br ou pessoalmente no Instituto de Psiquiatria do HC (Hospital das Clínicas) da USP.
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Olá Dra. Gostei muito desse post, só queria saber por que notícias boas como essa não são mais divulgadas não é mesmo? Vou fazer uma postagem no meu blog com o link do seu para quem quiser ler, eu mesma nunca tinha ouvido a falar a respeito!
ResponderExcluirAbraços
Giulliana
É verdade Giulliana, precisa maior divulgação e foi pensando nisso que fiz esse blog. Obrigada pela divulgação. Abraço.
ExcluirDesconhecia esta novidade. Conversarei com meu psiquiatra na próxima visita. Obrigado pela dica!
ResponderExcluirNem todos os psiquiatras sabem disso ainda, mas vale a pena informa-lo se não souber. Boa sorte!
ExcluirOlá, pois é... infelizmente a divulgação é muito ruim das notícias científicas, principalmente sobre dependência química. Existe uma preferência da mídia em mostrar muito o feio e muito pouco o belo. Obrigada pelos comentários. Abraço
ResponderExcluirOla. nossa que interessante... olha meu namorado esta no crack ele já usou de tudo e inclusive cocaina, mais hoje me dia esta no crack e não consegue parar , esta fazendo o tratamento coluntario na UNIFESP diminiu bem mais sozinho não consegue parar, pois sozinho sem os pais que já faleceram e sem familia só tema força de vontade dele mesmo e o meu apoio mesmo estando longe, tem uma bela historia por tudo que passou e pela força de vontade de querer parar esta noite até ele me ligou e falou acredita que sonhei que fizeram uma transfusão de sangue e deixei de vez o vicio.. conseguimos ums clinica alias ele conseguiu e foi em busca do proprio tratamento.. passa fome, necessidades, mais vai a pé em busca do tratamento sozinho.. e mesmo assim me liga a cobrara sorindo e perguntando como estou... bom estamos a aguardando a clinica chamar.. demora um pouco ele esta ancioso.. pois viu que a droga mudou toda vida dele formado em ed. fisica, viajou por nome paises dai para mais, fala ingles e espanhol fluente, professor de capoeira, surfista e se tornou espiritualista para poder ter fé e acreditar que sairia dessa... Parabens pelo blog, com certeza se tiver algum metodo para o crack nossa ele irá ficar feliz tbm... ele falou estou indo busca de tudo sozinho para se tratar..
ResponderExcluirAbraços, Elaine
Que legal, muito bom mesmo saber que ele esta entusiasmado com o tratamento, pois não é fácil. Desejo muita força para vcs dois. Obrigada pelo comentário. Abraço
ResponderExcluirdesejo forca a todos que precisem de ajuda continue firme com a ajuda de deus e os companheiros de muita confiança muito obrigado site
ResponderExcluireu nao acredito que isto vai ser cobrado ......queria de coraçao que vcs que estudam sobre a droga e descobriram esse magnetico que tivessem filhos drogados ....pq quem tem fihos que usam drogas já nao tem dinheiro nem para comer!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirOlá! Escreva no email que está sendo divulgado ou telefone para se informar, está tudo na notícia. Abraço.
Excluirajudem me pelo amor de deus pois eu estou ficando louca meu filho tem 31 anos e usa crack por favorrrrrrrrrrrrrrr...meu imail norma.lia@hotmail.com
ResponderExcluirOlá Norma, procure um CAPS alcool e drogas proximo a sua residencia, eles sempre tem um grupo de acompanhamento psicológico para familiares de dependentes. Se não souber onde encontrar um CAPS procure um posto de saúde e fale sobre o seu problema para uma assistente social. Boa sorte! Abraço
Excluirgostaria de saber como é o tratamento , são 20 dias direto de aplicaçao sem interrupção, ou tem intervalo e se o convenio sammed-fusex cobre o tratamento ,caso não cubra o pagamento a vista tem desconto.nicesio pereira de paiva.aguardo resposta imediata por favor no email a seguir monicajfcopacabana@yahoo.com.br
ResponderExcluirOlá Mônica! Para maiores informações mande e-mail para o endereço que está na notícia ou telefone para la. Abraço
ExcluirFANTASTICO tenho um filho de 32 anos dependente quimico, gostaria muito que ele tivesse a oprtunidade de fazer este tratamento, com faco? meu email... angeladreis@hotmail.com.
ResponderExcluirAngela o único endereço de e-mail e telefone que possuo é o que consta na notícia. Da uma olhada. Boa sorte!
ExcluirOLA DRA SOU DEPENDENTE QUIMICO EM COCAINA, EU MESMO JA ME INTERNEI POR SEIS MESES A ALGUNS ANOS ATRAZ, MAS INFELIZMENTE EU AINDA TENHO MUITAS RECAIDAS.QUERIA MUITO PARA DE USAR ESSA MALDIÇÃO, EU TENHO 44 ANOS SERA QUE POSSO SER VOLUNTARIO PRA ESSE TRATAMENTO?
ResponderExcluirDESCULPA DRA ESQUECI DE COLOCAR MEU E-MAIL JUNINHORESENDE1@HOTMAIL.COM, POR FAVOR SE PUDER ME AJUDAR A ME LIVRAR DESSE VICIO QUE JA ESTA NA MINHA VIDA A MAIS DE VINTE ANOS. OBRIGADO.
ExcluirGeraldo entre em contato com o endereço acima para tirar suas dúvidas. Abraço
Excluirola dra meu nome denise tenho um sobrinha com seus 19 anos que entrou nesse mundo das drogas , sera que tem este tratamento ainda na usp para que eu possa ajuda la sair desta droga obigado daparecida616@hotmail.com
ResponderExcluirOlá Denise, é necessário entrar em contato com o setor responsável da USP e averiguar se continuam com o tratamento. Boa sorte!
ExcluirAinda tem esse tratamento e se a pessoa também usar maconha não pode fazer esse tratamento? Pode levar a pessoa á força ou enganada? Resposta para: litinhamagalhaes@gmail.com.
ResponderExcluirMeu filho é dependente químico e hj usa cocaína exageradamente, já passou por 2 internações, esteve em acompanhamento por um Pasto amigo nosso nos USA, não consegue deixar o vicio. Já tomou Ibogaina uma nova esperança, não deu certo, enfim, mas fiquei instrumentado co0m esse novo método! como faria para que meu filho possa se submeter a essa nova tecnica? quem tiver informações eu fico muito grato. Deus abençoe a todos.
ResponderExcluirOlá! Entre em contato com o setor responsável, citado na reportagem e tire suas dúvidas! Boa sorte!
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