Os Pensamentos Obsessivos, como sintomas, são estudados na página sobre Alterações do Conteúdo do Pensamento. Como dissemos, são idéias de caráter obrigatório e impostas ao indivíduo, independente de sua vontade, mesmo sendo contrárias aos argumentos de sua lógica e de seu juízo.
Essa característica faz com que as pessoas pouco familiarizadas com assuntos dessa natureza, se espantem com o fato de Fulano, "tão inteligente", possa estar sendo dominado por idéias que escapam de sua vontade. Acreditam que isso possa ser uma espécie de "fraqueza mental" e falta de um pensamento, digamos, forte o suficiente para dominar tais pensamentos. Além de não ajudarem o paciente, ainda deixam-no com complexo de culpa, de fraco, de incompetente...
Para o diagnóstico de Transtorno Obsessivo-Compulsivo, os pensamentos obsessivos, e as conseqüentes compulsões deles decorrentes, devem ser suficientemente intensos para causar sofrimento acentuado, consumir tempo, interferir significativamente na rotina normal da pessoa, no funcionamento ocupacional ou nas atividades e relacionamentos sociais.
As Compulsões, como vimos, são comportamentos repetitivos e intencionais (apesar de quase involuntários), desempenhados em resposta à Idéia Obsessiva e com a finalidade de prevenir o desconforto de um suposto acontecimento terrível. Os atos compulsivos são ritualísticos, estereotipados e absurdos e, caso não sejam realizados à contento, a ansiedade acoplada à idéia obsessiva acerca de algum provável acontecimento desagradável passa a incomodar muito o paciente.
Normalmente os atos compulsivos envolvem atitudes de higiene, como por exemplo, lavar as mãos, limpar coisas metodicamente, ou atitudes de contar, conferir, arrumar. Outras vezes, implicam em tocar ou olhar objetos de maneira ritualística.
Incidência
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo era considerado, até pouco tempo, uma doença "oficialmente" rara. Dissemos "oficialmente", porque se levava em conta, para o estabelecimento de sua incidência ou prevalência, apenas o pequeno número de pacientes que procuravam atendimento psiquiátrico especializado. Hoje em dia, a procura do tratamento especializado mudou esses índices significativamente. Jenicke (1990) calculou que esse diagnóstico está em torno de 10% de todos os pacientes que procuram atendimento de psiquiatria.
O Epidemiologic Catchment Study (ECA), norte-americano, encontrou inicialmente uma prevalência para toda a vida de 2,5%. Karno mais recentemente (1988) estabeleceu cifras de 3,0% para a prevalência do TOC para toda a vida e de 1,6% em 6 meses (Bland,1988). Estas cifras podem ser supervalorizadas, pois foram obtidas por entrevistadores leigos do ECA. Cálculos mais recentes estimam ao redor de 0,3% a prevalência para a população (Flament, 1988).
As cifras citadas podem estar subestimadas, pois os indivíduos com TOC têm vergonha de seus sintomas, não estão incapacitados pelos mesmos e muitas vezes não se dão conta de que o que sentem são manifestações patológicas.Levando estes fatos em conta, Jenicke (1990) calcula que seja de 1 a 2% o risco que as pessoas tem de desenvolver TOC. O DSM-IV, por sua vez, estima a prevalência para toda a vida, ao redor de 2,5% e de entre 1,5 a 2,1% a prevalência para o período de um ano.
A incidência do TOC é maior em pessoas com conflitos conjugais, divorciados, separados e desempregados. É maior também nos familiares de 1º grau (3 a 7%) de portadores de TOC, é igualmente presente entre homens e mulheres, sendo um pouco mais freqüente em adolescentes masculinos (75%). O início da doença se dá em torno dos 20 anos, mas não é incomum em crianças.
para referir:
Ballone GJ - Transtorno Obsessivo-Compulsivo - in. PsiqWeb Internet, disponível emhttp://www.psiqweb.med.br/, revisto em 2007
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