sábado, 27 de abril de 2013

Nova droga sintética: metanfetamina


Nova droga sintética chega às baladas do Vale

Delegado alerta: antes restrita à capital, metanfetamina já é achada em casas noturnas da região 

Agência O Vale

Globos espelhados, luzes coloridas e pista de dança lotada. A euforia toma conta das casas noturnas frequentadas pela nata da sociedade. Mas a festa das classes A e B foi invadida por uma nova droga, com um altíssimo poder de destruição: a metanfetamina.
A substância, tão ou mais devastadora do que o crack, já circula em boates do Vale do Paraíba. O delegado do Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos), Reinaldo Correa, explica que a novidade chegou este ano à região. Antes, ficava restrita às baladas da capital paulista.
O alto custo da droga -- que varia entre R$ 70 e R$ 200, deixa o produto restrito aos jovens de alto poder aquisitivo. Vendida em formato de comprimido, pó ou até mesmo pedra, ela apresenta um grande potencial de dependência química.
Euforia/ O efeito provocado pela metanfetamina chega a durar 20 horas no usuário.
"A droga causa a mesma sensação do ecstasy, que é uma droga sintética. Quem experimenta a metanfetamina fica eufórico, sem cansaço, com a autoestima lá em cima e com muito apetite sexual. Depois que o efeito passa, vem um grande sentimento de depressão", disse o delegado.
Segundo ele, o uso crônico nova droga torna o usuário mais violento, principalmente quando têm delírios, semelhantes às paranóias apresentadas pelos usuários de crack.
A metanfetamina era usada para tratar problemas de déficit de atenção até julho do ano passado, quando se tornou proibida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Fruto do seu mau uso na noite paulistana.
O médico Marcelo Ribeiro, especialista em dependência química, explica que o consumo pode levar ao suicídio em casos extremos. Ele desenvolveu um estudo sobre esse tipo de anfetamina.
Social/ "Pessoas que querem melhorar o desempenho social usam anfetaminas", disse. "A tentativa de abandonar ou diminuir o uso resulta em depressão. O uso crônico torna a pessoa distante da realidade. Pode haver suicídio decorrente do uso ou da depressão."
 
Traficante é rico, jovem e popular
Jovem, rico e popular entre os frequentadores de balada. Este é o perfil do traficante de metanfetamina, segundo o delegado do Denarc, Reinado Correa. De acordo com ele, o vendedor da droga costuma ser 'playboy' --gíria usada para o rapaz que tem dinheiro e anda com roupas da moda.
O delegado ainda destaca que prendê-lo nem sempre é uma tarefa fácil para a polícia.
"Essas drogas são vendidas no interior da balada, que é um lugar muito escuro e de difícil acesso. Para conseguir encontrar metanfetamina, os policiais precisariam entrar na casa noturna, pedir para acender as luzes e ir procurando. Quem vai permitir que isso aconteça?", perguntou o delegado.

Por conta dessas dificuldades, a polícia não registrou apreensões da droga na região nos últimos meses.
Polícia/ Houve apenas apreensão de ecstasy, uma droga parecida. Em outubro do ano passado, por exemplo, a Polícia Militar fechou um laboratório do tráfico no Residencial Righi, zona leste de São José dos Campos. No local havia 310 comprimidos de ecstasy.

EFEITOS DA DROGA
Depressão
A droga, que no início causa euforia, provoca depressão no usuário logo após o efeito da substância química passar.
Violência
O uso crônico torna o usuário mais violento, principalmente quando têm delírios, semelhantes às paranoias apresentadas pelos usuários de crack.
Aparência
O uso crônico torna a pessoa distante da realidade, irritada e impulsiva, descuidada da aparência es compromissos.
Corpo
Feridas e cicatrizes começam a aparecer. A droga tira o apetite, o que leva o viciado à desnutrição. O dente perde o esmalte e a gengiva fica destruída

Redução de danos para usuários de crack gera polêmica em BH


Redução de danos para usuários de crack gera polêmica na capital

Jornal O Estado de Minas

 Programa da PBH que incentiva consumo de drogas como álcool e tabaco em substituição à pedra surpreende o próprio prefeito, que no entanto diz que política tem base científica

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Sandra Kiefer
 A política de enfrentamento ao uso do crack executada pela Prefeitura de Belo Horizonte, com o incentivo à substituição da pedra por drogas lícitas, causou surpresa ao próprio prefeito Marcio Lacerda (PSB). Como revelou o Estado de Minas em sua edição de quinta-feira, a capital mineira põe em prática o modelo de redução de danos preconizado pelo Ministério da Saúde, que incentiva a substituição do crack por drogas mais leves, como opiáceos, álcool, tabaco e remédios controlados, até que o usuário consiga atingir a abstinência.
Perguntado em entrevista à Rádio Itatiaia sobre a iniciativa, e se havia ficado sabendo de detalhes da política de redução de danos por meio do jornal, Lacerda respondeu: “Realmente, não conheço”. Mesmo assim, o prefeito defendeu o programa, ao afirmar que “existem teses de medicina e trabalhos científicos que demonstram que as pessoas com dependência química podem ser tratadas usando drogas menos nocivas, enquanto não se livram totalmente (do vício do crack)”.
O tema da redução de danos é citado duas vezes no Projeto Recomeço, parte do programa de governo para a reeleição de Marcio Lacerda, no ano passado. Em resposta ao EM, por e-mail, o prefeito informou que a redução de danos é apenas um dos pontos do projeto, que tem como objetivo “envolver os vários setores do poder público e da sociedade no enfrentamento ao uso de drogas, buscando ações de tratamento, de prevenção, de reinserção social e de redução de danos, tendo como base a atual política sobre drogas.”
Segundo o prefeito, o combate ao crack é tratado como assunto prioritário em sua gestão. Prova disso, afirma, é a inauguração do Centro de Referência de Saúde Mental – Álcool e Drogas (Cersam–AD) do Barreiro, prevista para hoje. “Isso mostra que estamos trabalhando para ampliar a prevenção e ofertar um atendimento mais próximo e humanizado.” A unidade é uma das três do tipo prometidas para a capital mineira dentro do Projeto Recomeço. A abertura do Cersam Noroeste, nas proximidades da cracolândia do Bairro Lagoinha, está prevista para junho.
A Secretaria Municipal de Saúde informou em nota que dentro das ações de assistência aos usuários de álcool e outras drogas não são fornecidas na rede de Belo Horizonte drogas ilícitas, como maconha, nem bebidas alcoólicas e cigarros, apenas substâncias com orientação médica.
Audiência pública
Na próxima semana, Lacerda e o secretário municipal de Saúde, Marcelo Teixeira, devem comparecer a audiência pública perante a Comissão Permanente de Enfrentamento do Crack da Assembleia Legislativa de Minas, para esclarecer o funcionamento do programa de redução de danos. O encontro foi convocado a pedido de representantes do terceiro setor que, entre outras informações, querem mais explicações sobre a política de distribuição de drogas lícitas para usuários de crack da capital, o montante já aplicado da verba do governo federal no setor e o número de usuários da pedra que perambulam pelas ruas da capital.

Entraves nas comunidades terapêuticas
Uma das respostas mais objetivas para o impasse poderia vir das comunidades terapêuticas, entidades ligadas às igrejas que sempre acolheram “viciados em drogas” em fazendas, sítios e centros de recuperação. A proposta da inclusão das entidades na política de combate ao crack é discutida à exaustão desde 2011. Até hoje, porém, não foi aberta uma única vaga nas comunidades terapêuticas no país dentro do programa Crack: é possível vencer.
Em novembro de 2012, quase um ano e meio depois da reunião com a presidente Dilma Rousseff, que defendeu a causa, saiu o edital de convocação das entidades pela Secretaria Nacional de Política sobre Drogas (Senad), do Ministério da Justiça. Dava dois meses de prazo, até janeiro deste ano, para que as entidades se inscrevessem. O tratamento, custeado com recursos federais, iria durar de 45 dias a nove meses, dependendo do caso. Cada usuário de crack fora das ruas custaria R$ 1 mil por mês.
Em janeiro esgotaram-se os prazos para inscrição, pré-habilitação, habilitação e aprovação do contrato das comunidades terapêuticas. Mais de 400 entidades se inscreveram. Dois meses já se passaram e a Senad não conseguiu avançar da segunda etapa (pré-habilitação). “Se continuar nesta toada, com a divulgação de 10 nomes por mês, vai levar mais um ano e meio até acabarem as habilitações e o governo começar a repassar os recursos. Enquanto isso, as pessoas vão continuar nas ruas?”, questiona o pastor Wellington Vieira, presidente da Federação de Comunidades Terapêuticas Evangélicas do Brasil (Feteb).
Processos
Vieira calcula que existam hoje cerca de 300 entidades nestes moldes em Minas, cuidando de 9 mil usuários de drogas (30 pessoas por entidade, em média). Ao todo, respondem por 80% das pessoas em tratamento. O pastor esteve em Brasília para acompanhar o andamento dos processos na companhia de Ana Godoy, presidente da Federação das Comunidades Terapêuticas Católicas e coordenadora da Pastoral da Sobriedade. “Realmente o processo está muito lento, mas tenho esperança de que, ainda este ano, saia alguma verba.”
O Ministério da Justiça garante que até junho a maior parte das análises terão sido concluídas. O órgão alega que quase 100% das documentações encaminhadas estavam incompletas, o que dificultou o trabalho. Das 253 inscrições de entidades, 55 tiveram a documentação analisada, 42 foram habilitadas e oito aprovadas. De Minas, três estão habilitadas e apenas uma aprovada: a Associação de Apoio e Recuperação de Dependentes Químicos de Itaúna, na Região Central.

SAMU fará resgate de usuário de crack em SP


Parceria prevê que Samu faça resgate de usuário de crack em SP

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·         Convênio entre Prefeitura e Estado pretende ampliar combate à droga.
Número de unidades de acolhimento para usuários também deve crescer.
Márcio Pinho Do G1 São Paulo
Uma parceria que será anunciada nesta sexta-feira (26) pelo governo do estado e a Prefeitura de São Paulo irá ampliar o programa do combate ao crack na capital paulista. O Programa Recomeço, que auxilia usuários da drogas e seus familiares, vai contar agora com equipes do Serviço Móvel de Urgência (Samu) preparadas para o atendimento psiquiátrico de urgência.
Também está prevista a ampliação do número de Centros de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (Caps Ad). Dez novas unidades do serviço ambulatorial 24 horas para usuários de drogas devem começar a funcionar ainda este ano. Outras 20 unidades que atualmente funcionam apenas durante o dia terão o horário ampliado.
Os Caps Ad ficarão responsáveis por receber os pacientes, identificar o quadro clínico do usuário e apontar a necessidade de tratamento para os dependentes químicos. Esses centros também poderão receber os familiares dos usuários, mesmo dos que não estiverem presentes e em tratamento. Agentes comunitários e de proteção social irão abordar os usuários de crack moradores de rua, na tentativa de encaminhá-los para um serviço de saúde adequado.
 Há cerca de um ano, a Prefeitura de São Paulo e o governo estadual intensificarem as ações contra o crack no Centro da capital paulista, na chamada Cracolândia. O Programa de Enfrentamento ao Crack na cidade foi lançado em janeiro pelo governador Geraldo Alckmin.
Uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo mostrou que o Brasil é o maior mercado mundial do crack, onde 2% da população faz uso da droga, número equivalente a quase 3 milhões de pessoas. De acordo com o estudo, o Sudeste concentra 46% dos usuários.

Droga vendida pela internet


O e-commerce e o narcotráfico

Jornal Folha de S. Paulo - MIKE POWER - DO "GUARDIAN"
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Z. Klein/BBC Brasil - Plantação de maconha da empresa Tikkun Olam, sediada em Israel
Muita gente deve ter ficado alarmada, surpresa ou intrigada com a notícia, incluída na edição deste ano da Pesquisa Global Sobre Drogas, de que o tráfico de entorpecentes pela internet está em ascensão. Mas a primeira coisa vendida e comprada pela internet foi um saquinho de maconha há mais de 40 anos.
Em um livro de 2005 chamado "What the Dormouse Said: How the Sixties Counterculture Shaped the Personal Computer Industry" [O que disse o arganaz: como a contracultura dos anos 60 moldou a indústria dos computadores pessoais] --até o título é de uma velha faixa do Jefferson Airplane--, John Markoff revela que a primeira transação on-line do mundo foi uma venda de entorpecentes.
Em 1971 ou 72, alunos de Stanford usando contas da Arpanet no Laboratório de Inteligência Artificial da Universidade Stanford participaram de uma transação comercial com seus colegas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Antes da Amazon, antes do eBay, o ato seminal do e-commerce foi uma venda de entorpecentes. Os alunos usaram a rede para discretamente combinar a venda de uma quantidade não determinada de maconha.
Desde então tem sido, como diria o Grateful Dead, uma viagem longa e esquisita, e os usuários de drogas vêm se mantendo, com a ajuda da química, da neurofarmacologia e das telecomunicações, vários passos à frente da lei.
Nas décadas de 1970, 80 e 90, drogas de todos os tipos, legais ou não, já eram vendidas on-line. Em 2013, algumas pessoas se perguntam: por que violar as leis se você pode simplesmente encomendar a um laboratório chinês que sintetize uma maconha artificial (tecnicamente, um agonista dos receptores canabinoides) que já demonstrou, em condições laboratoriais, ter alguns dos mesmos efeitos da maconha? A lei tem tido dificuldades para acompanhar isso.
A pergunta também está sendo feita por negociantes inescrupulosos, que alegremente importam e vendem esses compostos raros, não testados e de pureza incerta, os dissolvem em acetona e os aspergem sobre um suporte vegetal inerte, que eles vendem pela internet a qualquer um que tenha um cartão de crédito. Eles têm pouca consideração pelos consumidores dessas drogas não testadas, que nem sequer foram concebidas para serem drogas. Elas podem causar náuseas, hipertensão e até danos renais.
No ano passado, pesquisadores descobriram 73 novas drogas no mercado, vendidas por quase 700 sites na Europa. Mas o que são elas? A maioria das pessoas com mais de 30 anos se lembra de quando o cardápio de drogas se limitava a maconha, LSD, anfetaminas, cocaína e heroína. Hoje, a farmacopeia é incrivelmente nova, e em muitos casos legal.
Basta examinar as leis antidrogas, me disse um químico clandestino, para notar que é brincadeira de criança burlar as restrições e criar uma droga legal, que seja quimicamente semelhante a uma substância vetada, mas que não seja ela mesma proibida. Ainda mais fácil é examinar pesquisas médicas publicadas em busca de qualquer coisa que indique atividade locomotora ampliada, ou atividade dos receptores de serotonina ou dopamina, já que isso provavelmente funcionará, de uma forma ou outra, como uma droga.
E se só tiver sido testado em ratos, quem se importa? Os jovens estão fazendo fila para serem cobaias.
Dos 73 novos compostos químicos descobertos no ano passado, 50 eram agonistas dos receptores canabinoides, frequentemente desenvolvidos para o uso em pesquisas farmacêuticas legítimas, conhecidos como teste de "relação estrutura-atividade". O sistema canabinoide endógeno tem profundos efeitos sobre o humor, o apetite, a pressão arterial e muitas outras funções essenciais.
Empresas como a Stirling Winthrop e os laboratórios de John William Huffman na Universidade Clemson, nos EUA, já produziram centenas dessas drogas como parte das suas pesquisas legítimas sobre anti-inflamatórios não esteroides. Mas elas escaparam para os mercados cinzentos em 2008, e um pânico moral teve início --assegurando a difusão do seu uso.
O primeiro lote de leis proibindo novos agonistas dos receptores canabinoides surgiu em 2010, quando a febre da mefedrona (também conhecida como M-cat ou miau-miau) estava no auge. Cerca de 170 deles foram banidos em uma legislação tecnicamente complexa, que proíbe famílias inteiras de compostos químicos e que cerca seus substitutos. Mesmo a legislação mais recente, em fevereiro, não impediu as inovações na verdade, as estimulou. Assim que uma leva era proibida, dezenas de outras apareciam sendo vendidas, no mesmíssimo dia.
Hoje, o número de novas drogas disponíveis está se acelerando em tal ritmo que a polícia e os toxicologistas já não conseguem nem identificar o que são elas, pois não há amostras de referência disponíveis com as quais compará-las. E, em toda a internet, há milhões de operações de narcotráfico acontecendo.
Como disse William Gibson: "O futuro já está aí só não é distribuído muito equitativamente".
Tradução de RODRIGO LEITE.

Saúde libera R$ 50 milhões para construção de Caps em todo o país


Saúde libera R$ 50 milhões para construção de Caps em todo o país


Fonte: Agência Brasil / Paula Laboissière / Edição: Denise Griesinger
Brasília  
Brasília – O Ministério da Saúde anunciou, dia 23 de abril, a liberação de R$ 50 milhões para a construção de centros de Atenção Psicossocial (Caps) em todo o país. Segundo a pasta, serão priorizados os serviços de atendimento 24 horas a dependentes de álcool e drogas e as unidades de Acolhimento.

A orientação do governo é para que os gestores interessados em construir um Caps ou uma Unidade de Acolhimento (UA) acessem a Portaria 615, publicada na semana passada, para dar início ao processo. O valor dos incentivos para financiamento varia de acordo com o tipo de estabelecimento (de R$ 500 mil e R$ 1 milhão). 
De acordo com o Ministério da Saúde, esta é a primeira vez que o governo federal repassa recursos para a construção desses serviços. Antes, a edificação ou aluguel dos espaços cabia ao município, o que dificultava a expansão da rede, muitas vezes por falta de locais adequados.
Dados do ministério, dão conta de que existem hoje 1.891 Caps em funcionamento, com o objetivo de oferecer atendimento à população, realizar o acompanhamento clínico e a reinserção social de usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.
Já 60 as unidades de Acolhimento foram instituídas para oferecer atendimento voluntário e cuidados contínuos para pessoas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, em situação de vulnerabilidade social e familiar e que demandem acompanhamento terapêutico e proteção em rede.

domingo, 14 de abril de 2013

Governo sw SP leva dependentes para Pinel e deixa psicóticos sem tratamento


MP: governo paulista leva viciados para Pinel e deixa psicóticos sem tratamento

Fonte: Rede Brasil Atual / Gisele Brito 11/04/2013


Apuração do Ministério Público (MP) de São Paulo mostra que pessoas com transtornos mentais deixaram de ser atendidas no Centro de Atenção Integrada em Saúde Mental Philippe Pinel, na zona oeste da capital, para abrir espaço a dependentes químicos encaminhados pelo Centro de Referência em Álcool e Tabaco e Outros Drogas, o Cratod.

A medida passou a vigorar depois que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou no início do ano que o estado iria criar programa de atendimento a viciados com foco na chamada "cracolândia" paulistana, incluindo a utilização de internações compulsórias. Na época, a Secretária de Saúde afirmou ter 700 vagas disponíveis para os dependentes químicos. Agora, os promotores afirmam que houve farsa e criação artificial de vagas
Uma ação civil foi ajuizada hoje (11) para garantir que os psicóticos voltem ao Pinel. O MP não sabe para onde estão indo as pessoas com transtorno mental, mas desconfia de que elas têm permanecido em prontos socorros não especializados. “Essas pessoas foram levadas para lá para preencher uma planilha de estatística da Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania. Também para preencher uma planilha da Secretaria de Saúde do estado de São Paulo”, afirmou o promotor de Habitação e Urbanismo, Maurício Ribeiro Lopes, durante entrevista coletiva na sede do Ministério Público, no central da capital. “Ali estavam para simplesmente tomar um banho, passar 30 dias e depois retornar à rua de onde vieram nas mesmíssimas condições. Tudo que era possível oferecer era abstinência, mais ou menos, já que droga entrava no estabelecimento, e televisão”, lamentou.
Funcionários do Pinel relataram a permanência de vagas ociosas no início de janeiro, algo incomum. Na tarde do dia 24 do mesmo mês os primeiros dependentes químicos começaram a chegar ao local, sem que os funcionários recebessem qualquer tipo de qualificação para o tipo de atendimento demandado por eles.
Durante um período, viciados e psicóticos dividiram o mesmo espaço. Houve agressões físicas entre os dois grupos de pacientes e contra profissionais. A Força Tática da Polícia Militar chegou a ser acionada em um dos episódios de conflito.
Depois de algumas semanas, os pacientes com transtornos mentais receberam alta e todas as 63 vagas do Pinel passaram a ser destinadas ao atendimento de viciados. 
Sem infraestrutura ou treinamento para atendê-los, os profissionais passaram a fazer denúncias. Segundo eles, a situação está fora de controle. Há uso de drogas nas dependências da unidade de saúde e furtos. Alguns dos pacientes passaram a se organizar em facções e dominar setores do equipamento público, à semelhança do que se faz em presídio.
Pacientes com comorbidades, que é o uso de drogas em conjunto com outras doenças como HIV , não foram previamente diagnosticados e não têm recebido atendimento adequado. “O objetivo da ação civil é fazer com que o Pinel, que foi sempre um hospital que atendia psicóticos em surto e foi sempre um excelente hospital, retorne a sua inicial função, para a qual ele está capacitado.
Os profissionais e a própria estrutura do hospital não têm condição de continuar atendendo dependentes químicos em crack”, afirmou o promotor da área de Direitos Humanos da capital, Arthur Pinto Filho. Segundo ele, os dependentes químicos não têm tratamento individualizado e permanecem apenas 30 dias no local, tempo considerado insuficiente por médicos consultados. “Essa forma de atendimento de dependentes químicos é péssima. E essa forma de não-tratamento de psicóticos é pior ainda.” 
O MP acredita que a situação possa se repetir em outros hospitais. “Na nossa visão, o que está sendo feito pelo governo do estado demonstra, em primeiro lugar, a inexistência desses 700 leitos. Esses leitos não estão vazios. Não há vagas. Em segundo lugar, nós constatamos que, diante daquela procura, talvez não tenha sido corretamente dimensionado o afluxo ao Cratod, gerou talvez uma situação de pânico no governo para resolver aquela situação aflitiva, porque os jornais já davam aquelas filas de esperas”, avalia Pinto Filho. “Diante disso, houve a opção pelo pior mundo: derrubar aquilo que funcionava para criar aquilo que não funciona.”

terça-feira, 2 de abril de 2013

Vídeo animado: Como as drogas agem no cérebro?

Entenda como as drogas agem no cérebro: Vídeo animado e interativo. Utilize o mouse, escolha o seu ratinho e o coloque na poltrona, o resto é feito sozinho.

Clique no endereço abaixo:

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