domingo, 30 de junho de 2013

Consumo de cocaína no Brasil, aumentou

Uso de cocaína entre estudantes é quase o dobro do que na população geral

Carta Capital

UNODC

Segundo relatório, entre estudantes, taxa de prevalência chega a 3%
 Contrariando a tendência dos maiores mercados de cocaína, como os Estados Unidos, o Brasil apresentou aumento no consumo da droga nos últimos anos. Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas 2013, divulgado nesta quarta-feira 26 pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), o uso da droga entre os estudantes brasileiros chega quase ao dobro da prevalência estimada entre a população geral. “Segundo estudo [de 2010] conduzido entre estudantes em 27 capitais brasileiras, a prevalência anual de uso de cocaína entre eles gira em torno de 3%. A prevalência do uso de cocaína dentre a população geral é estimada em 1,75%, e também é consistente a tendência do aumento de uso da droga no País.” O dado sobre a população geral é uma estimativa feita pela própria UNODC, levando em conta o ritmo de consumo da droga.
De toda a cocaína apreendida no País em 2011, ressalta o documento, mais da metade veio da Bolívia (54%), enquanto 38% são originários do Peru, e 7,5%, da Colômbia. O fato de fazer fronteira com três principais países -fonte de cocaína e de ter uma população grande contribuíram, segundo o texto, para “níveis significativos do uso de cocaína e crack”. Além disso, a extensa costa atlântica do país propicia fácil acesso aos mercados da África e da Europa, fazendo-o desempenhar um importante papel no mercado de cocaína tanto como destino quanto rota. “O Brasil é também um ponto de passagem para remessas de cocaína traficadas para África ocidental, a África Central e Europa, notadamente a Península Ibérica.”
Paralelamente ao aumento do consumo de cocaína no Brasil, muitos países sul-americanos registraram estabilidade ou queda. Os dois principais mercados para a cocaína, a América do Norte e a Europa Ocidental e Central, também mostraram diminuição do uso de cocaína entre 2010 e 2011. Enquanto a prevalência anual entre a população adulta diminuiu de 1,3% em 2010 para 1,2% em 2011 na Europa Ocidental e Central, na América do Norte a queda foi de 1,6% para 1,5%. Na América Central, lembrou o documento, a concorrência entre traficantes resultou em um aumento dos níveis de violência.
Assim como o Brasil, a Austrália também registrou aumento no uso de cocaína, passando de 1% da população acima de 14 anos em 2004 para 2,1% em 2010. As maiores apreensões de cocaína do mundo, indica o documento, continuam a ser relatadas na Colômbia (200 toneladas) e nos Estados Unidos (94 toneladas).
O relatório da UNODC ressalta ainda que partes do leste e sudeste da Ásia correm, assim como o Brasil, maior risco de expansão do uso de cocaína. Em Hong Kong, por exemplo, as apreensões aumentaram dramaticamente para quase 600 kg em 2010, e ultrapassaram 800 kg em 2011. Enquanto o aumento na Ásia pode estar ligado ao “glamour associado ao uso da cocaína e à emergência de seções mais ricas da sociedade”, no caso da América Latina o aumento do consumo “parece estar relacionado ao fato de que a cocaína está amplamente disponível e é relativamente barata, por causa da proximidade de países produtores”.
Na América do Norte, de 2006 a 2011, o uso de cocaína nos Estados Unidos caiu 40%, parcialmente “devido à menor produção na Colômbia, à intervenção dos órgãos responsáveis pela aplicação da lei e à violência entre os cartéis”. Já na Oceania, as apreensões atingiram novos recordes em 2010 e 2011: 1,9 e 1,8 toneladas, respectivamente, em comparação com 290 kg em 2009. Estima-se que, no total, a área global destinada ao cultivo de coca seja de 155.600 hectares.
NPS. O documento traz também como ponto de preocupação do órgão ligado à ONU a velocidade do fenômeno conhecido como novas substâncias psicoactivas (NSP) – substâncias ou produtos psicoactivos não regulamentados que tentam imitar os efeitos de drogas controladas, como mefedrona, BZP, ketamina, MDMA.
“O número de NSP comunicadas pelos Estados-Membros para o UNODC aumentou de 166 no final de 2009 para 251 em meados de 2012, o que representa um aumento de mais de 50%. Pela primeira vez, o número de NSP excedeu o total das substâncias controladas internacionalmente.” O tema mostra-se um assunto de preocupação na área da saúde pública, segundo o relatório, devido à falta de investigação científica e conhecimento sobre seus efeitos.
O relatório faz ainda alerta à combinação de medicamentos e substâncias ilícitas, especialmente ao abuso de sedativos e tranquilizantes. Dos países cobertos pelo relatório, mais de 60% classificam tais substâncias entre as três mais usadas indevidamente.
Em relação ao uso de drogas injetáveis e a consequente contaminação por HIV, o relatório lembra que dos 14 milhões de pessoas entre 15 e 64 anos que injetam drogas, 1,6 milhões vivem com o vírus da Aids.

No ano de 2011, o número de mortes relacionadas a drogas é estimado em 211 mil. O documento lembra, no entanto, que “as mortes ocorreram entre a população mais jovem de usuários e, em grande parte, poderia ter sido evitada”.

Ritalina pode ajudar a melhorar função cerebral de viciados, diz pesquisa.

Remédio para déficit de atenção pode combater vício em cocaína, diz estudo

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·         Ritalina pode ajudar a melhorar função cerebral de viciados, diz pesquisa.
Cientistas apontam que resultados ainda são preliminares.
Do G1, em São Paulo
ritalina
Caixa de ritalina (Foto: TV Globo/Reprodução)
Uma pesquisa conduzida por cientistas americanos sugere que o remédio ritalina, cuja substância ativa é o cloridrato de metilfenidato, pode ajudar a combater o vício em cocaína e melhorar as funções cerebrais de pessoas afetadas pelo vício na droga. A medicação em geral é indicada para tratar transtornos de déficit de atenção, principalmente em crianças.
Publicada na edição online da revista científica "Jama Psychiatry" desta semana, a pesquisa foi realizada por cientistas da Escola de Medicina Icahn do Hospital Monte Sinai, em Nova York.
O estudo indica que a ritalina alterou conexões em certas áreas cerebrais que determinam o auto-controle e o desejo em pessoas viciadas em cocaína. "Administrada oralmente, a medicação aumenta a dopamina no cérebro de maneira similar à cocaína, mas sem as propriedades altamente viciantes", disse a professra de psiquiatria Rita Goldstein ao site do hospital.
Foram recrutados 18 voluntários viciados em cocaína que receberam doses de ritalina ou de placebo sem que soubessem quais deles estariam tomando o remédio. Os pesquisadores usaram ressonância magnética para monitorar conexões em certas regiões cerebrais conhecidas por atuarem no vício.
A ressonância foi realizada antes e durante o pico do efeito do medicamento. A gravidade do vício de cada voluntário também foi levada em conta, para ver se isso teria alguma implicação nos resultados.
A ritalina diminuiu a atividade cerebral entre áreas do cérebro que são conhecidas por terem ligação com a formação do comportamento compulsivo pela busca das drogas e pelo desejo. A ressonãncia também mostrou que a ritalina fortaleceu as conexões cerebrais entre regiões envolvidas com o controle das emoções e de certos tipos de comportamento - ligações cerebrais que em geral são identificadas como "rompidas" em casos de vício em cocaína.
"Os benefícios da ritalina foram identificados após a aplicação de apenas uma dose", disse Rita. "Este é um estudo preliminar, mas as descobertas animam a continuar com mais pesquisas no tema."

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Usuários de drogas podem ter 10% de vagas em concursos

Usuários de drogas podem ter 10% de vagas em concursos

Tribuna Hoje
Sugestão foi feita pelo presidente da Comissão de Enfrentamento ao Crack, o deputado estadual Vanderlei Miranda (PMDB)
O Tempo
Diante da escassez de investimentos públicos para os tratamentos de usuários de drogas no Estado e da alta taxa de ocupação das vagas públicas destinadas a esse tipo de abordagem, Minas poderá adotar uma medida polêmica: reservar 10% das vagas em concursos públicos no Estado para dependentes químicos.
A sugestão foi feita pelo presidente da Comissão de Enfrentamento ao Crack, o deputado estadual Vanderlei Miranda (PMDB), durante o ciclo de debates Um Novo Olhar sobre o Dependente Químico, encerrado, ontem, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na capital. “Fomos muito cobrados de que o poder público não ajuda na reinserção de usuários de drogas. Sugeri isso ao governo, mas ainda não obtive resposta para decidirmos o que fazer”, afirmou.
O projeto causa polêmica entre entidades que lidam com o tratamento de dependentes químicos. Para Robert William, da ONG Defesa Social, que trabalha com o tratamento de dependentes químicos, o investimento deveria ser em vagas públicas de tratamento. “Em certo ponto, pode parecer bom (reservar empregos públicos para usuários de drogas), ajudando o dependente a se reinserir. Mas o principal é que o Estado invista em vagas públicas de tratamento”, frisou.
Segundo Cleiton Dutra, assessor de política de gabinete da Subsecretaria de Política Anti-Drogas, a reserva de vagas para usuários de drogas em concursos públicos não foi analisada. “Não tenho conhecimento do assunto, isso deve ser analisado. Mas, independentemente disso, vamos expandir as vagas públicas futuramente”, disse.

Números

Minas oferece 1.600 vagas de para tratamento de dependentes químicos – 96,34% das quais ocupadas, segundo a sub secretaria de Polícia Anti-Drogas – e pretende chegar a 3.000 mil, mas a expansão não tem data prevista.