segunda-feira, 27 de maio de 2013

Consumo de álcool por vias vaginal e anal preocupa médicos

Consumo de álcool por vias vaginal e anal preocupa médicos

Adolescentes têm assustado pais e médicos com consumo exagerado de álcool por vias anal, vaginal e até pingando no olho

Aline Lacerda, Terra - 24 de maio 2013

Recentemente, um jovem americano foi hospitalizado em coma alcoólico depois de introduzir uma grande quantidade de vinho por meio de um tubo inserido no reto.
Além de consumir bebida via anal, vários jovens no mundo têm assustado pais e médicos com métodos nada convencionais de se embriagar. Nos Estados Unidos e Europa, vídeos se espalharam na internet com adolescentes pingando vodca nos olhos, método chamado por eles de “vodka eyeballing”. Meninas que encharcam absorventes internos de álcool e os colocam na vagina também tem parecido uma prática difundida, além de beberem álcool em gel.

álcool anal vaginal
Jovens preocupam médicos com consumo de álcool via anal e vaginal (Foto: Getty Images)

Segundo a Dra. Zila Van Der Meer Sanchez, pesquisadora do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), da Unifesp, os adolescentes que chegam aos prontos-socorros alcoolizados usam menos destas práticas no Brasil do que em outros países, apesar de casos terem sido registrados.
“Os riscos para quem consome álcool desta maneira são exatamente os mesmos de métodos convencionais. O que conta é a quantidade de álcool ingerida, porque independente de onde for, o corpo vai absorver do mesmo jeito”.

O clínico geral do Hospital das Clínicas, Dr. Arnaldo Lichtenstein, também alerta para o uso cada vez maior de álcool. “O grande problema é o uso abusivo do álcool, independente da via”.

No entanto, além do comportamento extremamente invasivo ao corpo, o ânus, por exemplo, tem mais terminações nervosas e mucosas mais expostas, o que causa uma absorção mais rápida e compromete a percepção da quantidade ingerida.
“Se for tomando de pouquinho em pouquinho, a pessoa vai sentindo e consegue identificar mais fácil a hora de parar. Mas, mesmo assim, depois de parar ainda há uma grande quantidade de álcool no estômago para ser metabolizado e, neste ponto é comum as pessoas passarem mal, vomitarem e colocarem para fora o que ainda não foi absorvido. No entanto, nestes casos de consumo por outras vias, a substância vai ficar ali até ser completamente absorvida”, informou.


Além do estômago e intestino, o álcool é mais rapidamente absorvido pelas mucosas do corpo, desde a boca até o ânus e a vagina. “A absorção é muito grande pelas mucosas. Se você bebe uma taça de vinho e demora uma hora ou duas para ser processado, o consumo pela mucosa leva minutos”, explicou o Dr. Arnaldo Lichtenstein.
“O problema é que o álcool é irritante. Do mesmo modo que irrita o estômago, vai irritar o olho e causar uma conjuntivite, no ânus e na vagina vai acontecer a mesma coisa e pode gerar problema sérios a curto, médio e longo prazo”, esclareceu o clínico do HC.

Os adolescentes que bebem álcool em gel podem ter reflexos no fígado. “Você vai sobrecarregar seu fígado com as substâncias que têm no produto, além do álcool. Pode intoxicar e vai retardar o metabolismo”, informou a Dra. Zila Van Der Meer.

Vale ainda esclarecer que a exceção é pingar bebida no olho, prática que não tem efeito nenhum. “Esta história de pingar nos olhos, teria que ser um caminhão de álcool para deixar bêbado. Nesta região não tem nenhuma relação fazer isto”, comentou a especialista.

Em relação ao consumo via anal, ela esclareceu ainda: “pode dar uma concepção de violência sexual. Vai além do álcool, pode ter caráter de uma agressão sexual”.
O Dr. Arnaldo Lichtenstein ressaltou que a procura pelo prazer sexual também vem junto nestas práticas. “Isto é a busca pelo prazer mais rápido que está sendo misturado com sexualidade. São duas grandes sensações de busca de prazer”, explicou .

Ele alertou ainda que estas práticas não muito comuns acontecem há bastante tempo, mas o que mais preocupa é a quantidade exagerada de álcool que tem sido colocado em questão. “Esta busca desenfreada por sensações de euforia e anestesia é muito preocupante. Alguns pacientes falam em anestesia e usam estes meios mais rápidos para conseguir não só a desinibição que o álcool produz”, concluiu.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Bolsa Crack no valor mensal de R$ 1.350 para dependentes químicos de SP


São Paulo vai dar auxílio mensal de R$ 1.350 para dependentes químicos

 

Programa está em fase de finalização no governo paulista e prevê a bolsa para famílias de viciados


ALBERTO BOMBIG Revista Época – 07.05.2013

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), está prestes a concluir um novo pacote de ações para combater a violência e o avanço das drogas no Estado. Entre as principais medidas estará a transferência direta de dinheiro para a recuperação de dependentes de crack e o incremento de 6.500 policiais no patrulhamento das ruas. O programa será batizado de Cartão Recomeço e a transferência de renda deverá ser feita por meio de um cartão similar aos utilizados no sistema bancário.

A ação de combate às drogas será semelhante à adotada pelo governo tucano de Minas Gerais, o Cartão Aliança pela Vida. Iniciativas como essa ganharam o apelido de “bolsa crack” ou “cartão crack”. O cartão tornará disponível a quantia de R$ 1.350 mensais para as famílias dos dependentes (em Minas o valor é de R$ 900) e esse dinheiro só poderá ser utilizado no tratamento dos dependentes porque será repassado diretamente para as clínicas de reabilitação. No total, até 3 mil famílias poderão ser beneficiadas em todo o Estado São Paulo. Todos os detalhes do programa serão apresentados na quinta-feira pelo governo Geraldo Alckmin.

Usuários de crack são recolhidos, voluntariamente, nas ruas de São Paulo por uma organização que tem convênio com o Governo do Estado (Foto: Marcelo Camargo/ABr)
Os detalhes finais do programa estão sendo preparados pela Secretaria de Desenvolvimento Social, comandada por Rodrigo Garcia. Como contrapartida, o dinheiro terá de ser utilizado pelas famílias em ações que envolvam e complementem o tratamento dos dependentes. 

Pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha e divulgada na semana passada mostrou que 45% dos paulistanos apontam o envolvimento de jovens da família com tóxicos como seu maior medo, seguido do temor da violência urbana. No começo deste ano, o governo paulista deu início à internação compulsória dos viciados em crack, que também foi respaldada pela população conforme outra pesquisa. O Cartão Recomeço será, segundo o Palácio dos Bandeirantes, uma medida complementar ao programa de internação. Ambos devem fazer parte do “atendimento diferenciado aos dependentes químicos”, uma das bandeiras do governador.

No final do ano passado, a prefeitura do Rio de Janeiro também anunciou o lançamento da ajuda financeira a dependentes, mas a iniciativa até agora não foi colocada em prática. 

Policiamento
No âmbito do combate à violência, o pacote, também a ser anunciado nos próximos dias, vai colocar nas ruas cerca de 6.500 policiais a mais – 5.000 da Polícia Militar e 1.500 da Polícia Civil. O modelo a ser utilizado para o aumento do efetivo no patrulhamento será o da Operação Delegada, que já existe e prevê parcerias do Estado com as prefeituras e ficou conhecido como “bico legalizado” porque permite aos PMs desempenharem funções de atribuição do município nos dias de folgas.
A ideia em curso no Palácio dos Bandeirantes é criar uma Operação Delegada em que o próprio Estado pague para os policiais trabalharem em suas horas de folga sem precisar da parceria com as prefeituras.