Consumo de álcool por vias vaginal e anal preocupa médicos
Adolescentes têm assustado pais e médicos com consumo exagerado de álcool
por vias anal, vaginal e até pingando no olho
Aline Lacerda, Terra - 24 de maio 2013
Recentemente, um jovem
americano foi hospitalizado em coma alcoólico depois de introduzir uma grande
quantidade de vinho por meio de um tubo inserido no reto.
Além de consumir bebida via anal, vários jovens no mundo
têm assustado pais e médicos com métodos nada convencionais de se embriagar. Nos Estados Unidos e
Europa, vídeos se espalharam na internet com adolescentes pingando vodca nos olhos,
método chamado por eles de “vodka eyeballing”. Meninas que encharcam absorventes internos de
álcool e os colocam na vagina também tem
parecido uma prática difundida, além de beberem álcool em gel.
Segundo a Dra. Zila
Van Der Meer Sanchez, pesquisadora do Centro Brasileiro de Informações sobre
Drogas Psicotrópicas (CEBRID), da Unifesp, os adolescentes que chegam aos
prontos-socorros alcoolizados usam menos destas práticas no Brasil do que em
outros países, apesar de casos terem sido registrados.
“Os riscos para quem
consome álcool desta maneira são exatamente os mesmos de métodos convencionais.
O que conta é a quantidade de álcool ingerida, porque independente de onde for,
o corpo vai absorver do mesmo jeito”.
O clínico geral do
Hospital das Clínicas, Dr. Arnaldo Lichtenstein, também alerta para o uso cada
vez maior de álcool. “O grande problema é o uso abusivo do álcool, independente
da via”.
No entanto, além do
comportamento extremamente invasivo ao corpo, o ânus, por exemplo, tem mais
terminações nervosas e mucosas mais expostas, o que causa uma absorção mais rápida e compromete a percepção da quantidade
ingerida.
“Se for tomando de
pouquinho em pouquinho, a pessoa vai sentindo e consegue identificar mais fácil
a hora de parar. Mas, mesmo assim, depois de parar ainda há uma grande
quantidade de álcool no estômago para ser metabolizado e, neste ponto é comum
as pessoas passarem mal, vomitarem e colocarem para fora o que ainda não foi
absorvido. No entanto, nestes casos de consumo por outras vias, a substância
vai ficar ali até ser completamente absorvida”, informou.
Além do estômago e
intestino, o álcool é mais rapidamente absorvido pelas mucosas do corpo, desde
a boca até o ânus e a vagina. “A absorção é muito grande pelas mucosas. Se você
bebe uma taça de vinho e demora uma hora ou duas para ser processado, o
consumo pela mucosa leva minutos”, explicou o Dr. Arnaldo
Lichtenstein.
“O problema é que o
álcool é irritante. Do mesmo modo que irrita o estômago, vai irritar o olho e
causar uma conjuntivite, no ânus e na vagina vai acontecer a mesma coisa e pode
gerar problema sérios a curto, médio e longo prazo”, esclareceu o clínico do
HC.
Os adolescentes que
bebem álcool em gel podem ter reflexos no fígado. “Você vai sobrecarregar seu
fígado com as substâncias que têm no produto, além do álcool. Pode intoxicar e
vai retardar o metabolismo”, informou a Dra. Zila Van Der Meer.
Vale ainda esclarecer
que a exceção é pingar bebida no
olho, prática que não tem efeito nenhum. “Esta história de
pingar nos olhos, teria que ser um caminhão de álcool para deixar bêbado. Nesta
região não tem nenhuma relação fazer isto”, comentou a especialista.
Em relação ao consumo
via anal, ela esclareceu ainda: “pode dar uma concepção de violência sexual.
Vai além do álcool, pode ter caráter de uma agressão sexual”.
O Dr. Arnaldo
Lichtenstein ressaltou que a procura pelo prazer sexual também vem junto nestas
práticas. “Isto é a busca pelo prazer mais rápido que está sendo misturado com
sexualidade. São duas grandes sensações de busca de prazer”, explicou .
Ele alertou ainda que
estas práticas não muito comuns acontecem há bastante tempo, mas o que mais
preocupa é a quantidade exagerada de álcool que tem sido colocado em questão.
“Esta busca desenfreada por sensações de euforia e anestesia é muito
preocupante. Alguns pacientes falam em anestesia e usam estes meios mais
rápidos para conseguir não só a desinibição que o álcool produz”, concluiu.