segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Depressão e alcoolismo são os principais fatores de risco do suicídio

Depressão e alcoolismo são os principais fatores de risco do suicídio


O Globo

 Especialista garante que a prevenção é possível com aumento do conhecimento sobre situação

Prevenção: O psiquiatra José Manoel Bertolote criou o Programa Global de Prevenção do Suicídio da OMS há 20 anos e diz que, em geral, o suicídio ocorre quando há uma doença mentalUnesp
É possível evitar o suicídio, garante o psiquiatra José Manoel Bertolote, autor do recém-lançado livro “O suicídio e sua prevenção” (Unesp) e ex-chefe do Programa de Prevenção do Suicídio da OMS. Ainda assim, o professor da Universidade de Griffith (Austrália) e da Unesp (Botucatu-SP) diz que cada caso é um caso e ressalta que as motivações também passam por cultura e religião.
Existem fatores de risco para os casos de suicídio?
Quando se estuda a população que comete suicídio, há algumas características em comum. A mais universal é a presença de um transtorno mental. Nos países ocidentais, as duas doenças mais encontradas são a depressão e o alcoolismo. A esquizofrenia vem em terceiro lugar, um pouco longe destas duas. Seja isoladamente ou em uma combinação de fatores, cerca de dois terços de todas as pessoas que cometem suicídio têm ou depressão ou alcoolismo.
E no Oriente?
Só a China e a Índia têm um quarto de todos suicídios do mundo. São mais de 200 mil nestes dois países. Além disso, apesar de não ser maioria, quase um quarto é de suicídios impulsivos, ao passo que no Ocidente isto é raríssimo. São gestos para impressionar, não necessariamente com a intenção de morrer. Na China, tradicionalmente, quando há o casamento, a noiva vai morar na casa do noivo, onde morava o filho e os pais. O grande conflito que tem como consequência o suicídio lá é entre nora e sogra.
O senhor chefiou um programa de prevenção de suicídio da OMS. Como funciona?
Trabalhei na OMS por 20 anos e era o chefe da seção de transtornos mentais. Criei o programa que trata da melhoria do atendimento ao doente mental grave, principalmente com estes três diagnósticos que mencionei.
Como preveni-lo?
O suicídio é uma situação de crise na vida que é absolutamente evitável, é uma eventualidade que ocorre geralmente na vigência de uma doença mental e é importante que cada cidadão se sinta responsável pelo vizinho ou parente que ele perceba estar em crise.
Como identificá-los?
As pessoas se retraem. Uma das dificuldades de poder ajudar é que elas se afastam, o problema não é visível. Normalmente não nos interrogamos sobre o que está havendo. Entrevistamos famílias de suicidas em Botucatu e vimos que em alguns casos eles contaram que iam se matar para a família, mas ninguém fez nada.
Em geral, é algo que passa frequentemente pela cabeça da pessoa?
Passa pela cabeça sim, e no momento que ela sabe que existe um médico, um enfermeiro, uma associação, um padre, um pastor, um número de telefone, a quem ela possa recorrer e falar do problema, a pessoa usa.
E como ficam estas famílias?
Existem associações em vários países que se denominam “sobreviventes do suicídio”. Não para os que tentaram se suicidar, mas para os familiares e amigos que ficaram. Existe uma mistura de sentimentos, como culpa, raiva, impotência, que são fatores de risco para um novo suicídio. É comum a pessoa que ficou de um suicídio tente se suicidar também, como em “Romeu e Julieta”.
Quem são as pessoas que estão prestes a cometer o ato?
Há um grupo de pessoas que realmente quer botar um fim na vida. Ou acha que viveu tudo o que tinha para viver, que não tem mais sentido, ou que não enxerga uma saída para uma situação difícil que está vivendo, então quer acabar com tudo. Há outro grupo que não quer necessariamente morrer, mas quer mudar aquela situação. Existe um terceiro grupo para quem o ato suicida é o famoso grito de  socorro.
É preciso ter um motivo específico para se cometer o suicídio?
O indivíduo se suicida na crise de ansiedade. Está deprimido, o rendimento cai e ele é despedido. É um precipitante. Mas a percepção social toma o precipitante pela causa. Acham que ele se suicidou por ter sido demitido e não pelos outros sintomas.
Por que homens se suicidam mais? No Brasil, são três para cada mulher.
Uma das manifestações típicas em homens é o uso de álcool e, em menor quantidade, drogas. Além disso, a depressão no homem nem sempre é diagnosticada porque apresenta características diversas da da feminina. No homem, se manifesta mais como transtorno de comportamento, agressividade.
E na faixa etária, são os idosos que se suicidam mais?
A taxa de suicídio cresce com a idade. Ela é zero até os 5 anos, praticamente zero até os 10 anos, baixíssima até os 15; aí começa a subir progressivamente e as taxas mais altas estão em idosos. A taxa média do Brasil é de seis suicídios por 100 mil habitantes, entretanto, em idosos, ela chega a 25/100 mil.
Por que a taxa brasileira é baixa?
O Brasil é tradicionalmente religioso, a maioria não tem armas de fogo, a população idosa não é tão grande, é uma série de fatores. Há dez mil suicídios por ano, está em décimo lugar. Mas a taxa é mesmo muito baixa. Só que vem aumentando nos últimos dez anos, principalmente em jovens, que é uma população muito desassistida.
No Brasil, a tentativa e a facilitação do suicídio são crimes. O que o senhor acha do direito ao suicídio?
Há mais de 50 anos que nenhum juiz processa alguém por tentativa. Há países onde isso é mais sério, como na Índia, o que complica o tratamento, porque o paciente foge do hospital e o médico omite o fato. Há países que reconhecem o direito, como a Suíça. É uma decisão de foro íntimo que varia muito dada a situação do indivíduo. Como poderíamos ficar contra o suicídio no filme “Invasões Bárbaras”, por exemplo, em que o senhor estava doente, teria uma vida miserável, e estava rodeado de amigos, no local que mais gostava?
Existe um grupo social com maior incidência?
São os policiais, por uma questão muito clara: eles têm uma arma do lado. O acesso ao meio é fundamental. Médicos e dentistas, que têm acesso a substâncias, também.
Nesta linha, países com facilitação de acesso a substâncias ou armamentos têm esta propensão? Como exemplo, o acesso às armas nos EUA?
A taxa é relativa. Nos EUA não é muito alta, entretanto, a grande maioria de suicídios é por arma de fogo. Seria de se esperar uma queda drástica dessa taxa com um controle maior de armas.
Ou seja, é uma questão que envolve vários setores da sociedade.
A saúde está na ponta, inclusive tem só 200 anos que isto entrou no rol da ciência médica. A religião tem uma enorme influência. Um estudo que fiz na OMS comparando países de religiões diferentes mostrou que os mais ateus na época, como URSS, China e Vietnã, tinham taxas muito mais elevadas do que países com religião, seja budismo, cristianismo ou islamismo. Aliás, é extremamente raro o suicídio em países muçulmanos. Os casos famosos de suicidas terroristas não são suicidas, são pessoas que morrem para matar o inimigo. É o suicídio altruísta.
Há picos e vales de suicídios?
Na Europa, houve queda vertical na 1ª e 2ª guerras. Há algumas explicações, como por exemplo a pessoa ter que lutar pela sobrevivência se desvia de seus problemas. Em praticamente todos os países com conflito armado com inimigo externo, o suicídio diminui. Por outro lado, aumenta com uma desorganização social. Quando a Noruega descobriu petróleo e ficou rica da noite para o dia, houve onda de suicídio.

Web ajuda pacientes que tem vergonha de falar em grupo


Web ajuda paciente que tem vergonha de falar em grupo

O psiquiatra Marcelo Niel, do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Universidade Federal de São Paulo, diz que os blogs podem ajudar dependentes químicos que não conseguem dividir experiências em público.
"Muitos têm fobia social. Pode ser muito difícil para um paciente ansioso falar em grupo. Esse é o maior fator de não adesão a tratamentos", diz o médico.
No caso dos familiares, afirma Niel, publicar relatos em blogs pode ajudá-los a descobrir que não são os únicos passando por esse tipo de problema. "Há uma carga muito grande sobre a família, que sente vergonha. É importante que eles saibam que outras pessoas passam por problema parecido", afirma.

TRECHOS
"Há 69 dias, minha sogra faleceu. Pedi dinheiro emprestado para minha mãe para ajudar no sepultamento. O dinheiro virou droga que usei antes do enterro. Para disfarçar, tomei seis comprimidos de Diazepam que me deixaram grogue."
"Minha doença age de forma traiçoeira, comendo pelas beiradas, aproveitando qualquer falha na minha armadura e esta semana não foi diferente." waladicto.blogspot.com.br
"Ontem, ele saiu para trabalhar e até agora nada, não voltou... E o pior de tudo é que eu mais uma vez emprestei meu carro para ele, o que será que tenho na cabeça?
As vezes, não consigo entender como a codependência nos engana tanto, nos fazendo acreditar nas palavras do adicto. Em duas semanas, ele teve 3 recaídas. Estamos passando por momentos difíceis em casa, pois ele praticamente parou de trabalhar... Estou cansada de carregar tudo nas costas. Sem perceber, fui facilitando o vício dele nas drogas, pois aqui em casa eu pago aluguel, água, luz e telefone... Deixei para meu esposo apenas as despesas com a compra e infelizmente nem isso ele está fazendo..." lucianalpsm.blogspot.com.br
"Tudo começou na parte da manhã, quando uma nota de R$ 50 que minha mãe havia deixado por descuido na mesa da sala sumiu.
Naquela época, ele já estava morando na minha casa, mas ainda pouco sabíamos a respeito da dependência dele, pouco sabíamos sobre o crack. Logo que minha mãe deu falta, eu ‘saquei’ o que estava acontecendo, eu tive a certeza dentro de mim de que havia sido ele, o rapaz por quem eu havia me apaixonado, o rapaz a quem eu sempre chamava de anjo, e eu travei uma batalha interna dentro de mim para aceitar que aquele anjo fosse capaz de fazer algo do tipo.
E então o jogo começou! O jogo de manipulações, de chantagem emocional, de apelos e tudo mais o que vocês possam imaginar, mas quem estava jogando esse jogo era eu, não ele."livrovaleuapena.blogspot.com.br
"Ainda bem que tenho um ‘piloto automático’ que logo me diz que estou no caminho errado.
Ainda bem que, mesmo recaído espiritualmente, emocionalmente e psicologicamente, e com todas as insanidades, eu não consumei a recaída no sentido de voltar ao uso de drogas. Mas eu preciso admitir que a minha vida está sem controle em alguns (ou vários) aspectos; tenho de admitir que preciso de ajuda.
Ontem, encontrei um brother das antigas, que estava em reclusão por tráfico e saiu há dois meses. Ele estava com o uniforme da empresa onde está trabalhando e isso me alegrou muito. Disse estar sendo crente e que está dormindo no albergue. Disse que não tem mais nem vontade de usar, que já recebeu várias propostas para comercializar novamente, mas não pretende mais voltar ao crime." limposporhoje.blogspot.com.br

Em blog, dependentes relatam suas histórias e medos

Em blogs, viciados em drogas relatam histórias e medos

Dependentes em recuperação e parentes usam internet para dividir experiências

Artur Rodrigues - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - "Hoje passei o dia meio eufórico, vi o passarinho verde e, como aprendi na clínica, isso não é bom. Tenho de me concentrar para manter o meu humor controlado, pois qualquer alteração brusca pode desencadear a vontade de usar drogas. Lembro-me que na ativa a alegria, a tristeza, a euforia, o estresse, o medo e qualquer outra alteração de humor me levavam a usar drogas. Eu não sei lidar com minhas emoções."

As tentações, o medo, a alegria que vem com cada dia sem recaída inspiram os cada vez mais numerosos blogs mantidos por viciados em drogas ou parentes de dependentes químicos. O trecho acima foi escrito pelo autor do blog Diário de um Adicto, um estudante de Direito de 30 anos, morador de Diadema e ex-usuário de cocaína e crack.
"Tinha acabado de sair de uma internação, era um momento em que eu estava perdido. A coisa que eu mais gostava - que era usar drogas - me havia sido tirada e eu sentia um enorme vazio, que não tinha coragem de relatar a qualquer pessoa por medo da reação", contou, em entrevista por e-mail ao Estado. "Então, eu criei um perfil e, protegido pelo anonimato proporcionado pela internet, me senti mais à vontade para extravasar meus medos e aflições."
O histórico dos blogs mostra a evolução de alguns e o desespero de outros. Uma súbita interrupção nos textos acaba levando o leitor a se perguntar se, depois de tanto esforço, o autor sucumbiu às drogas novamente.
Dono da página Limpo, só por hoje, o consultor Junior Souza, de 39 anos, já está há sete anos longe das drogas. Sua vida parece um roteiro de filme. Ele fumou maconha dos 9 aos 11 anos e daí para a frente injetou cocaína, provou LSD e passou a usar crack. Ainda menino, virou cobrador do tráfico de drogas e respondeu por nove assassinatos na prisão. Era um criminoso temido em Pernambuco. Agora morando no Maranhão, continua famoso. Mas como exemplo de recuperação. "Como eu trabalho com grupos de mútua ajuda, a interação que o blog proporciona ajuda muito na minha recuperação", diz ele, que também dá palestras.
Segundo especialistas, dividir experiências, na web ou não, segue a lógica de tratamento de grupos como Narcóticos Anônimos (NA) e Alcoólicos Anônimos (AA). "Fui a uma sessão do AA a troco de uma garrafa de cachaça e, ao contrário de todo lugar que eu ia, não me disseram que tinha de parar. Eu era contra me mandarem fazer as coisas. Não obedecia nem a lei e ia obedecer psicólogo?" Aos poucos, porém, Souza foi largando a bebida, a cocaína, o crack e, por último, a maconha.
Os blogs também ajudam os chamados codependentes, termo usado para designar parentes e familiares que passam a viver em função dos viciados.
A assistente contábil Giuliana Fisher Fatigati, de 28 anos, faz parte de uma rede de cerca de 30 blogueiras que escrevem sobre o assunto. O relacionamento dela com um usuário de crack acabou sem final feliz, com ele de volta às drogas. Além do blog Valeu a Pena, escreveu um livro sobre o assunto. "A codependência é uma doença também. Dá a impressão de que você vai suportar, que você é a mais forte, uma heroína", diz. "No final, está arrasada, com a autoestima baixa."
Vivendo há quase metade da sua vida com um viciado em crack, a representante comercial Luciana Laura, de 35 anos, criou no ano passado o blog 14 anos lutando por um dependente químico. "Por meio do blog, conheci inúmeras pessoas que passam pelo mesmo problema. Encontrei amigos que amo incondicionalmente e me ajudam a passar pelos traumas que a dependência química traz aos familiares.

Minas consome quatro pilulas de antidepressivo para cada habitante

Minas consome quatro pilulas de antidepressivo para cada habitante

Estado de Minas
Minas Gerais - MG
Insônia, tristeza, angústia têm levado milhares de pessoas a consumir o clonazepam, tarja preta que causa dependência. Médicos advertem sobre incapacidade atual de lidar com frustrações

Municípios reféns de medicações para curar angústia e ansiedade de sua população. Brasileiros gastando R$ 1,8 bilhão na compra de medicamentos para remediar a depressão e alterações de humor. As pílulas, que prometem tranquilidade e felicidade rápida, podem mascarar ou ocasionar, de acordo com especialistas, males mais perigosos, como a depressão e outros transtornos mentais. O cenário levanta a questão: o que tem ocorrido com o povo alegre do Brasil, que não consegue dormir sem um medicamento e se sente cada dia mais sozinho?

Saiba mais...
Brasileiro gasta R$ 1,8 bi com antidepressivos e estabilizadores de humor
Durante muitos anos, ter qualidade de vida estava atrelado a sair dos grandes centros urbanos e se mudar para os municípios menores, onde se acreditava estar livre do estresse das capitais. Porém, na última semana, o Estado de Minas mostrou que a ansiedade, a tristeza e a angústia passaram a ser sintomas também da população do interior de Minas, onde o remédio tarja preta mais vendido no país, o clonazepam, princípio ativo do Rivotril, tem consumo alto e é usado, principalmente, para os quadros de depressão. A medicação se tornou tão comum que só em 2008 os brasileiros compraram 14 milhões de caixas do medicamento. Em Minas, em 2012, foram 76 milhões de unidades do comprimido consumidas pela rede pública, uma média de quatro pílulas para cada habitante.

O EM conheceu de perto a realidade dos moradores da cidade de Piedade dos Gerais, com 4 mil habitantes, e Bonfim, com 6 mil, ambas na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Pacatos, os lugarejos são daqueles que todos conhecem o outro pelo nome das famílias e a partir das nove da noite não se encontra mais ninguém na rua. Mas os dois municípios lideram o ranking do uso de clonazepam. O levantamento, feito pelo Sindicato dos Farmacêuticos de Minas Gerais e divulgado na sexta-feira pelo EM, apontou a explosão do remédio em 10 cidades mineiras, que juntas consumiram 15 milhões de pílulas da droga no ano passado.

“Desde que tive uma decepção amorosa, não durmo direito. Fiquei com uma ansiedade e uma angústia muito grandes, além do mais, não temos muito o que fazer em Bonfim, nos falta lazer”, comenta a moradora da cidade Luciana Vieira da Cunha, que desde 2007 toma o remédio e diz se sentir melhor com ele. “Morar no interior é bom, mas tem dias que não temos muito o que fazer, aí bate aquela ansiedade e vem a insônia”, revela Graça Francisco de Jesus Vicente, dependente da medicação há sete anos em Piedade dos Gerais.

DOENÇAS MENTAIS Os sintomas dessas populações, de acordo com o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, podem retratar um problema de todo o povo brasileiro. “Existe, sim, um alto índice de doenças mentais. Uma em cada cinco pessoas sofre de um algum transtorno da mente”, diz, acrescentando que a angústia e a ansiedade estão relacionadas ao meio em que se vive e a vida que se leva. “Nas cidades do interior não temos o trânsito, mas, em contrapartida, se bebe mais, todos os dias. Tem a ociosidade, as pessoas não praticam atividade física diariamente e nem sempre as pessoas se alimentam adequadamente”, afirma. O médico diz ainda que, “ao mesmo tempo que esses sentimentos podem atingir alguém no sertão, há quem tenha qualidade de vida em São Paulo”, a maior cidade da América do Sul, repleta de problemas como violência, barulho, trânsito em excesso, solidão e disparidades sociais.

A perda da coletividade, de acordo com o coordenador do Centro de Estudos do Medicamento da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Edson Perini, é um dos motivos para se ter uma vida mais solitária na atualidade. “Sou do tempo em que as pessoas conversavam nas praças, conheciam seus vizinhos. Hoje não há mais isso. No interior, as pessoas preferem ficar em casa assistindo a televisão, na capital elas também se fecham”, compara, criticando meios de comunicação de massa que vendem valores à essa sociedade. “Com as redes sociais, a informação em tempo veloz, as pessoas estão comprando valores. E se perdendo. Elas querem soluções rápidas e acabam usando medicações para aliviarem suas angústias, como se fossem poções mágicas.”

Para o professor de filosofia e psicologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC Minas) Robson Figueiredo Brito, uma das causas para os sintomas – angústia, vazio, sensação de solidão – que atinge desde um trabalhador rural até um empresário paulista é a dificuldade de lidar com as perdas. “É um desafio para o ser humano ter que abrir mão dos ganhos. A gente vai perdendo, e a nossa sociedade não está preparada para isso. O mundo de hoje incentiva a pessoa a ter sucesso, ser feliz e nunca perder”, comenta. Segundo ele, às vezes é mais fácil usar uma pílula da felicidade e tranquilidade instantânea a lidar com a dor, com a frustação amorosa e outros fatores. “Essa obrigação de ser feliz está tanto na capital como no interior, as pessoas passaram a não tolerar quem não esteja alegre”, diz.

CONSEQUÊNCIA Sentimentos de angústia, tristeza e ansiedade, de acordo com especialistas, são comuns no ser humano, principalmente no mundo contemporâneo. No entanto, se prolongadas por muito tempo e não tratadas, podem evoluir para quadros graves, como a depressão, o transtorno de ansiedade e outras doenças mentais. “São sintomas do ser humano, mas a pessoa tem de estar alerta a eles”, avisa o psiquiatra Fernando Portela, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Olhar multidisciplinar sobre o usuário de crack

Olhar multidisciplinar sobre o usuário de crack


Portal A Tribuna

Lizete Andreis Sebben Desembargadora TJRS

Nunca é demasiado falar do crack, seus efeitos, sintomas e danos, bem como mostrar o que existe de atual no seu combate. O crack é uma forma diferente e um modo mais rápido de levar a molécula de cocaína ao cérebro, posto que, fumada sob essa forma o vapor aspirado é rapidamente absorvido pelos pulmões, alcançando o cérebro entre seis a oito segundos. Esse, provavelmente, é um dos motivos da rápida progressão para a dependência.
 A ação no cérebro, por sua vez, se constitui numa sensação de euforia, aumento da autoestima, indiferença à dor ou ao cansaço. Seus efeitos - aceleração do coração, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, aumento da temperatura do corpo, agitação psicomotora, sudorese, tremor muscular são imediatamente sentidos depois de uma única dose.
A abstinência tem seus sintomas: fadiga, desgaste físico, prostração, tristeza, inquietação, ansiedade, intensa vontade de usar a droga - apresentados de cinco a 10 minutos após o uso.
 O uso do crack produz, ainda, danos psíquicos. Dentre eles, a contração dos vasos sanguíneos, diminuindo a oxigenação cerebral, alterando o funcionamento e a estrutura do cérebro, prejudicando a inteligência (em especial as habilidades relativas à função do planejamento, tomada de decisões, atenção), a regulagem das emoções e o controle dos impulsos.
 A par de todos esses efeitos nefastos, além de ou-tros, mostra-se muito, muito preocupante o alto índice de usuários de crack identificados por pesquisas em nosso Brasil. E, ainda, a inexistência de um modelo de procedimentos a ser adotado no tratamento desses usuários, dificultando a recuperação de dependentes da droga no país.
 Segundo o Conselho Federal de Medicina, em notícia veiculada pela Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras drogas (ABEAD), a falta de padrão no atendimento facilita as recaídas e colabora para que um terço dos consumidores morra em decorrência do vício.
 Para o diretor desse conselho, Henrique Batista e Silva, é preciso montar uma rede que seja integrada para, em conjunto, dimensionar e combater o problema de forma objetiva. Para tanto, a uniformização desses procedimentos tendentes a erradicar o uso do crack impõe ações harmônicas de gestão e políticas públicas de saúde entre os estados, os municípios e a União, em um trabalho coordenado e em sintonia, inclusive com a criação de um banco de dados dos pacientes, com informações interligadas ao Ministério da Saúde, facilitando o trabalho do médico no diagnóstico e consequente tratamento.
 O Conselho Federal de Medicina, ainda em 2011, na tentativa de estabelecer normas para tratamento, apresentou as "Diretrizes Gerais Médicas para Assistência Integral ao Usuário do Crack", em que preconiza que o período de internação para "limpeza" do organismo deve durar, no mínimo, de sete a 14 dias.
 O texto aponta indícios que devem ser investigados pela equipe médica ao ter contato com o paciente e quais remédios devem ser usados para inibir a vontade do consumo de droga. Mostra, também, a necessidade de um tratamento multidisciplinar, cuidando tanto da parte física quanto das questões psicológicas e de sociabilidade do dependente, na tentativa de prevenir recaídas. Busca, ainda, alertar a classe médica sobre o diagnóstico e a importância de uma abordagem que se estenda à família do viciado.
 Estudos revelam que a desintoxicação tem apenas a função de reduzir os danos a que o usuário está sujeito, mas ainda é considerada uma contribuição modesta. Paralelamente, é de grande importância uma reinserção social visando reduzir o índice de recaídas.
 Todas as pesquisas, diretrizes, providências e ações são sempre benéficas, mas sem esse olhar multidisciplinar - incluindo a desintoxicação, o cuidado da saúde física e psíquica do paciente, a abordagem familiar e a ressocialização -, não visualizo como equacionar esse real e atual problema social.

Internação compulsória em SP: plantão jurídico, saiba mais.

Saiba mais sobre o plantão jurídico para internação de dependentes


Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania

1) A internação compulsória está prevista em lei?
Sim. Quando a pessoa não quer se internar voluntariamente, pode-se recorrer às internações involuntária ou compulsória, definidas pela Lei Federal de Psiquiatria (Nº 10.216, de 2001).
- Internação involuntária: de acordo com a lei (10.216/01), o familiar pode solicitar a internação involuntária, desde que o pedido seja feito por escrito e aceito pelo médico psiquiatra. A lei determina que, nesses casos, os responsáveis técnicos do estabelecimento de saúde têm prazo de 72 horas para informar ao Ministério Público da comarca sobre a internação e seus motivos. O objetivo é evitar a possibilidade de esse tipo de internação ser utilizado para a prática de cárcere privado.
- Internação compulsória: neste caso não é necessária a autorização familiar. O artigo 9º da lei 10.216/01 estabelece a possibilidade da internação compulsória, sendo esta sempre determinada pelo juiz competente, depois de pedido formal, feito por um médico, atestando que a pessoa não tem domínio sobre a sua condição psicológica e física.
2) Se já está previsto por lei, qual é a novidade no que o Governo do Estado está fazendo?
O governo criou medidas para o cumprimento mais eficiente da lei. No dia 11 de janeiro de 2013, o Estado de São Paulo viabilizou uma parceria inédita no Brasil entre o Judiciário e o Executivo, entre médicos, juízes e advogados, com o  objetivo de tornar a tramitação do processo de internação compulsória (já previsto em lei) mais célere, para proteger as vidas daqueles que mais precisam. As famílias com recursos econômicos já utilizam esse mecanismo (internação involuntária) para resgatar os seus parentes das drogas. O que o Estado está fazendo, em parceria com o Judiciário, é aplicar a lei para salvar pessoas que não têm recursos e perderam totalmente os laços familiares. Essas pessoas estão abandonadas, e é obrigação do Estado tirá-las do abandono. A presença do Judiciário vai aumentar as garantias aos direitos dos dependentes químicos.
3) Quem são os parceiros do Estado e qual será a participação deles?
Foram assinados três termos de cooperação técnica: um com Tribunal de Justiça de SP para a instalação de um anexo do tribunal no CRATOD, em regime de plantão (9h às 13h, de segunda a sexta-feira), com o objetivo de atender as medidas de urgência relacionadas aos dependentes químicos em hipóteses de internação compulsória ou involuntária, com a presença inclusive de integrantes da Defensoria Pública; outro termo com o Ministério Público, com o objetivo de permitir que promotores permaneçam acompanhando o plantão do Judiciário. E um terceiro, com a OAB, para que a entidade coloque, de forma gratuita e voluntária, profissionais para fazer o atendimento e os pedidos nos casos necessários.
4) O que vai mudar agora com a parceria entre Estado e Judiciário?
Verificou-se que, se a indicação médica for pela internação compulsória, em muitos casos a demora na emissão da ordem judicial impede a equipe médica de manter o paciente no local. O processo continuará a ser iniciado pelos agentes de saúde, da mesma maneira como ocorria antes. A diferença é que, agora, representantes do Judiciário farão plantão em um equipamento médico (CRATOD). Consequentemente, a determinação judicial será mais célere. Após receber o primeiro atendimento (quando o paciente é levado de maneira voluntária ao CRATOD por um assistente social), o dependente químico será avaliado por médicos que vão oferecer o tratamento adequado. Caso a pessoa não queira ser internada, o juiz poderá determinar a internação imediata (desde que os médicos considerem que a pessoa corra risco e atestem que ela não tem domínio sobre sua condição física e psicológica).
5) Antes desta parceria entre o Estado e o Judiciário, a prefeitura já realizava internações compulsórias na cidade de São Paulo?
Sim. Dados da Secretaria Municipal de Saúde demonstram que a internação compulsória já é praticada desde que a prefeitura começou, em 2009, a Operação Centro Legal. Das cerca de 2.800 internações realizadas em equipamentos exclusivamente municipais neste período (2009/2012), a prefeitura confirma mais de 300 casos de internação compulsória (cerca de 11% do total). O processo começava com a abordagem dos agentes de saúde. Se o dependente concordasse, ele era enviado a um equipamento – no caso do município, CATS ou Complexo Prates, no caso do Estado, CRATOD –,onde médicos e uma equipe multidisciplinar decidiam qual deveria ser o processo terapêutico adotado para aquela pessoa. Em casos específicos, sempre com laudo médico, optava-se pela internação compulsória para proteger a integridade física e mental do paciente.
6) A internação compulsória será a regra a partir de agora?
Não. Casos de internação compulsória continuarão a ser exceção e não regra. A política prioritária continua sendo a internação voluntária, através do convencimento do dependente por agentes de saúde, assistentes sociais da prefeitura e integrantes da Missão Belém (ver item 16), além de outras formas de tratamento.
7) A PM terá alguma participação no processo de internação compulsória de usuários de drogas?
Não. A PM não vai recolher pessoas nas ruas para tratamento. Durante esse processo serão seguidos todos os protocolos vigentes na área de saúde e na garantia dos direitos humanos e individuais dos usuários.
8) Em caso de resistência do dependente químico, qual será o protocolo?
Nesses casos específicos, vão atuar médicos e enfermeiros treinados para essas situações.
9) Médicos especialistas em dependência química são favoráveis à internação compulsória?
Sim. Veja o que dizem alguns dos maiores especialistas do Brasil sobre o assunto:
Para Arthur Guerra, psiquiatra, professor da Faculdade de Medicina (FM) e coordenador do Grupo Interdisciplinar de Estudos sobre Álcool e Drogas: “De forma geral, a internação involuntária é um procedimento médico realizada no mundo todo há muitos anos, que obedece a critérios superobjetivos. A visão médica não vai deixar esse paciente se matar. O médico, no mundo todo, não acha que é um direito do ser humano se matar, pois entende que esse paciente está doente e tem de ser internado. Depois daquele momento de fissura e excesso, quando estiver recuperado, o paciente vai dizer: ‘Obrigado, doutor’”.
Ronaldo Laranjeira, professor titular do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP, diretor do INPAD (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e outras Drogas) do CNPq e coordenador da UNIAD (Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas): “Nos casos mais graves, a internação é a alternativa mais segura. O ideal seria que ninguém precisasse disso, mas a dependência química é uma doença que faz com que a pessoa perca o controle”.
Drauzio Varella, médico oncologista, cientista e escritor. Foi voluntário na Casa de Detenção de São Paulo (Carandiru) por treze anos e hoje atende na Penitenciária Feminina da Capital: “A internação compulsória é um recurso extremo, e não podemos ser ingênuos e dizer que o cara fica internado três meses e vira um cidadão acima de qualquer suspeita. Muitos vão retornar ao crack. Mas, pelo menos, eles têm uma chance”.
10) Qual a posição da população brasileira quanto à internação compulsória?
Pesquisa do Datafolha divulgada no dia 25 de janeiro de 2012 aponta que 90% dos brasileiros apoiam a internação involuntária de dependentes de crack.
11) O tratamento feito mediante internação involuntária ou compulsória funciona?
Sim. Segundo o National Institute on Drug Abuse (EUA), uma das instituições mais respeitadas do mundo nessa questão, funciona tanto quanto o tratamento feito quando o paciente se interna voluntariamente. Na publicação Principles of Drug Addiction Treatment: A Research-Based Guide (Princípios do Tratamento do Vício em Drogas: Um Guia Baseado em Pesquisa), o instituto apresenta quais são os princípios de um tratamento eficaz. O texto diz “o tratamento não precisa ser voluntária para ser eficaz. Sanções ou incentivos impostos pela família, ambiente de trabalho ou pelo sistema judicial podem aumentar significativamente a taxa de internação e de permanência – e finalmente o sucesso das intervenções de tratamento”.
12) A internação compulsória para dependentes de drogas é utilizada em outros países?
Sim. Doze estados norte-americanos, dentre eles a Califórnia, possuem leis específicas sobre a internação compulsória ou involuntária. A Flórida, por exemplo, tem o Marchman Act, aprovado em 1993. O Canadá tem legislação que permite o tratamento forçado de viciados em heroína. O Heroin Treatment Act foi aprovado na província de British Columbia em 1978. A lei foi contestada na Justiça, mas foi mantida posteriormente pela Suprema Corte. A Austrália possui legislação que permite aos juízes condenar ao tratamento compulsório dependentes de drogas que cometeram crimes. A Nova Zelândia também tem legislação que permite à Justiça ou à família internar um dependente compulsoriamente. A Suécia possui o Act on the Forced Treatment of Abusers, que permite a internação compulsória de dependentes que representem risco para si próprios ou para terceiros; a lei é utilizada principalmente para menores de idade.
13) A Organização Mundial de Saúde reconhece a internação compulsória como opção de tratamento?
Sim. No documento “Principles of Drug Dependence Treatment”, de 2008, a OMS considera que o tratamento de dependência de drogas, como qualquer procedimento médico, não deve ser forçado. Admite, porém, que “em situações de crise de alto risco para a pessoa ou outros, o tratamento compulsório deve ser determinado sob condições específicas e período especificado por lei”.
14) O governo do Estado está ampliando a oferta de leitos públicos para internação, seja voluntária ou compulsória?
Sim. Atualmente a Secretaria de Estadual de Saúde mantém 691 leitos públicos para dependentes químicos, dos quais 209 foram implantados na atual gestão (aumento de 43%). Outros 488 novos leitos estão em processo de implantação e devem estar disponíveis até o final de 2014, quando o Estado contará com 1.179 leitos. O Governo de São Paulo foi o primeiro do Brasil a criar clínicas com leitos públicos para internação de dependentes, processo que começou em 2010. Todos estes leitos são financiados com recursos exclusivos do governo do Estado, sem a participação do governo federal.
15) O Governo do Estado tem ampliado a oferta de abordagem social?
Desde o dia 3 de dezembro de 2012, o trabalho de abordagem social para auxiliar os dependentes a largar as drogas está sendo realizado com o apoio de 56 agentes da Associação Missão Belém. Os agentes são pessoas que já estiveram em situação de rua e dependência química e foram reinseridos socialmente pelo trabalho da própria Missão. Até o momento mais de 400 dependentes foram retirados do centro e levados para as casas de triagem da Missão. Diariamente, de 10 a 15 pessoas têm concordado em ir para as casas de triagem. Depois de passar pelas casas de triagem e por tratamento de saúde, os usuários podem ser recebidos em moradias assistidas, onde se iniciará a reinserção social. Nesta etapa, o processo conta com atividades de educação, trabalho, lazer, esporte e cultura, além de incentivo para o retorno ao convívio familiar.


Viagra, álcool e drogas: faz falhar na hora H

Jovens que recorrem a Viagra, álcool e drogas falham na Hora H


Mistura de medicamentos e bebidas, atrapalha desempenho sexual
Do R7*

Getty Images Exagero nas doses inibe estímulos excitatórios, retarda a ejaculação e, até mesmo, atrapalha o orgasmo feminino, diz especialista
Para melhorar o desempenho sexual e desfrutar dos momentos de prazer, muitos jovens recorrem a medicamentos, bebidas alcoólicas e até drogas. No entanto, o uso abusivo dessas substâncias faz com que muitos falhem na hora H.
Por insegurança e medo de não obter uma boa performance na cama, os adolescentes costumam recorrer ao “plano B”, conforme afirma a psicóloga e sexóloga Dra. Maria Claudia Lordello, do projeto Afrodite do Ambulatório de Sexualidade da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
— O álcool, por ser uma bebida depressora do sistema nervoso central, quando consumido em excesso, prejudica a capacidade física e o desempenho sexual, pois provoca moleza e sono.
Para não passar vergonha com a parceira, o público masculino também costuma utilizar estimulantes sexuais como o Viagra – medicação que favorece a ereção masculina. No entanto, a mistura do remédio com o álcool pode surtir efeito contrário, ou seja, impotência, explica o urologista Dr. Valter Javaroni, membro do Departamento de Andrologia da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia).
— Quando o usuário exagera nas doses, ele inibe os estímulos excitatórios, retarda a ejaculação e, até mesmo, atrapalha o orgasmo feminino.
De acordo com o urologista, a mistura de medicamentos para disfunção erétil com bebida alcoólica pode não causar somente a impotência, como também estimula o sexo sem os cuidados necessários para evitar as DSTs (doenças sexualmente transmissíveis), como o HIV e o HPV.
Dependência psicológica
O psicólogo Murilo Battisti, ex-conselheiro do CONAD (Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas), ressalta que essa mistura pode causar uma dependência emocional e psicológica no usuário.
— Para causar ‘boa impressão’ durante o sexo, o homem cria o hábito de tomar o estimulante sexual com álcool e isso pode se tornar um círculo vicioso. Chega um momento que ele não consegue mais ter relações sexuais “normais”.
Além disso, o uso abusivo de drogas com álcool pode trazer problemas cardiovasculares sérios, como arritmia cardíaca, pressão alta e até o infarto.
Ecstasy
As drogas ilícitas aparecem como mais uma tentativa de o homem não falhar na hora H. Entre as mais comuns, destaca-se o ecstasy, também conhecido como a droga do amor. Segundo o psicólogo, a combinação da droga com o álcool é altamente perigosa e pode deixar a pessoa mais introspectiva, desidratada e com um desempenho sexual abaixo das expectativas.  
— Essa mistura também aumenta a sensibilidade e o desejo do usuário.
Mais do que isso, o ecstasy pode causar outros efeitos colaterais graves, afirma o cardiologista Dr. Nabil Ghorayeb, médico do esporte do Hcor (Hospital do Coração).
— Há vários casos de infarto agudo do miocárdio causado pela droga. Além disso, ela leva a pessoa a ter alucinações e hipertemia – aumento da temperatura normal do corpo.
* Camila Savioli, estagiária do R7

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Surras podem aumentar chance de abuso de drogas e transtornos mentais


Surras podem aumentar as chances de transtornos mentais, diz estudo
Por Kerry Sheridan (veja.abril.com.br)

Pessoas que levaram surras na infância têm maiores chances de sofrerem de doenças mentais quando adultas, incluindo distúrbios de humor e ansiedade, além de problemas com o uso abusivo de álcool e drogas, revelaram cientistas nesta segunda-feira.
O estudo, liderado por pesquisadores canadenses, é o primeiro a examinar a relação entre problemas psicológicos e danos físicos, sem considerar agressões mais graves ou abuso sexual, para medir com mais eficácia os efeitos da punição física isoladamente.
Aqueles que apanhavam quando crianças tinham uma probabilidade entre 2% e 7% maior de sofrer de doenças mentais mais tarde, indicou a pesquisa na publicação americana Pediatrics, baseada em uma investigação com mais de 600 adultos dos Estados Unidos.
A taxa parece pequena, especialmente porque cerca de metade da população americana afirma ter apanhado na infância, No entanto, ela mostra que os castigos físicos podem trazer consequências futuras, dizem os especialistas.
"O estudo é importante porque sugere uma reflexão sobre a paternidade", afirma Victor Fornari, diretor da divisão de psiquiatria da criança e do adolescente do Sistema Único de Saúde Judaica de North Shore-Long Island, em Nova York.
A taxa "não é dramaticamente maior, mas é maior, o que sugere que o castigo físico é um fator de risco para o desenvolvimento de distúrbios mentais na idade adulta", disse Fornari, que não esteve envolvido no estudo.
Pesquisas anteriores já mostraram que crianças abusadas fisicamente tinham mais distúrbios mentais quando adultos, e têm mais chances de apresentar um comportamento agressivo que crianças que não apanharam.
Entretanto, esses estudos geralmente lidavam com abusos mais graves.
A pesquisa atual exclui abuso sexual e qualquer abuso físico que deixe hematomas, cicatrizes ou ferimentos.
Em vez disso, ele foca em outros castigos físicos, como empurrões, agarrões, tapas ou palmadas.
Dois a 5% dos entrevistados sofriam de depressão, ansiedade, transtorno bipolar, anorexia ou bulimia, o que pode ser atribuído aos castigos na infância.
Já 4% a 7% tinham problemas mais sérios, incluindo transtornos de personalidade, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e dificuldades de raciocínio.
Os pesquisadores destacaram que o estudo não pode garantir que os castigos físicos tenham sido a causa das doenças em alguns adultos, e sim que há uma ligação entre as lembranças relacionadas a essas punições e uma maior incidência de problemas mentais.
Os participantes foram perguntados: "Quando criança, com que frequência você era empurrado, agarrado, estapeado ou levava palmadas dos seus pais ou de outro adulto que vivia na sua casa?" Os que responderam "às vezes" ou mais foram incluídos na análise.
Novas pesquisas poderão se aprofundar mais no assunto. Enquanto isso, o estudo serve para lembrar que existem outras opções para disciplinar as crianças, como o reforço positivo e a proibição de algum lazer, o que é mais aconselhado pelos pediatras.
"O fato é que metade da população (americana) apanhou no passado. Há maneiras melhores de os pais disciplinarem as crianças", disse Fornari.